“Minha mestra não tem rabo” (My Master has no Tail)! E por que isso é tão sério? Porque Mameda é uma tanuki, uma espécie de guaxinim pançudo encontrados em boa parte da Ásia, infiltrada no mundo humano. Além disso, no Japão os tanuki são conhecidos como grandes pregadores de peça e ótimos percussionistas. Inclusive, reza a lenda de que até um oni dança ao ritmo de um tanuki batendo na própria barriga.

No Japão antigo, era dos youkais, onis, yurei e bakemono, os tanuki causavam alvoroço pelas vilas, se transformando em objetos e pessoas, confundindo a população. Uma vez chegada a modernidade, as lendas folclóricas são lançadas sem piedade a escanteio. Então, qual o lugar de um tanuki na Era Meiji? O que fazer quando as marias-fumaças e os trilhos ocupam o centro das atenções? O isolamento. A era das peças acabou e os tanuki vivem longe da civilização para se preservarem contra esta.

A tanuki moderna

Nesse contexto, Mameda é uma menina rebelde contra seu tempo. Tendo seu pai como exemplo, ela continua a treinar suas transformações, ainda que seja caçoada pelos outros tanuki de sua vila. No entanto, sabendo que filho de peixe peixinho é, o tanuki ancião resolve dar sua benção para que Mameda possa visitar a cidade, sonho antigo seu.

Então, a garota chega na cidade, em bem dominada forma humana, e apronta tudo o que tem que aprontar, mas nada tão fácil quanto outrora. Até mesmo porque o dinheiro que antes dava para falsificar com uma folha, agora tem essa tal de marca d’água que diferencia as notas verdadeiras das falsas. Juntamente com isso, a noite na cidade parece dia, não há mais lugares para se esconder com tanta facilidade. Portanto, sua solução é buscar refúgio numa casa de espetáculos, onde se apresenta a maior comediante do momento, Bunko Daikokutei.

Assim, Mameda fica surpresa com a performance de Daikokutei toma Mameda. Afinal, a tanuki mergulha nas cenas contadas com proeza pela comediante rakugo, que arranca risadas da plateia. Inclusive, Bunko consegue enganar a todos com suas descrições, fazendo com que acreditem que estão no ambiente descrito por ela. Este é um teatro de uma mulher só, que interpreta vários personagens de uma vez.

Nesse contexto, inspirada por tamanha genialidade, Mameda insiste que Bunko a tome como aprendiz. Então, em busca de conseguir pregar peças como uma boa tanuki, Mameda embarca neste anime numa jornada para aprender os meandros do rakugo.

Enfim, My Master has no Tail tem um tema muito particular e lida com um tipo de comédia que não nos é familiar. De qualquer forma, esse possível distanciamento (seja com o público estrangeiro, seja com as gerações mais novas) é compensado no fim de cada episódio, com a história principal apresentada no rakugo. Portanto, se comédia é um assunto que te interessa, este anime é uma experiência promissora para quem queira entender como a comédia é feita em diferentes partes do mundo.