2020 para mim foi marcado como o ano da revolução Isekai, isso é, porque eu nunca vi tantas publicações do gênero pipocarem para todos os lados. Mais do que isso, um cenário que pouquíssimas vezes havia sido abordado anteriormente ganhou os holofotes: os otomes games, ou haréns invertidos.

Se fosse para apontar um culpado eu poderia dizer que foi a popularidade do anime “My Next Life as a Villainess: All Routes Lead to Doom!”, uma adaptação da Light Novel que já fazia burburinho na internet há alguns anos. Mas a boa recepção do anime fez com que novos títulos tivessem espaços em todos os ambientes, sejam nas LN, nos webtoons, nos manhwas, ou então em mangás, como é o caso de “I Was Reincarnated as The Villainess in an Otome Game but the boys love me anyway” (os títulos excessivamente longos também parecem ser uma característica do gênero).

O mangá também é uma adaptação de uma Novel de mesmo nome, o enredo é algo bem conhecido: Uma jovem após morrer em um acidente de trânsito acaba reencarnando como uma personagem em um otome game, aqueles jogos onde uma protagonista é cercada por personagens masculinos que lutam pelo seu amor. Entretanto, sua personagem não é qualquer uma, é Mystia Aren, a vilã! Com apenas dez anos, a protagonista se dá conta que seu futuro será sombrio se ela não começar a realizar a mudanças desde já, já que, nas rotas do jogo original a vilã sempre morre. Uma corrida contra o tempo então começa enquanto Mystia desesperadamente tenta se afastar de todos os interesses masculinos da história, mas parece que a cada decisão que ela toma, os interesses masculinos só se aproximam ainda mais!

A história original é de Sou Inaida com ilustrações de Hatipisu Wan, mas o mangá foi realizado por Ataka, e é como se fosse uma obra hibrida dos três com a novel como base principal, ainda que com alterações significativas tendo em vista a mudança de mídia.

Quando me foi dada a oportunidade de escolher um título para fazer um PG via Tokyo Pop, eu nem hesitei em optar por esse mangá, e a verdade é que eu sou uma grande fã de isekais de otome games, sendo meu gênero favorito DISPARADO nos últimos anos (eu já nem lembro quantos títulos com a mesma temática eu acompanho ao mesmo tempo…).

Como uma fã, e também alguém que consome essas obras o tempo todo, o fato do enredo não ser “original” não me incomoda em nada, eu vejo como algo muito similar as produções de ação com um personagem masculino e seus amigos vivendo altas aventuras por aí enquanto batem em caras maus. O nó que une tudo não precisa ser novo, desde que os fios que partem dele sejam de boa qualidade, e é o que temos aqui.

I Was Reincarnated as the Villainess é uma mistura natural de ilustrações belíssimas, cenas divertidas e personagens carismáticos. Eu gosto bastante como a obra não jogou todos os interesses masculinos de uma vez só, e optou por abordar o laço deles com Mystia de maneira gradual, explicando o porquê deles se interessarem por ela, e não ser um sentimento “espontâneo vindo do nada”.

Além disso, a relação dela com sua empregada pessoal, Melo, é muito boa também. Não é uma novidade em que obras de harém invertido possuam interesses femininos no meio, mas é sempre é bem vindo, tendo em vista que acrescenta mais do que diversidade, mas também diferentes perspectivas.

Aliás, falando no Diabo, de longe a Melo e o Eric são meus personagens favoritos, não que eu não goste da protagonista – muito pelo contrário – mas a construção dos dois é criativa e, pessoalmente, me agradou bastante. Não tenho preferidos ainda na corrida pelo coração da Mystia, mas os dois estão com um pouco de vantagem.

Justamente por eu ter tido a oportunidade de ler apenas o primeiro volume da obra, ainda não consegui conhecer todas as personagens, e decidir minha opinião a respeito das mesmas, mas estou ansiosa em continuar a leitura e ver que rumos serão tomados pela nossa protagonista vilã (afinal, a verdadeira protagonista nem apareceu na série ainda!).

I Was Reincarnated as the Villainess in an Otome Game but the Boys Love Me Anyway!, Volume 1, via Tokyo Pop (Imagem Divulgação)

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