Baraldi
    Baraldi
    Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.

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    Se a Rua Beale Falasse | Review

    Da vasta lista de indicados do Oscar 2019, outro filme com tons alegres e mensagem positiva aparece nas telas de cinema, Se a Rua Beale Falasse transforma a experiência desse filme em uma junção de sentimentos de felicidade e tristeza que vão se alternando em amor e ódio ao caminhar da trama, te faz degustar de várias maneiras o que está sendo assistido, mas que se perde em construções paralelas e te desconectam por alguns momentos, fazendo essa maravilhosa produção ser mais um roteiro romântico novelesco.

    se a rua beale falasse
    Se A Rua Beale Falasse (Imagem Divulgação)

    A volta de Barry Jenkins

    Na direção temos Barry Jenkins, e vocês podem não conhecer esse nome, mas já deve ter assistido seu outro filme, Moonlight, o ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2017, que mostra um padrão de história cult, misturando elementos raciais e homossexuais, agindo em perfeito equilíbrio com o desenvolvimento da trama.

    Em Se a Rua Beale Falasse, Barry quis trabalhar mesmos padrões, porém em uma base mais leve e divertida que beira o blockbuster, mas engana pela presença de um elemento que aparece em apenas um momento de cena e com isso foi o suficiente para fazer a base da trama desenvolver a história, o racismo.

    Dessa vez o estilo cult foi omisso, se vê um filme muito mais divertido e alegre, o qual te cativa em um romance que beira o meloso, mas que consegue atingir pessoas mais sensíveis, apresenta uma família humilde que está unida em todo momento, trazendo mensagens lindas e acolhedoras para pessoas que passam por algum problema pessoal, pois toda essa alegria ainda está baseada em algo delicado como o racismo, mostrando que o mundo é isso, apenas siga em frente, uma realidade trazida visualmente de forma positiva, mas deixa à mostra essa fenda que pode colocar em cheque toda uma base familiar humilde, ruir por completo a estabilidade de um negro de classe média baixa.

    se a rua beale falasse
    Se A Rua Beale Falasse (Imagem Divulgação)

    Equilíbrio entre a simplicidade e densidade

    Poderia ser tudo bem detalhado e costurado, um novo equilíbrio entre simplicidade e densidade já apresentada por Barry Jenkins, mas dessa vez a mão foi perdida no roteiro, a construção de algumas cenas se mostram longas para trazer um sentimento de dor e tristeza por mais um negro injustiçado pelo racismo, mas ela acaba se transformando em uma grande barriga por culpa do próprio roteiro.

    Outras construções foram feitas de forma mais breve e objetiva, utilizando apenas atuações físicas do que diálogos afiados, que apresentaram muito melhor uma cena desse gênero ao invés de um personagem sentado e apenas contando a história de seu problema referente ao racismo, apenas em uma frase ele define esse conflito e todo o sentimento de ódio e tristeza teria se concretizado: “A polícia me prendeu por porte ilegal de drogas e roubo de carro, sendo que eu nem dirijo”.

    Seria mais breve e a insatisfação tomaria a cabeça e o coração de quem está assistindo, mas preferiram usar quase que oito a nove minutos de cena com dois personagens conversando e travando a trama para algo que poderia ser breve, foi apenas uma cena, mas ela consegue te tirar do filme quase que por completo.

    Mesmo com essa falha, o elenco foi um grande salvador desse filme, o casal de Stephen James como Fonny e Kiki Layne como Tish se mostra mais um casal de filme hollywoodiano, estilo cafona, clichês românticos e dramatização comum de amor meloso, antes fosse isso uma crítica negativa, na verdade é um ponto positivo, pois o filme é leve, comum e sem grandes surpresas, ainda sim apresenta uma mensagem profunda e trabalhada em um problema real da sociedade, desenvolve toda a história em apenas um ponto, ou seja, seja de forma superficial ou interpretado como um protesto ao racismo, o filme funciona e acerta em cheio.

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    Se A Rua Beale Falasse (Imagem Divulgação)

    Representatividade 

    Se a Rua Beale Falasse pode ser um filme perfeito ou mais uma produção repetida de Hollywood, as opiniões podem diferir de acordo com o sentimento e raciocínio de cada um.

    Gostos a parte, esse filme está na lista do Oscar por merecimento, talvez se apresente muito comum se comparar aos outros da lista, mas não fica atrás pela genialidade e grande nome de Barry Jenkins e elenco que estão construindo uma carreira de sucesso em Hollywood, talentos que devem ser exaltados e aumentar a representatividade de negros em uma indústria muito caucasiana.

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    Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.

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