Ana Duarte
    Ana Duarte
    Jornalista. Metida a crítica audivisual. Amante da sétima arte. A garota levemente viciada em séries. Consumista de cultura POP e filmes clássicos da Disney

    EXPERIMENTE TAMBÉM

    Wolf | Primeiro Gole

    Se você tem que admirar o comprometimento — e você tem — então precisa admirar Wolf, a nova série policial da BBC. Ela é distribuída pela NBCUniversal, dos mesmos produtores de Sherlock e adaptada do sétimo livro da série de romances de Jack Caffery, escrita por Mo Hayder.

    E por que começar com o sétimo livro? Por que não? Porém, o fato é que, desde o detetive traumatizado até os vilões exagerados, Wolf está totalmente comprometida com o gênero de crime. No entanto, não espere realismo, porque você não vai encontrar.

    Em vez disso, você vai encontrar Ukweli Roach (Blindspot, Annika) no papel de Jack Caffery, um detetive da polícia de Londres que está se estabelecendo de volta em casa após alguns anos trabalhando fora.

    Roach faz um protagonista plausível, servindo como um contraponto útil à loucura que acontece ao redor. Não que Caffery não tenha sua própria parcela dessas insanidades, claro.

    Wolf – narrativas

    A primeira linha narrativa explora a história de Jack Caffery. Ele voltou recentemente a Londres após um período no País de Gales, para retomar a vigilância de Ivan Penderecki, o vizinho de seus pais. Por sua vez, este que Jack acredita ser responsável pelo sequestro e provável assassinato de seu irmão Ewan, ocorrido há 30 anos.

    O corpo de Ewan nunca foi encontrado, e Ivan tem deixado brinquedos infantis na porta de Jack desde então. É claro que essa relação não ajuda em nada com o seu psicológico.

    A segunda, mas dominante, linha narrativa envolve os assassinatos no Campo das Mulas, em Monmouthshire, que aconteceram cinco anos atrás. No entanto, à medida que outras loucuras se acumulam ao redor, o nome parece ter sido intencionalmente um aviso das repetidas inconsistências de tom que estão por vir. Assim, de uma maneira estranha e distorcida, torna-se um ponto de estabilidade em um mar cada vez mais turbulento.

    De qualquer forma, um homem chamado Minnet Kable foi condenado por esses assassinatos. Mesmo assim, Jack está cada vez mais certo de que eles pegaram o homem errado. Afinal, na época ele era policial no País de Gales, sob o comando da detetive Maia Lincoln. Assim, ele está reinvestigando semi-secretamente.

    Outra realidade

    Enquanto isso, uma família rica – Matilda Anchor-Ferrers, seu marido, Oliver, e sua filha de 22 anos, Lucia – retorna do seu apartamento em Londres para sua enorme, isolada e sem sinal casa no País de Gales, no aniversário dos assassinatos (que ideia inteligente, não é mesmo?).

    Porém, eles descobrem que estão sem linha telefônica e que várias entranhas de algo recém-abatido foram espalhadas pelo jardim. Além disso, se deparam com outros sinais que gritam: “SAIAM DAÍ AGORA, IDIOTAS!”

    Mas eles não saem. OK, isso é totalmente crível. Apenas fiquem. Tudo bem.

    Assim, dois policiais aparecem para investigar, Detetive Honey e Molina. É aqui que as coisas começam a ficar realmente estranhas. Porém, as atuações perfeitamente calibradas de Dhawan e Rheon conferem uma vibe hipnotizante que mistura Wallace & Gromit com Laranja Mecânica. Ou seja, torna-se tão absurdamente divertido que os eventos inverossímeis, os buracos na trama e o roteiro intermitentemente lamentável mal importam.

    Fora do comum

    Logo nos encontramos em um mundo de conspirações, cobras, segredos adolescentes, ferimentos horríveis, um eremita na floresta, um cão com um estômago cheio de joias, comédia de estilo camp, trabalho policial processual, sequências de sonhos e pesadelos, e cenas de tortura voyeurística.

    Então, se você não conhece o trabalho de Mo Hayder, é importante avisar que ela gosta de prolongar esses momentos, e adaptação para TV honra esse compromisso. Muitas coisas, ao que parece. Nada muito racional.

    Esta é uma história cheia de reviravoltas que grita “troca tudo!” em intervalos regulares. Dessa forma, você nunca tem certeza do que, ou de quem, está assistindo.

    Por que você está assistindo é fácil – emoções baratas, principalmente cortesia de Dhawan (Doctor Who, The Great) e Rheon (Game of Thrones, Misfits). Esses dois se divertiram muito.

    Se você achava que Dhawan foi exagerado em seu papel como O Mestre em Doctor Who… bem, você está certo, ele exagerou naquele papel, mas claramente também deixou algo no tanque para Wolf.

    Além disso, Rheon também interpreta um psicopata que age como uma criança hiperativa com um toque meio idiota, sendo o capacho de Dhawan. Ele e Dhawan fazem uma excelente dupla cômica sombria.

    Conclusão

    A NBCUniversal mandou com exclusividade os dois primeiros episódios para o Suco de Mangá e o que consigo perceber é que a abordagem de Wolf é lançar tripas suficientes na parede para ver o que gruda e o que desliza escorregadio para o chão. O suficiente para manter as coisas em movimento por episódios.

    Em termos de caso, a investigação prossegue como você esperaria (embora não de acordo com nenhum protocolo policial reconhecível).

    Tudo funciona melhor quando se inclina para seu lado exagerado, ultrajante e grotesco. Afinal, a série falha ao tentar criar compaixão ou entrar em territórios emocionais reais. Você pode ficar confuso, perder o apetite, e ser deixado com perguntas após este romance pulp, mas depois de um primeiro episódio lento, enquanto a trama se desenrola, você não deve ficar entediado.

    Tudo isso é uma maneira de dizer: persista com Wolf. Mesmo que, no final do primeiro episódio, você esteja lutando contra o tédio. Ou, mesmo que, no final do segundo, você sinta como se tivesse perdido um memorando vital ou desmaiado em algum momento.

    Wolf – Trailer

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    Jornalista. Metida a crítica audivisual. Amante da sétima arte. A garota levemente viciada em séries. Consumista de cultura POP e filmes clássicos da Disney

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