A Universal TV estréia sua nova temporada de Rotas do Ódio. A série nacional que estreou em 2018 foi chamada de um soco no estômago necessário sobre o dia a dia do brasileiro, rodando elementos conhecidos no mundo real como skinheads, homofobia e xenofobia.

A terceira temporada deve manter o mesmo nível de suspense e intensidade que as outras duas conseguiram impactar no público, dessa vez destacando a discussão do preconceito e homicídios contra trans, a série continua te socando no estômago.

Conflitos

Seguindo a trama já conhecida da série, o primeiro episódio da terceira temporada já te coloca no conflito de imigrantes ilegais e trabalha na ideologia skinhead trabalhada nas duas primeiras temporadas, antes mesmo do crime acontecer, mantém-se o ponto mais forte da série, refletir toda a trama enquanto se conta a história, acrescentando personagens solidários ao imigrante que luta por uma vida melhor, contudo muito dessa luta passa por cima da legislação, o que coloca a polícia em ação.

Porém, a delegada Carolina (Mayana Neiva) é a ativista que todos se identificam, te colocando naquele conflito de seguir a lei à risca, mas ainda pesar para o lado dos imigrantes e das trans, no começo da terceira temporada já te coloca de volta nisso, dessa vez em um crime envolvendo os skinheads fora do território de “jurisdição” deles, mantendo a parte criminal em segundo plano, e a discussão polícia contra povo constrói a trama, logicamente contextualizando o episódio, e nisso a série se mantém nesses trilhos, para não parecer mais uma série de suspense criminal.

Realidade próxima do paulista

Em coletiva, direção e elenco destacou o foco da série em geral, apontando o fato que tudo que a série traz é um ponto que fala mais alto em São Paulo, quem mora aqui sabe muito bem que homofobia, machismo, racismo e qualquer outro preconceito explode como se fosse uma bomba nuclear, provando a falta de empatia para o próximo, isso não só no Brasil como no mundo inteiro.

A atriz Renata Peron lembra de quando ela sofreu na mão de skinheads e perdeu um rim por isso, sendo uma trans na cidade de São Paulo, a luta para crescimento pessoal e profissional é difícil, e graças às portas que essa série abriu, a atriz começou uma faculdade, como a mesma disse em coletiva: “Se não ouvir a história do próximo, nunca entenderá o que o próximo está sentindo, o povo que diz que é ‘mimimi’, não têm empatia”, eis que vem o principal ponto da série que se compara a realidade.

Por trazer elementos de policia opressora, direitos humanos como maior destaque e pessoas trazendo argumentos ignorantes que estão inclusos na série, destacando a falta de empatia, gerou a pergunta sobre um possível boicote da série por trazer esses elementos, ou como muitos conservadores popularmente dizem, “lacradora”, tanto a diretora Susanna Lira, quanto o elenco da série, destacou que a arte é uma provocação e uma reflexão, lembrando que todos são seres humanos, ou seja, todos conseguem sensibilizar a uma história desse tipo, ainda destacado que o lado de quem defende os direitos humanos ainda é maioria, por mais que aparente defesa de ideologia, o foco de Rotas do Ódio ainda é a reflexão, alguns personagens trazem uma comparação a membros da família do presidente da república, mas a diretora e a atriz trans destacaram que não é inspirado no filho do presidente, tanto que Rotas do Ódio estava sendo escrita antes de todo esse arco político nacional em que vivemos, o foco sempre foi o preconceito vivido no subúrbio e todos os elementos que o circulam.

Trazendo a reflexão

Em geram a série acerta na reflexão, ainda lembra uma série criminal padrão, já vista milhões de vezes, mas a trama consegue te jogar para o lado reflexivo e o suspense criminal fica como adjacente, saindo do que era para ser simples e te jogando em um debate pessoal sobre aquilo já destacado, o elemento polícia opressora que defende os direitos humanos pode parecer um absurdo, para outros interessante, mas para maioria é um debate.

Reflexão é o que fortalece essa série como uma maravilhosa obra nacional da Universal TV, e para agraciar o público, o pessoal do canal destacou que mais séries desse gênero continuarão sendo feitas, por enquanto o povo têm Rotas do Ódio, uma série muito boa sobre criminalidade e uma bela porrada na cara sobre direitos humanos e preconceito que dão uma aula de empatia aos que rotulam de “mimimi”.