A música é um refúgio. Já escrevi bastante sobre música aqui em mais de uma ocasião, mas aqui basta isso: a música dá voz a quem não a tem, chora pelos que não choram, expressam sentimentos por aqueles que não conseguem se expressar por conta própria. É com essa descoberta que Hitori Goto decide pegar emprestado do pai uma guitarra para tentar dar um passo à frente da sua dificuldade em socializar e se expressar, em Bocchi The Rock.

Sendo assim, o anime conta a história de uma garota com enormes dificuldades para dizer o que vem à cabeça. Afinal, Hitori Goto sempre foi a garota destacada da sala de aula, isolada dos colegas, deixada de lado para comer com o professor nos piqueniques da escola. Então, num dia como qualquer outro, sentada em frente à TV, Hitori ouve um músico contando um pouco sobre si, sobre por que entrou numa banda. Rolou ali uma identificação com um músico que nunca conseguiu falar direito com os outros, mas que numa banda conseguiu ser alguém com voz própria e audível.

A expectativa dela era de fazer amigos numa banda e aliviar a solidão da própria vidinha. A realidade foi tornar-se uma guitarrista extremamente talentosa com severa fobia social. A YouTuber guitarhero (sim Guitar Hero, não estou zoando), sensação da internet com 30 mil inscritos no seu canal do YouTube, conseguiu melhorar muito na música, mas permanece isolada em casa e da escola vai direto para casa. Muitas vezes é assim mesmo; levar uma guitarra por aí não quer dizer que as pessoas vão te notar ou se aproximar.

No entanto, a mudança na vida da Hitori começará quando uma baterista desesperada por um guitarrista substituto implora para que ela toque no show marcado para aquela tarde. Nijika leva Hitori para um clube e lá ela é apresentada à Ryou, uma baixista que, como todo bom estereótipo de baixista que se preze, é calada e reservada, fazendo o tipo senpai descolada. Nesse show surpresa, Hitori descobre que acompanhada ela toca muito mal, porque seu nervosismo faz com que ela trave e não consiga entrar em sintonia com as outras membras da banda.

Bocchi The Rock
Imagem Divulgação

Vale a pena?

Como em outras pérolas do gênero garotas-ansiosas-fazendo-coisas-fofas (Olá Hitori Bocchi, cadê segunda temporada?), Bocchi The Rock é um anime obrigatório para quem gosta de música, ainda que não goste do gênero slice of life, porque aqui ela definitivamente não é deixada de escanteio. E por que isso? Por causa de seu trabalho fenomenal de direção.

Com uma excelente equipe de animadores, Keiichirou Satou, diretor que trabalhou na animação de outras obras elogiadas por fanáticos por animação (Animaniacs?) como Sonny Boy, Heike Monogatari, Wonder Egg Priority, Flip Flappers e Princess Connect, cunhou nas redes sociais o termo Bocchi The Sweep (Bocchi A Varrida), porque trata-se claramente de um dos animes mais bem trabalhados da temporada em termos de animação.

E como eu já disse em várias ocasiões que sou péssimo em verbalizar experiências audiovisuais, vocês terão que ver com os próprios olhos esse espetáculo de animação e bom humor que é Bocchi The Rock, com minha promessa de que este é um dos melhores títulos do outono de 2022 para se assistir como garantia!

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