Contar histórias é uma tradição milenar que entretém, educa, mantém culturas vivas e surpreende. Pensando nisso, Tchia, jogo desenvolvido pela Awaceb, é uma bela surpresa ao retratar uma cultura tão diferente.

Os fundadores do estúdio, Thierry Boura e Phil Crifo, são originários desse território. Sendo assim, o objetivo e o título buscam mostrar aos jogadores como é explorar as ilhas que compõe o território onde cresceram e alcança o resultado sem esforço. O jogo encanta pela beleza visual e mecânicas.

Tchia, uma história sobre conexão

Ao redor das bruxuleantes luzes de uma fogueira feita de pixels, uma senhora começa a narrar a aventura de Tchia. Nesse momento os jogadores são transportados para o início da aventura em uma pequena, charmosa e pacífica ilha.

Entretanto, a paz não demora muito para acabar e o pai da protagonista é sequestrado, o que a faz descobrir ser capaz de controlar a alma de objetos inanimados e animais, vendo o mundo por outras perspectivas.

Isso dá início a jornada, em outra ilha, onde você começa a se conectar com os habitantes das ilhas fictícias que compõe o arquipélago. Cada uma delas com personagens diferentes e costumes diferentes, todos baseados na cultura e folclore da Nova Caledônia.

Conexão com a Nova Caledônia

É comum reconhecer idiomas quando estamos vendo um filme ou jogando algo, mesmo que você não fale essa língua, já que vivemos em um mundo conectado. Entretanto, a Awaceb tinha uma dificuldade para a produção: a língua Drehu.

Para contar a questão, a equipe viajou até o local a fim de conhecer de perto a cultura e gravar as falas com habitantes locais, mostrando o cuidado com a representação cultural. Vale a pena conhecer a minissérie da PlayStation que acompanhou os devs.

Kanak

A principal influência é o povo indígena Kanak, que compõe maior parte da população local. As vestes, comida, música, dança e artesanato feito com bambus, pedras e madeiras são partes importantes do jogo.

Principais características de Tchia

Tchia conta com diversas formas de gameplay: navegação, escalada, soul-jumping, exploração, música, stealth e combate. No entanto, combate é uma das características menos utilizadas, portanto se você espera ação, pode se decepcionar com o jogo.

A escolha da equipe de desenvolvimento em tirar o foco do combate é um respiro necessário e cai como uma luva em Tchia, permitindo focar no que realmente importa, a exploração e cultura da região.

Música

Em diversos momentos o jogo se torna um musical, onde o jogador precisa acertar notas no tempo certo para curtir a experiência e se conectar com os costumes, diferentes em cada ilha que compõe o mapa.

Tal qual The Last of Us Part II fez em 2020, Tchia permite que o jogador toque as notas utilizando o touchpad do PlayStation, um pequeno de detalhe que torna a experiência mais interessante. No PC, o jogador precisa movimentar o mouse e clicar na hora certa, o que não é tão interativo assim — longe de estragar a experiência.

Tchia
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Customização

Outro ponto interessante do título é a extensa lista de customização: roupas, acessórios e pinturas corporais. Esse aspecto não impacta a gameplay já que não dá atributos, serve apenas como forma de representar a cultura.

Tchia
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Tchia e o mundo aberto

Mundo aberto é um estilo de jogo saturado na indústria e é engraçado falar sobre ele em Tchia. A liberação de áreas controladas pelo inimigo, descobrir pontos de interesse no mapa e segredos estão presentes no jogo da Awaceb.

Mesmo assim, existe um frescor e o motivo é a mecânica de soul-jumping. Com ela, o jogador pode controlar objetos para interagir com o mundo e navegar por ele de diversas formas.

Tchia
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Cada animal tem uma habilidade diferente, que pode ajudar em missões ou chegar de um ponto a outro de diferentes formas. É possível apreciar montanhas, lagos, mares, céu, mangues e mais com as diferentes formas de vida, transformando a experiência em jogo de mundo aberto impactante.

Veredito

Tchia é uma experiência refrescante por apresentar uma cultura diferente e faz o jogador se conectar com ela de maneira eficiente. Todas as características do jogo giram em torno da Nova Caledônia e o carinho dos desenvolvedores é sentido em cada uma delas.

REVIEW
Tchia
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Rodrigo Folter
Jornalista gamer ou gamer jornalista, as duas características costumam se entrelaçar. Nasci em São Paulo e morei alguns anos no litoral antes de voltar à capital e me formar em Comunicação Social pela FIAM-FAAM. Crio conteúdo sobre games, cinema e tecnologia desde 2017 e fui co-autor do livro "Cinema Virado ao Avesso: Erotismo, Poesia e Devaneios", além de palestrar em algumas universidades de vez em quando.Nas horas vagas estou jogando viajando, jogando Overwatch, LoL ou brincando com meu gato.
tchia-reviewAcompanhe Tchia em uma aventura tropical de mundo aberto para resgatar seu pai do tirano Meavora, governante do arquipélago. Escale, plane, nade e navegue seu barco por belas ilhas enquanto explora um mundo aberto de física realista. Enfrente os soldados de pano criados por Meavora em combates livres onde o que manda é a criatividade. Controle qualquer animal ou objeto que encontrar, faça novos amigos e toque seu ukulele. Uma história poética de amadurecimento inspirada na Nova Caledônia.