Já faz um tempo que a Fase 4 da Marvel começou e o público tem se dividido quanto ao desenvolvimento da franquia, não só o último filme do Doutor Estranho foi um tanto questionável como algumas séries estão colocando em dúvida a fidelidade dos fãs quanto a Marvel, parece que cada vez mais o público da cultura pop tem se tornado nichado, e cada obra lançada se mostra mais nítido essa verdade. Thor: Amor e Trovão tenta trazer a essência Marvel escrachada para nos conquistar pela comédia, mas peca em roteiro e apresenta um filme artificial demais a ponto de estar a baixo de um blockbuster mediano.

Thor traz o puro viking espacial clássico, ou seja, extrapola no brega a ponto de transformar isso na estética principal do filme, não só em tela como em marketing também, a genialidade de Taika Waititi é colocada em prova aqui e mais uma vez é mostrado o porque ele têm que ser colocado como um dos maiores gênios da sétima arte dos tempos atuais, mas o fato disso ser algo genial, não faz dele algo grandioso para a obra, toda a estética brega cai para um lado menos expressivo e se torna quase que ignorado por completo, mas longe disso ser o único problema de toda a produção.

De tanto que Waititi revolucionou o Thor para o MCU em Thor: Ragnarok, se pede mais do que ele pode trazer desse personagem, e aqui não foi tão bem quanto se era esperado, talvez porque a fórmula é mesma, a qual já tá batida na franquia ou porque o conjunto da obra se mostrou sem sal, muitos dos personagens perdem o brilho, Thor se mantém na mesma essência que dos outros filmes, mas a história deixa a desejar e não te empolga em nenhum momento de ação, mesmo sendo um desenvolvimento bem nivelado, sem arrastar demais e nem correr, a obra fica na medida do mediano e ali se estabiliza, se ela vai conseguir te cativar de alguma maneira, vai ser de cada um, mas o conjunto da obra em si se mostrou um filme completamente esquecível.

A trilha sonora é algo bem marcante em pontos específicos e exagera no show off do Thor (Chris Hemsworth) ao estilo extravagante que se conhece dele; estávamos com saudade da versão clássica, meio esnobe e fanfarrão, é bom que isso não foi mexido, mas sinceramente apenas a primeira cena com música é a que te impacta de verdade, o decorrer da trama perde o brilho e músicas clássicas do Guns n Roses se tornam bem apagadas, trilhas mais épicas em aparições de deuses e luta com o vilão são mais marcantes de início, mas se perdem em cenas com CGI em demasia e animações não fluídas. Realmente, Waititi está fazendo sua história e é um dos maiores diretores da atualidade, o que não significa que ele não possa errar, quer gostem ou não, Marvel não é sinônimo de perfeição, pelo menos não mais.

Criticar o filme inteiro também é injustiça, certos momentos da trama se fazem grandiosos e precisam ser destacados, eu já li os quadrinhos então sabia o que aconteceria com a Jade Foster (Natalie Portman) e o porquê dela se tornar a nova Thor, mesmo assim foi magistralmente perfeito seu tempo em tela, trabalhando o drama e dando carga de emoção tremenda, Portman entregou tudo!

Gorr (Christian Bale), se tornou memorável, um vilão cruel e macabro para um filme que não se mostraria tão denso quanto a profundidade de personagem. Da origem ao fim de Gorr, não só temos uma entrega gigantesca de Bale como todo arco dele sobrepôs quase que o filme inteiro. Você compra o drama pessoal dele sem precisar defender suas atitudes, você o despreza e quer que ele seja vencido, mas ele não se mostra um vilão abaixo de outros da franquia. Aliás trago uma opinião polêmica: não tenho medo de dizer que Gorr sobrepõe Thanos no quesito atuação, fazendo dele memorável pelo seu jeito, e não pela grandiosidade como foi Thanos.

Não concordo com a ideia que uma cena pós crédito possa ser o motivo principal que esse filme deu certo, para mim é só desculpa de fãs mais enraizados da franquia comemorarem que a teoria deles estava certa, mas não vou dizer aqui por causa de spoilers.

A Fase 4 continua se mostrando uma eterna construção e já está incomodando demais, o filme mais esperado sobre o multiverso não foi tudo isso, séries questionáveis por conta de roteiro e até CGI mal feito. Agora, o filme que deveria ser o mais simples blockbuster, se mostrou o mais sem sal possível. Será que a Marvel se acomodou e está se aproveita do título de principal franquia da cultura pop ou a fonte já secou? Na minha opinião, toda franquia um dia se torna nichada, e a Marvel está encontrando esses dias.

Thor: Amor e Trovão – nova produção da Marvel Studios estreia em 7 de julho nos cinemas.

REVIEW
Thor: Amor e Trovão
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
thor-amor-e-trovao-reviewO filme apresenta Thor (Chris Hemsworth) em uma jornada diferente de tudo que ele já enfrentou: a busca pelo autoconhecimento. Mas sua aposentadoria é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses (Christian Bale), que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda do Rei Valquíria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman), que, para a surpresa dele, inexplicavelmente empunha seu martelo mágico, Mjolnir, sendo a Poderosa Thor.