O Bangers Open Air 2025 consolidou-se como um dos mais importantes festivais de heavy metal do Brasil, trazendo uma mistura perfeita de velhas lendas e novas sensações do cenário mundial. Com três palcos repletos de atrações durante todo o dia, o evento que aconteceu sob o céu ensolarado de maio proporcionou experiências inesquecíveis para os metalheads de plantão, desde a potência feminina das Burning Witches até o retorno triunfal do thrash clássico do Dark Angel.
Entre revelações surpreendentes como o contagiante hard rock do H.E.A.T. e a energia explosiva do Dynazty, passando pela nostalgia renovada do Matanza Ritual com Jimmy London de volta aos palcos, o festival entregou momentos memoráveis para todos os gostos. O público não apenas testemunhou performances técnicas impecáveis e setlists cuidadosamente elaborados, mas também vivenciou a aproximação genuína entre artistas e fãs que caracteriza o verdadeiro espírito do metal. Esta edição do Bangers Open Air certamente ficará marcada como uma celebração autêntica da diversidade e da força contínua do gênero.
Burning Witches Inflama o Ice Stage e Prova que Poder e Simpatia Andam Juntos
A Burning Witches foi a banda escolhida para iniciar a quebradeira do Ice Stage no sabadão ensolarado do Bangers Open Air 2025, e acho que não poderia iniciar de forma mais contagiante.

O quinteto de mulheres suiço, apesar de desfalcado por sua guitarrista fundadora, Romana Kalkuhl, por questão de licença maternidade, apresentou-se de forma divertida e explosiva com a holandesa Simone van Straten, que inclusive já tocou guitarra para o nosso Nervosa em turnês. A formação atual conta também com a guitarrista Courtney Cox, já conhecida dos fãs do heavy metal tradicional por sua atuação com o “Iron Maiden feminino”, as Iron Maidens.
Em termos de setlist, as moças já mostraram a que vieram com a poderosa “Unleash the Beast”, com a vocalista Laura Guldemond arrebentando tudo com sua potência vocal. O restante do set percorreu toda a trajetória da banda, desde 2015, com especial destaque para “Hexenhammer”, “The Spell of the Skull” e o incrível final do show, “Burning Witches”, cada qual representando um álbum de sua discografia impecável de 2017 a 2023. É uma banda que, sem dúvida, não deixa nada a desejar em comparação aos grandes nomes do heavy metal tradicional.
Curiosamente, enquanto eu curtia o show do Ensiferum perto da rodinha, notei que a Laura Guldemond e a Simone van Straten estavam brincando na roda também! Sendo assim, não pude deixar de tirar uma foto com elas! É muito legal ver que o pessoal das bandas é gente como a gente!
Dia 2 do Bangers Open Air
Burning Witches – The Spell of the Skull pic.twitter.com/AVN9egsSVC
— Suco de Mangá (@sucodm) May 9, 2025
Setlist: Burning Witches no Bangers Open Air 2025
- Unleash the Beast
- Dance With the Devil
- Maiden of Steel
- Nine Worlds
- Wings of Steel
- Hexenhammer
- The Spell of the Skull
- The Dark Tower
- Lucid Nightmare
- Burning Witches
H.E.A.T. Conquista o Brasil com Hard Rock ‘Farofa’ e Promete Voltar Logo
Eu tive algumas surpresas nesse Bangers Open Air. Confesso que o line-up de bandas, em comparação com o Summer Breeze Brasil 2024, não tinha tanta coisa que eu conhecia, e muitas das bandas eram repetidas. Uma delas, os suecos do H.E.A.T., vieram na edição de 2023, mas nem na ocasião eu dei muita bola. Que erro, meus amigos! Lá na Suécia parece que os caras têm alguma coisa diferenciada que os torna super bons em tudo que é tipo de rock e metal!

Neste caso, o H.E.A.T. vem com uma pegada firme no hard rock farofa, e já me ganharam nas primeiras notas do tecladinho de “Disaster”, música que abriu o show divulgando o novo disco, “Welcome to the Future”. Aí a letra melosa de “Emergency”, e o refrão e riffs mega grudentos do hit “Dangerous Ground” terminaram de me render à energia do grupo. E olha, considerando a resposta do público do Bangers, ganharam a todos, viu? Tanto que o frontman Kenny Leckremo tinha que tomar um fôlego e uma pausa entre cada música pra elogiar e comentar que eles querem que o Brasil seja sua segunda casa.
Leckremo também demonstrou não se acovardar diante do desafio que é igualar o poderio vocal do cara que foi o rosto do H.E.A.T. de 2010 a 2020, Erik Grönwall. Sim, antes de agraciar os vocais do Skid Row, Erik era frontman do H.E.A.T., e todos sabemos o quanto ele manda bem. Mas Leckremo, que era o vocal original da primeira formação, transitou por todos os discos da carreira da banda, destacando-se em pedradas como “Rise”, “Back to the Rhythm” e “One by One”. Eles prometeram voltar ao Brasil rapidamente, então torço para que isso se concretize o mais rápido possível!
HEAT – Dangerous Ground pic.twitter.com/WWWHj4QcJL
— Suco de Mangá (@sucodm) May 9, 2025
Setlist: H.E.A.T. no Bangers Open Air 2025
- Disaster
- Emergency
- Dangerous Ground
- Hollywood
- Rise
- Beg Beg Beg
- Back to the Rhythm
- Bad Time for Love
- 1000 Miles
- One by One
- Living on the Run
Dynazty e Nils Molin Conquistam o Brasil com sua Fusão Escandinava de Power e Hard Rock
Falando novamente em hard rock escandinavo ter um quê especial, sob o sol das 13 horas, foi a vez do Dynazty incendiar o Sun Stage. Outra banda que faz sua estreia em solo brazuca, o Dynazty apresenta uma mistura muito divertida de hard rock com heavy metal mais tradicional, regada com uma pitada de power metal. Já ficou aparente na abertura do show, com “In the Arms of a Devil”, qual é a aposta central da banda: a figura de Nils Molin, com seu vozeirão potente, que também é um dos vocalistas do Amaranthe.

Curiosamente, o Dynazty escolheu, ao invés de focar em seu disco lançado em fevereiro deste ano, o “Game of Faces”, tocar um apanhadão da segunda metade de sua discografia, de 2016 pra frente. Claro que nós pudemos ouvir “Game of Faces” e “Call of the Night”, do novo álbum, que são incríveis, mas também pudemos passar por outros hits incríveis como “Natural Born Killer” e a linda balada “Yours”.
A sequência final, no entanto, focou no álbum “The Dark Delight”, de 2020, e foi uma pedrada atrás da outra. “Presence of Mind” agitou o público do Sun Stage, e daí pra frente as incríveis “The Human Paradox” e “Heartless Madness” carregaram a boa vontade do público até o final, mesmo durante a apresentação da banda por Molin. Se tudo der certo, isso vai ser suficiente pra trazer o Dynazty de volta pras nossas terras. Ou, até mesmo, quem sabe um Amaranthe?
Dynazty – Heartless Madness pic.twitter.com/h17lHiiPNX
— Suco de Mangá (@sucodm) May 9, 2025
Dynazty – In the Arms of a Devil pic.twitter.com/3pfQ8p9tYu
— Suco de Mangá (@sucodm) May 9, 2025
Setlist: Dynazty no Bangers Open Air 2025
- In the Arms of a Devil
- Game of Faces
- Natural Born Killer
- The Grey
- Waterfall
- Yours
- Call of the Night
- Presence of Mind
- The Human Paradox
- Heartless Madness
Jimmy London e Supergrupo Nacional Provam que o Matanza Nunca Morreu
Enquanto iniciava-se a sessão de power metal nos Ice e Hot Stages, eu me preparei. A última vez que eu vi Jimmy London nos palcos foi no fatídico “último show do Matanza” lá em 2018. Desde então, a banda se separou e meio que virou duas? O restante dos integrantes do Matanza chamou o vocalista Vital Cavalcante e continuaram como Matanza Inc., enquanto Jimmy montou um tremendo supergrupo brazuca de metal: Felipe Andreoli do Angra, Antônio Araújo do Korzus e Amílcar Christófaro do Torture Squad. Esse é o Matanza Ritual.
Dado o cacife desse esquadrão, eu imaginei que veria um Matanza um pouco diferente daquele que eu vi quase dez vezes nos diversos shows do interior. Talvez um que tivesse uma pegada de metal extremo, uma coisa mais pesada, menos “countrycore” e mais “country thrash”. No entanto, o que agraciou meus ouvidos quando o Matanza Ritual entrou no palco foi uma sequência destruidora de toda a fase boa do Matanza, do mesmo jeitinho que eu sempre lembrei, com uma música emendada na outra sem parar. “Meio Psicopata”, “Remédios Demais”, “A Arte do Insulto”, todas as pauladas que eu amo firmes e fortes, como se o Matanza nunca tivesse acabado.
Claro que não ficou só nisso, afinal de contas, o Matanza Ritual acabou de lançar um disco novo. Marcando presença, as melhores do disco foram introduzidas por Jimmy: “Assim Vamos Todos Morrer”, “Lei do Mínimo Esforço” e “Nascido num Dia de Azar”. Nenhuma delas substituiu os grandes medalhões como “Pé na Porta, Soco na Cara” ou “Bom é Quando Faz Mal”, no entanto. Imaginem o meu sorriso com o público mandando o Jimmy tomar no c*, ou quando a dança inicial de “Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head” abriu uma roda imensa, ou quando Jimmy encerrou com a clássica “Ela Roubou Meu Caminhão”. Que saudade que eu estava. Mas o Matanza está mais vivo do que nunca!
Setlist: Matanza Ritual no Bangers Open Air 2025
- Meio Psicopata
- Remédios Demais
- A Arte do Insulto
- Bom é Quando Faz Mal
- O Chamado do Bar
- Eu Não Gosto de Ninguém
- Tudo Errado
- Assim Vamos Todos Morrer
- Clube dos Canalhas
- O Último Bar
- Pé na Porta, Soco na Cara
- Tempo Ruim
- Lei do Mínimo Esforço
- Nascido Num Dia de Azar
- Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head
- Ela Roubou Meu Caminhão
Dark Angel Ressurge das Trevas após 34 Anos para Celebrar o Clássico ‘Darkness Descends’ no Brasil
O Dark Angel é um caso curioso. Quem conhece a cena de thrash metal dos anos 80 sabe que nós temos o “Big 4”: Metallica, Megadeth, Anthrax, e Slayer. No entanto, nós temos uma gama vasta de outras bandas que fizeram seu impacto no gênero, inclusive saindo da própria cena da Bay Area: Exodus, Testament e Death Angel, pra nomear alguns. O Dark Angel surgiu na cidade de Downey, mas também deixou sua marca no thrash metal oitentista com o seminal álbum Darkness Descends, trazendo um estilo mais progressivo, com músicas mais longas e técnicas.

No entanto, o grupo se desfez em 1992, após lançar quatro álbuns. Desta forma, era uma daquelas bandas que nós, thrashers, jamais veríamos no Brasil. Bom, algumas reuniões depois, uma nova formação, contando inclusive com a lenda da bateria do thrash oitentista, Gene Hoglan, nos agraciou no Sun Stage do Bangers, comemorando 39 anos da gravação do Darkness Descends.
Lamentando a ausência do guitarrista Eric Meyer, que não pôde comparecer por problemas de viagem, o grupo iniciou sua apresentação com algumas de suas pancadas mais longas e intrincadas, “Time Does not Heal” e “No One Answers”. No entanto, logo focaram em Darkness Descends, abrindo uma roda absurda com “The Burning of Sodom”. Aproveitando a oportunidade, também divulgaram o que será o primeiro álbum do Dark Angel em 34 anos, “Extinction Level Event”, com sua música título. A partir daí, o setlist contou com uma celebração do Darkness Descends, fechando com as caóticas “Death is Certain (Life is Not”, “Darkness Descends” e “Perish in Flames”, com a certeza de que todo fã de thrash metal sairia dali morto, mas incrivelmente feliz. Vida longa ao Dark Angel!
Dark Angel – Darkness Descends pic.twitter.com/q9NkEa99mX
— Suco de Mangá (@sucodm) May 9, 2025
Setlist: Dark Angel no Bangers Open Air 2025
- Time Does Not Heal
- Never to Rise Again
- No One Answers
- The Burning of Sodom
- Extinction Level Event
- Merciless Death
- The Death of Innocence
- Death is Certain (Life is Not)
- Darkness Descends
- Perish in Flames