Se você é jogador de RPG, já leu Junji Ito, já viu algo sobre horror psicológico ou se já ouviu algo sobre um tal de Cthulhu, então você sabe quem é ele. Criador do subgênero horror cósmico e famoso escritor americano, H. P. Lovecraft com certeza já deu as caras na sua vida em algum momento. De qualquer forma, se você ainda não conhece nenhuma obra do autor, hoje vamos dar um passeio Nas Montanhas da Loucura dele.

Primeiramente publicado em 1936, agora a Editora DarkSide traz a versão definitiva da história, ilustrada por François Baranger. Inclusive, quando eu digo ilustrada é ilustrada mesmo, não apenas com uma ou outra arte. Essa edição tem todas as páginas estilizadas e coloridas com os desenhos incríveis e impecáveis de Baranger.

Além disso, com o formato maiorzinho do livro (23x30cm) nós conseguimos ver detalhes lindos e realmente emergir no enredo. Ele tem capa dura e é todo impresso em papel couché, o que dá um acabamento digno de colecionador — e cá entre nós, tem um cheirinho de livro novo maravilhoso.

Nas Montanhas da Loucura Darkside review
Capa – Nas Montanhas da Loucura | Divulgação: DarkSide | Foto: Suco de Mangá

Enfim, agora que já exaltamos um pouco da publicação em si, vamos ao que interessa!

Uma Expedição no Continente Congelado

Bom, Nas Montanhas da Loucura conhecemos Dyer, um geólogo que se vê obrigado a contar uma história que até então estava guardada a sete chaves. Na verdade, ele está — quase desesperadamente — tentando convencer outros pesquisadores a cancelarem uma expedição à Antártida.

Então, por meio de cartas, Dyer começa a contar sua própria experiência no continente de gelo, ressaltando que está fazendo isso a contragosto. No entanto, para tentar salvar a vida dos colegas e, supostamente, do curso da humanidade, Dyer terá que revelar os horrores que aconteceram naquelas montanhas de gelo.

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Dyer escreve suas cartas apelativas | Divulgação: DarkSide | Foto: Suco de Mangá

Com relatos detalhados e amedrontados, o geólogo conta sobre sua expedição com um vasto grupo de pesquisadores à Antártida. O objetivo da expedição era coletar amostras de fósseis, solo e outros materiais que pudessem contar um pouco sobre o passado do continente.

Então, fascinados com a descoberta de uma rocha com padrões misteriosos, a expedição se dividiu em dois grupos, que se comunicavam apenas via rádio. Dyer seguiria o planejamento, enquanto Lake e seu grupo iria atrás de mais pistas e respostas para aquela rocha enigmática.

Assim, Lake descobre uma enorme caverna subterrânea com incontáveis fósseis de animais e plantas de milhares de anos atrás. Empolgado com a descoberta, ele continua escavando até encontrar algo que nem todos os pesquisadores juntos poderiam desvendar. Uma criatura ancestral, com couraça grossa, mas flexibilidade fenomenal. Que podia ser um animal, mas tinha características vegetais. Com tentáculos, mas também poderosas asas.

No entanto, depois de uma noite verdadeiramente turbulenta, eles perceberam que não se deve trazer à superfície algo que o tempo e a natureza fizeram questão de enterrar.

Assista abaixo nosso REELS:

O Horror Cósmico de Lovecraft

Como eu falei acima, Lovecraft é o criador do horror cósmico. Este subgênero causa medo a partir da pequinês insignificante e da ignorância humana. Ou seja, nos lembra como somos pequenos no cosmos, como desconhecemos o que há fora do nosso planeta, que desconhecemos seres colossais que já pisaram onde hoje pisamos.

Além disso, ele traz medos psicológicos e um suspense crescente que te deixam aflito sem precisar de jump scare ou fantasmas cadavéricos. Enfim, temos uma matéria sobre isso que vai te explicar muito melhor e ainda dar alguns exemplos de horror cósmico, basta clicar no link abaixo.

Além disso, talvez você se interesse também pelas obras de Junji Ito, que já declarou se inspirar em Lovecraft para escrever seus mangás.

De qualquer forma, o horror cósmico é algo que você vai ler e não vai ter muita certeza do que você tem que imaginar. Por exemplo, Lovecraft passa pelo menos duas páginas descrevendo a tal criatura em detalhes, mas ainda assim ela não fica nítida na nossa mente. Isso, claro, é proposital, pois o gênero aborda coisas que estão além da compreensão humana. Ele tem o objetivo de nos incomodar com as nossas limitações mundanas.

Nas Montanhas da Loucura Darkside review
As cenas horríveis encontradas no acampamento | Divulgação: DarkSide | Foto: Suco de Mangá

Pensando nisso, as ilustrações de Baranger beiram a perfeição. Isso porque elas mostram a cena, os personagens, as criaturas, o cenário, as montanhas, mas não nos entrega os mínimos detalhes. Mesmo com o desenho literalmente na nossa cara, ainda temos a sensação esquisita de não conseguir formular uma imagem nítida na mente. Ainda sobra espaço pra nossa imaginação preencher as lacunas.

A Obra e seu Autor

Indo direto ao ponto, apesar de ser um grande autor, Lovecraft passava longe de ser uma pessoa muito decente. Abertamente racista e supremacista, o autor discriminava uma série de minorias, o que hoje em dia o colocaria — com razão — na prisão.

Porém, sem esquecer ou tentar abafar isso, a editora DarkSide deixou uma Nota do Editor em que aborda o assunto. Nela, a DarkSide deixa claro e se posiciona contra o posicionamento criminoso do autor. Gostaria apenas de deixar registrado a informação neste Review e reforçar que, apesar da qualidade das obras, devemos saber quem as escreveu.

Considerações Finais

Agora, para finalizar, digo que eu revirei o livro atrás de mais páginas quando ele acabou. Quando eu li a última linha pensei que não podia terminar ali, fiquei com aquela sensação de final que não acabou. Apesar de meio frustrada, liguei alguns pontos e me conformei, mas acho que ele podia ter escrito mais uns dois ou três parágrafos pra deixar mais polidinho.

Nas Montanhas da Loucura Darkside review
Chegando no continente de gelo | Divulgação: DarkSide | Foto: Suco de Mangá

Enfim, de maneira geral, eu amei ler Nas Montanhas da Loucura. Foi um livro que eu não queria parar de ler e quando parava ficava imaginando o que viria a seguir. O suspense eminente, o terror do protagonista, as descrições e imagens da Antártida e suas montanhas insanas, tudo se juntou num conto instigante e curioso.

Além disso, o livro em si é ótimo, tem poucas páginas, a qualidade da impressão é maravilhosa e o papel valoriza muito. Apesar da letra ser um pouco menor do que o padrão, não é algo que atrapalha a leitura. Na verdade, ela deixa mais espaço para as ilustrações e deixa a leitura mais dinâmica.

Resumindo, Nas Montanhas da Loucura é uma leitura quase obrigatória se você consome conteúdos relacionados a horror cósmico (seja games, animes, mangás, filmes, RPG). Assim como O Chamado de Cthulhu — outra publicação recém saída do forno da DarkSide — este livro vai te levar numa jornada amarga, viciante e diferente de tudo que você já viu. Então, pegue seu Necronomicon e vamos conhecer algumas criaturas malignas que foram erroneamente despertadas!

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As Montanhas da Loucura | Divulgação: DarkSide | Foto: Suco de Mangá

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REVIEW
Nas Montanhas da Loucura
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Jaqueline
Um pouco avoada, a doida das teorias da conspiração e leitora compulsiva do Nome do Vento. Adoro escrever sobre aleatoriedades, observar a natureza e ser engraçadinha em momentos impróprios, afinal esse é meu jeito ninja de ser.
nas-montanhas-da-loucura-reviewA história começa na cidade fictícia de Arkham, em 1933. O professor Dyer, um eminente geólogo, descobre que em breve uma expedição científica partirá para a com a ambição de seguir os passos da expedição que ele mesmo liderou em 1931. Na esperança de impedir essa tentativa, Dyer decide fazer um relato completo dos trágicos eventos aos quais sobreviveu, desta vez sem omitir as passagens que havia descartado em seu retorno, por medo de ser tomado por louco.Dois anos antes, navios fretados pela Universidade de Miskatonic haviam desembarcado no continente congelado no início do verão austral, e o contingente de quatro professores e dezesseis alunos imediatamente começou a trabalhar.Os primeiros resultados não tardaram a chegar e o biólogo da expedição, professor Lake, partiu com vários membros da equipe para seguir uma promissora trilha fossilífera.