Bem-vindos ao Vintage et Underrated, a coluna que une o antigo que não sai de moda e o underground que todo mundo adora, ou deveria. Pra hoje, vamos falar de um dos meus mangás góticos prediletos de todos os tempos: Conde Cain. Infelizmente não tem anime, mas vale 100% a pena ler.

Sobre a Obra

Conde Cain é mais uma obra da aclamada mangaká Kaori Yuki (Angel Sanctuary, Alice in Murderland). O mangá, do gênero drama e suspense, foi lançado pela Hakusensha no Japão e mais tarde pela Panini aqui no Brasil.

As primeiras publicações de Conde Cain apresentavam alguns contos específicos, mas não necessariamente relacionados uns com os outros. Só em 2001 a autora começou a lançar o arco “God Child” que interligava as histórias anteriores (de certa forma) com uma misteriosa seita ocultista vitoriana.

É preciso lembrar que quem escreveu Conde Cain foi ninguém menos que a criadora de Angel Sanctuary. Então, considerando principalmente o fato de se passar na Era Vitoriana, se prepare para um bocado de tabus, lendas urbanas, enxertos mitológicos e muita referência de época.

A arte, como já é de esperar, é nada menos que impecável. A autora parece ter um dom para criar personagens com visuais que demarcam bem a personalidade e as emoções em cada estágio da história.

O enredo é uma mistura de Sherlock Holmes, Oscar Wilde e Nelson Rodrigues (se você não conhece qualquer um deles, vale a pena procurar). Ou seja, com todo o tipo de absurdo que você consegue imaginar e desfechos sensacionais para cada caso investigado.

Eu admito que apesar de ADORAR esse mangá, a conclusão do God Child me deixou bem decepcionada se for comparar com o restante da trama desse arco. De forma geral, me pareceu um pouquinho preguiçoso, mas não diminui a incrível experiência que é ler o mangá.

Pontos Sensíveis

É importante também ressaltar que essa obra pode apertar os gatilhos de algumas pessoas, já que possui conteúdos como: abuso infantil, suicídio, indução ao uso de drogas, violência doméstica, abandono familiar, incesto, tortura entre outros tantos que eram bem normais na Inglaterra do século XIX e que a autora não fez questão NENHUMA de esconder (assim como no Angel Sanctuary, diga-se de passagem…).

Algumas abordagens são até bem chocantes quando você para pra pensar que algumas histórias ali são baseadas em histórias “reais” da época. Uma das histórias mais tristes, na minha opinião, sobre os dois irmãos que morreram queimados tem inspirações em uma notícia antiga com uma história bem parecida.

Uma observação super interessante, super num estilo CLAMP, é que em Conde Cain vira e mexe os personagens masculinos dão a entender que tem interesse no protagonista. Afinal, o rapaz tem a típica beleza andrógina que todo mangá destinado para público feminino meio que precisa ter.

A Panini traduziu o mangá no Brasil, inclusive incluindo várias curiosidades no rodapé sobre a época em que o mangá se passa. Então, vale super a pena dar uma lida não só pela história, mas também pelo conteúdo inútil que você aprende sobre o período e sobre a Inglaterra em si.

Pontos positivos

  • Artes de tirar o fôlego
  • Mistérios e enredo bem elaborados
  • Notas de rodapé sobre sociedade e a cultura da época

Pontos negativos

  • O final de God Child é bem água de salsicha
  • Personagens visualmente muito parecidos uns com os outros
  • Algumas pequenas pontas ficam meio soltas ao longo do mangá
Conde Cain
Imagem Divulgação

Sinopse: O mangá conta as aventuras do conde Cain Hargreaves e suas investigações sobre eventos sobrenaturais e misteriosos, sociedades secretas e outros acontecimentos que rodeiam a alta sociedade londrina e sua própria história familiar junto à sua irmã Marryweather e seu fiel mordomo Riffael.