Ari Aster, diretor responsável por Hereditário e Midsommar desconforta e, em alguns momentos diverte o público com seu novo filme, Beau Tem Medo. Um filme de humor surreal, com pitadas de terror que enlouque o protagonista e o público, mas talvez não agrade a todos. Acompanhe agora o Review do Suco de Mangá.
Enredo de Beau Tem Medo
Primeiramente, o título do filme levanta a pergunta: qual é o medo de Beau? Com poucos minutos de tela, é evidente que o personagem protagonizado por Joaquin Phoenix tem medo da própria mãe — mesmo que a ame.
Então, esse aspecto da sua personalidade faz com que Beau se afaste de sua mãe, Mona Wasserman (Patti LuPone). Entretanto, graças a um plano muito bem arquitetado por ela, ele é obrigado a ir à cidade onde ela vive e a insana e implacável viagem, regada a culpa e alucinações, começa.
Uma viagem louca e implacável
Resumindo, invadem o apartamento de Beau, ele sofre um acidente de carro e é esfaqueado em seguida. Tem mais: ele conhece uma família complicada, é perseguido, encontra um grupo de pessoas que vive em uma floresta, assiste uma peça teatral, é eletrocutado, foge e, por fim, consegue uma carona até onde precisa ir. Acho que não esqueci de nada.
Todos esses momentos são projeções dos problemas psicológicos do protagonista e, às vezes, flashbacks que reforçam os problemas com sua mãe controladora cortam a cena.
Sendo assim, é uma fantasia louca e incessante, como se a implacável viagem gritasse: não é fácil confrontar as questões que mais afetam a sua vida. Visualmente isso é demonstrado pelos constantes machucados que Beau sofre.
Estética do filme
Paweł Pogorzelski, que já colaborou com Ari Aster em outros filmes do diretor, é responsável pela fotografia do filme e é um dos destaques da produção. Além disso, as cores falam muito sobre a atual situação do personagem.
Afinal, tons claros em momentos de suposta segurança contrastam com o vermelho do sangue e lembram que essa paz pode acabar a qualquer momento. E acaba.
Veredito
É um filme louco. Muito louco. Particularmente eu gosto desse toque “absurdista” que questiona o real e o fictício. Assim, foi uma experiência diferente e que estava sentindo falta, mas os absurdos usados como alegorias, por vezes, duram tempo demais e, mesmo que o desfecho de cada um surpreenda, podem cansar.
Sendo assim, Beau Tem Medo gira em torno da fantasia louca, a qual questiono até o momento que escrevo esse texto se tudo aquilo realmente aconteceu ou não. Cabe a cada um decidir, mas é um filme que não agradará todos.