O cinema britânico conquistou seu respeito por meio de vários gêneros, mas quando se trata de Europa, se pensa em filmes mais profundos, dramáticos e reflexivos, uma mistura de detalhes que os fazem ser superiores para alguns cinéfilos e para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar.

Isso é superestimar demais a eles, pois a Europa também teve produções desastrosas, como A Rota Selvagem, que preferiu apresentar tantas histórias em um filme só que o único sentimento a sentir foi irritação e tristeza por tudo que foi visto em tela.

A Rota Selvagem
A Rota Selvagem (Imagem Divulgação)

Lutar por comida!

Logo de início, o filme já mostra um arco um tanto comum, uma família de pai e filho apenas, morando em uma casa no interior dos EUA, e lutam por comida na mesa, realidade vivida por muitos, a sobrevivência diária de pagar dívidas e se sustentar.

Esse é só o pontapé para inúmeros arcos na trama que seria considerado aleatórios se não estivessem perfeitamente amarrados, mais uma vez um toque de realidade, dizendo que nem a mais baralhada luta chega a uma vitória, e de tantos acontecimentos, o garoto Charlie, vivido por Charlie Plummer, passa por uma transformação que pode parecer impactante para muitos, mas que é algo completamente comum na sociedade, onde seus objetivos não são alcançados e ele tem que buscar a última esperança que sobrou, o que não significa uma grande satisfação. A perda de pessoas próximas, o modo como ele teve que se virar no mundo a fora mostrou a distopia de uma pessoa independente, deixando sequelas permanentes em Charlie, do jeito que se enxergava um personagem inocente e imaturo, resulta nele com uma personalidade mais fria e quebrada, um desenvolvimento tão genial e escondido que requer uma grande discussão e interpretação após o término do filme.

A Rota Selvagem
A Rota Selvagem (Imagem Divulgação)

Roteiro que tenta impactar…

Porém essa interpretação é algo completamente oculto, pois a história caminha em passos lentos, arrastando ao ponto de não aguentar mais o que está sendo visto, os olhos começam a ignorar a tela, o pensamento foca em outras coisas menos o filme, a linha tênue do roteiro é incômoda e chateia a ponto de querer mudar de canal se fosse na televisão, alguns acontecimentos tentam impactar, mas a atenção já está completamente perdida que a cena forte não funciona, o sentimentalismo é zero, nada do que acontece de ruim com Charlie atinge quem está assistindo, mesmo o nível dramático no ponto certo, não convence em nada.

Uma falha gigante nesse filme são os buracos de roteiro que deveriam ser chamados de crateras, as quais nem a maior suspensão de descrença salva, o emocional de Charlie é confuso, uma criança quieta e contida, traz aquela ideologia que a pessoa mais quieta é a que mais sente, porém não ficou claro, a personalidade consegue sobrepor o próprio protagonista, mais um furo altamente destacável é a enorme confiança em desconhecidos, aparentou ser um mundo muito pacífico e harmonioso, mesmo na cenas dos moradores de rua, onde acontece o único grande e óbvio conflito de toda a trama, tudo isso esconde por completo a mensagem do filme, a qual é sensacional e realista, o fracasso é iminente e mais dificuldades podem surgir, depois de tudo isso, quem sabe um dia algo relativamente bom pode acontecer, parece pessimismo, porém é a realidade de muitos no mundo.

A Rota Selvagem
A Rota Selvagem (Imagem Divulgação)

Interpretativo e Profundo

Uma genialidade apagada pela monotonia em tela, coloca A Rota Selvagem na categoria cult, a qual apenas os mais interpretativos e profundos irão entender a mensagem, isso não é uma discussão de inteligência, e sim de ver através do que está sendo mostrado, o qual pouquíssimas pessoas irão conseguir esse feito, muito por culpa do desinteresse iminente que baterá a quem estiver assistindo.

Seja lá qual for o raciocínio de cada um, A Rota Selvagem é uma verdadeira dor de cabeça e um belo de um sonífero até para os mais pensativos.

REVIEW
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
a-rota-selvagem-reviewO jovem Charley Thompson (Charlie Plummer), de 15 anos, chega a Portland com seu pai solteiro, Ray (Travis Fimmel), onde encontra uma oportunidade de trabalho na pista de corrida local, cuidando dos cavalos. Ali, ele se apega a um dos animais, chamado Lean On Pete, que se torna seu companheiro de viagem numa odisseia pela nova fronteira americana, em busca de uma tia que há muito tempo Charley não vê.