Lançado mundialmente no dia 29 de julho para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch, Digimon Survive é o mais novo jogo da franquia de monstrinhos digitais lançado pela Bandai Namco. Ainda recente, já gerou um certo rebuliço na comunidade após o seu lançamento e dividiu muitas opiniões…Uma pena que não de maneira exatamente positiva.

Como a própria Namco anunciou, Digimon Survive é um hibrido que mistura Visual Novel, com RPG tático. Mas o problema é que a proporção dessa mistura não ficou lá a coisa mais agradável do planeta.

Textos, textos e adivinhe…Mais textos.

Logo de cara é válido citar que o jogo conta com legendas 100% em português, o que é essencial para jogadores que não entendem inglês com tanta clareza. Por ser um visual novel, já era de se esperar que o jogo tivesse uma história profunda, repleta de diálogos e informações que justificassem e fizessem o melhor uso possível desse estilo de jogo, mas o que foi feito é bem abaixo disso.

A história começa no passado, com crianças sendo atacadas por algumas criaturas aparentemente monstruosas e logo depois disso já somos colocados nos dias atuais. Assim, acompanhamos o protagonista Takuma e seus colegas de classe, que fazem um passeio escolar até um templo antigo baseado na crença dos Kemonogami, que são tido como criaturas divinas que na realidade ninguém conhece bem. Se você conhece o básico de Digimon, já deve imaginar que após encontrarem esse tal templo as crianças ficam presas num mundo alternativo e claro, esses Kemonogami são os Digimon. A partir daí o jogo se desenrola com os estudantes buscando entender por que foram enviados a esse mundo e como podem voltar para sua realidade enquanto descobrem mais sobre esses tais Digimons…

Falando assim, parece uma premissa simples, certo? E de fato é. Mas logo aqui o jogador vai poder sentir qual vai ser o tom de jogo, pois logo no começo temos uma rápida introdução ao combate. No entanto, o problema é que todo esse início de jogo demora mais de meia hora, sendo que poderia ter sido completamente desenvolvido em uns 10 minutos.

Por ser um visual novel o jogo te coloca em muitos diálogos, sendo que a maioria deles era completamente dispensáveis e adicionam pouca coisa ao seu entendimento. A história não é nenhum primor que precisa de milhares de linhas de diálogos e interações para ser entendida, na verdade, muito pelo contrário. Ela é simples e até rasa e a escolha de ser um Visual Novel foi um baita tiro no pé pra esse jogo.

Toda essa enxurrada de diálogos poderiam ser amenizadas caso a incidência de combates fosse mais frequente e dinâmica, mas o problema é que não é… Você conversa absurdamente mais do que entra em combates e como já dito, não são lá os melhores diálogos do mundo. Depois de um prólogo e de um primeiro capítulo completamente arrastados, finalmente estamos soltos no mundo. Assim podemos enfrentar inimigos e fazer nossos Digimons evoluírem e ficarem mais fortes enquanto exploramos o mundo navegando por áreas, mas quando você faz isso, adivinhe só… Mais textos desnecessários até você finalmente conseguir enfrentar seus inimigos e fazer a história andar ou conseguir evoluir seus Digimons.

…Mas nem tudo é ruim.

Apesar de todas essas críticas à história e fluxo extremamente lento do jogo, nem tudo são lágrimas. O combate do jogo é baseado em RPG’s táticos, em que temos um grid numa área e devemos administrar nossos personagens em posições e posturas diferentes para enfrentar os inimigos. Parece até bem simples, mas ele pode exigir um pensamento mais profundo do jogador para ser dominado. Afinal, existem combinações entre os Digimons, a posição em que eles estão e até mesmo o relacionamento que se tem com eles, com base nas conversas e ações ao longo do jogo.

E por falar nos Digimons, que são a estrela do jogo, temos pouco mais de 100 monstrinhos para serem descobertos e capturados, além do clássico sistema de evolução. Aqui temos outro ponto interessante, pois em alguns momentos da história temos que fazer escolhas e escolher certos tipos de diálogos, o que influência no seu relacionamento com os demais personagens e com seus próprios Digimons. Claro que isso impacta diretamente nas evoluções, que podem acontecer conforme a sua relação com eles e tudo mais. Além disso, durante os combates podemos motivar nossos Digimons e usar itens para aumentar seus atributos.

Um visual competente

Por ser um Visual Novel, não é tão necessário que possua gráficos extremamente absurdos, afinal, na maioria do tempo, são apenas PNG’s dos personagens mexendo a boca (às vezes nem isso) num fundo borrado. Então, o jogo é relativamente bonito pelo traço em mangá, com tudo bem colorido e vez ou outra nós temos algumas animações mais elaboradas e aí realmente é mais bonito.

Quando entramos em combate, passamos a ver um cel shading 3D não tão bonito quanto os traços anteriores, mas que também não chega a ser um problema e tem até o seu charme. Igualmente, a trilha sonora do jogo que é morna, não sendo marcante como é costume da série Digimon, mas também não sendo odiável ou de fato ruim. Apenas está ali e ok.

Pode até ser bom. Mas depende.

No final de tudo, parece que o jogo tem muito mais coisas negativas do que positivas e na verdade até pode ser isso mesmo. Digimon Survive é um ponto extremamente fora da curva do que estamos acostumados nos jogos da franquia. O estilo Visual Novel com RPG tático poderia ter rendido bons frutos, mas a desproporção entre os estilos é o que matou a chance do jogo ser muito melhor.

Como Visual Novel ele é fraco, com uma história muito previsível, sem muita emoção e que segue morna do começo ao fim, além de ser extremamente arrastada sem a menor necessidade disso. Já como RPG tático ele é até agradável e é sem dúvidas a melhor parte do jogo. Porém, isso é o que menos temos ao longo da gameplay, que pode ser extremamente frustrante para os jogadores.

Digimon Survive pode ser terminado em 25 a 30 horas, dependendo muito de jogador para jogador, já que você pode escolher em subir o nível de alguns monstros em específico e focar neles até o final, ou ter uma vasta coleção com todos bem equiparados. No final, isso é a sua escolha, mas num geral, a história é sim bem longa e você não irá terminá-la com menos de 20 horas.

Quem é realmente fã da franquia ou de Visual Novel’s pode até ignorar a história arrastada e entediante e ser agradado pelo universo Digimon e seus combates, além de um outro diálogo interessante explorando a personalidade dos monstrinhos, algo até então não tão comum na série. Mas o fato é que para a gigantesca maioria e num senso comum, Digimon Survive é um hibrido entre dois gêneros e não acerta em nenhum dos lados e tende a ser lembrado mais por sua mediocridade do que por sua qualidade.

REVIEW
Digimon Survive
Artigo anteriorSandman (Netflix) | Review
Próximo artigoA 26ª edição do Campinas Anime Fest acontece na próxima semana
Danilo
Jornalista, designer, aventureiro urbano e lutador de lutinhas fake. Amante de quadrinhos e games com a imaginação mais fértil que a de uma criança.
digimon-survive-reviewUm grupo de estudantes que frequentava o acampamento da atividade extracurricular de Estudos Históricos durante as férias da Primavera vai visitar um templo local para investigar a lenda do "Kemonogami". Enquanto exploravam o templo, encontram um estranho monstro chamado Koromon. Ele acaba por salvá-los do ataque de outros monstros o grupo descobre que foi levado para um outro mundo.