O Suco de Mangá teve a honra de entrevistar o lendário guitarrista e cantor japonês, Miyavi. Conhecido por sua habilidade com a guitarra e suas performances intensas e envolventes, Miyavi falou conosco sobre sua trajetória, sua influência na cultura japonesa e seus projetos atuais.

Em uma conversa franca e inspiradora, o músico compartilhou suas experiências e opiniões sobre a música e a arte em geral, oferecendo uma visão única do mundo criativo japonês. Vamos lá?


Esta não é sua primeira passagem pelo Brasil. Como está se sentindo sobre isso? É diferente das outras vezes?

Sabe, como sempre, quando tenho shows no Brasil, sinto o sangue da América Latina, e a paixão, e então, é o que sinto quando subo no palco e toco não importa se você conhece a música ou não, uma vez que a batida começa, todo mundo dança, grita… eu realmente aproveito o momento com o público brasileiro porque é muito musical, sabe? Às vezes eu… a gente tem dificuldade de ouvir o retorno, porque a plateia é louca, barulhenta. Então, eu sempre aproveito o tempo no Brasil, eu amo a energia do público.

Vamos falar sobre seu novo álbum, ‘No Sleep Till Tokyo’. Podemos ver muita esperança e mudança nas letras. Quais foram as situações que te inspiraram a compartilhar esse sentimento com os ouvintes?

Então, como artista, tenho tentado me expressar com a guitarra. Então, tento cantar com o violão. Para mim, a guitarra é a minha arma, é um instrumento simbólico para mim. Tenho colaborado com os rappers e cantores, e, não sou muito fã da minha voz, não é minha coisa, sabe? Mas, ao mesmo tempo, sei que muitos dos meus fãs apreciam meu canto e minhas letras. Então, para o ‘No Sleep Till Tokyo’, eu só queria fazer algo para o meu público, é isso. Eu falo inglês agora. Eu estou falando com você em inglês, mas, ao mesmo tempo, numa cabine, quando eu canto, às vezes é difícil, sabe… Mesmo que a performance seja boa, se a pronúncia não estiver certa, eu tenho que fazer de novo, é por isso que eu era meio passivo em relação a cantar em inglês. Mas desta vez, eu meio que consegui misturar inglês e japonês, porque no mundo, no mercado global, você ouve espanhol, ou coreano, ou os idiomas locais… Contanto que a qualidade da música seja boa, essas línguas diferentes só poderiam ser parte de uma singularidade única. Então, como japonês, minha missão era fazer algo distinto e único, como um tipo de coisa “Janglish”, por isso há muitas letras em japonês no álbum… Na verdade, desta vez, a turnê passou pela América do Norte, México, Canadá, muitos países da Europa, e na Ásia, e as pessoas realmente cantam junto em japonês. E esse é um cenário que quero compartilhar com meu público também, porque é uma ponte cultural. Então, eu sou a ponte, estou tentando ser uma ponte entre o Japão e o mundo inteiro.

A música pode aproximar as pessoas, e vai além da linguagem. Então, isso é ótimo. Estamos nos divertindo muito nesta turnê, tem sido uma ótima experiência… na verdade, já estou fazendo outro álbum.

Geralmente, os artistas escolhem um estilo musical para trilhar, mas você passeia em diferentes ritmos, é uma coisa sua. É fácil para você, ‘mudar de estilo’, você tem problemas para misturar todos eles ou isso é fácil para você?

Ambos, quero dizer, você sabe, é… É fácil quando vem de uma forma realmente natural, orgânica, então… No processo de fazer música, é muito, muito… Você tem que ser orgânico, não pode ser químico. Então, quando acontece de forma natural, é muito fácil, porque a resposta já está lá, é como “seguir o fluxo” igual o curso de um rio. Sem qualquer esforço extra, ou algo assim. Apenas deixe-se estar no fluxo. Claro, é sempre desafiador. Porque criar algo que você nunca viu ou ouviu, mas que você pode imaginar… tornar real é muito, muito difícil e as pessoas, os fás, só querem consumir o que já conhecem.

Sobre ‘Samurai 45’, há um verso em que você diz: “É fazer ou morrer / Como um samurai.” Eu gosto muito deste verso. Que tipo de erudição para essa mudança você trouxe para o seu trabalho com o ACNUR? Existe algum motivo específico que o levou a trabalhar com os refugiados?

Então a frase de ‘Samurai 45’, como japonês, fico muito honrado em ser chamado de “Guitarrista Samurai”. Mas, no começo, eu realmente ficava intimidado. A palavra tem um grande significado para nós japoneses, e então a atitude do estilo de vida que eles costumavam ter é realmente séria, você sabe, é realmente sólida e séria. Então, eu não sei se devo ser chamado de “samurai”. Em torno do “faça ou morra”, bem, se você fizer ou não, é isso. E se você meio que desistir, é o fim. Mesmo que para mim o mundo esteja meio em crise. Se ignorarmos, está feito. Isso vai ser feito, sabe? Talvez seja sustentável para a nossa vida. Mas e a próxima geração? Nossos filhos? E os filhos dessas crianças? É hora de decidir se faremos ou não. Então, esse é o significado dessa frase. E então, sobre a crise dos refugiados, e o envolvimento da questão dos refugiados, eu não tinha conhecimento ou experiência cinco anos atrás, mas agora sou um embaixador e estou falando sobre esse tópico na frente de vocês, e me sinto responsável, o que significa que qualquer um pode ser assim, como eu. Contanto que você enfrente e testemunhe. Isso é o que eu tenho feito. Sempre que vou, aprendo, ouço a história deles, como eles passaram por esse caminho e qual é a solução. Para ser honesto, o que a NCR tem feito não é a solução fundamental, a solução fundamental é acabar com a guerra e o conflito, e depois fazer com que cada país seja responsável por esta questão. O que a UNCR tem feito é a emergência, o resgate. Isso também é muito importante!


miyavi verinha
@sucodm / @oniverinha

Exclusiva mediada pela produtora Highway Star em sua última passagem no Brasil. Leia mais sobre seu show: Miyavi, o Samurai da Guitarra, faz show incrível em São Paulo 

Equipe Suco de Mangá

Entrevista e Captação: Verinha

Transcrição e Legendas: Jez e Malu

Tradução: Eduardo

Revisão: Bellan

Edição: Jaqueline

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