Cinema é algo que vive em conflito na internet, de uma lado têm os cinéfilos que adoram ditar regra, mas que têm sua razão quanto a qualidade dos filmes, e do outro temos simplesmente fãs comuns, que não gostam de nada filosófico, tudo que exige pensar um pouco é ruim para eles, mas é esse tipo de filme que estampa a maioria dos cartazes, raramente é possível entregar as duas coisas. Mesmo assim é possível acertar essa fórmula e Oxigênio passa por essa essência cinéfila que todo mundo gosta, mas não consegue desprender da positividade e da alegria do clichê chato, condenando muito a obra e tirando boa parte da qualidade que aparentava ser um grande filme.

Aqui o gênero Sci-Fi volta para suas origens, por trabalhar toda a trama em um único cenário, acaba limitando os artifícios que poderiam ser explorados do gênero, pois muito pelo contrário, aqui temos uma câmara criogenia que já é um elemento bem Sci-Fi, muito usado para filmes que se passam no espaço ou cyberpunk, misturam com tecnologia futurista e já te ambienta que o filme se passa em um futuro distante.

Em paralelo, temos a protagonista, a doutora Elizabeth Hansen (Mélanie Laurent) que está em uma posição agoniante e completo gatilho para quem têm claustrofobia. A trama trabalha o desespero perfeitamente, a agonia sentida em tela é sentida por quem assiste, e por mais confuso que a história caminha, aos poucos ela vai desenvolvendo e consegue nos explicar cada momento sobre a realidade do filme. A protagonista passa por um exagero de flashbacks para sua construção, contudo também serve para fazer a mesa resgatar suas lembranças, por mais excessivo que seja os flashbacks, eles são curtos, breves o suficiente para te mapear sobre o ocorrido com a doutora e porque está naquela situação, tudo bem dirigido para ser uma grande obra prima, mas passa muito longe de ser.

O plot twist coloca em cheque todo o filme, alguns podem acreditar que a revelação pode jogar para uma lado mais pesado quanto a crise existencial, pois se vê algo muito mais leviano, onde a palavra chave é “substituição do indivíduo”, o tanto de gente que estava sendo levada para colonizar outro planeta, é impossível que não existia outro cientista que entendia do mesmo trabalho, claro que ela é a criadora do projeto, mas o plot twist tira o peso e o drama da protagonista por causa da verdadeira origem dela, te tirando do filme e condenando a obra, tudo para entregar uma péssima história de amor, é muito fraco se comparar o peso que o filme se mostrou ser, perde muito o brilho da direção, da bela atuação da protagonista e condena a obra por completo, a não ser que gostem de histórias de amor repetitivas, daí o filme deve ter sido bom.

A grandiosidade que resulta na mediocridade, um final fraco e clichê por causa de um plot twist duvidoso que acabou com todo o filme, Oxigênio tem suas camadas de profundidade, é reflexivo, possui elementos de terror bem trabalhados que só jogam a obra lá em cima, mas bastou um final a níveis catastróficos para destruir tudo, tanto que o final reflexivo é completamente ignorado, abafado pelo comum e o medíocre, o filme pode facilmente ser chamado de quase-obra prima a qual teve lampejos de melhor filme do ano.

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REVIEW
Oxigênio
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
oxigenio-netflixA história acompanha uma mulher que, recuperando a consciência sem qualquer conhecimento de onde ela está, se vê trancada dentro de uma câmara criogênica, amarrada dentro de uma cápsula semelhante a um caixão, com sistemas de computador monitorando cada movimento seu.