No último Monsters of Rock realizado em São Paulo, algo inusitado aconteceu durante a apresentação do Opeth: risadas. Em um festival dominado por bandas de hard rock tradicional e heavy metal clássico, os suecos se destacaram como a opção mais experimental e técnica do lineup.
O segundo show do dia começou por volta das 13h, sob um céu ainda claro no Allianz Parque, com “§1”, faixa de abertura do mais recente trabalho da banda, “The Last Will and Testament” (2024). A formação atual – Mikael Åkerfeldt (vocais/guitarra), Fredrik Åkesson (guitarra), Martín Méndez (baixo), Joakim Svalberg (teclados) e Waltteri Väyrynen (bateria) – se mostrou visivelmente deslocada entre atrações como Stratovarius, Europe e Scorpions.
Opeth – In My Time of Need no Monsters of Rock pic.twitter.com/F2bEqVgowr
— Suco de Mangá (@sucodm) April 26, 2025
Público dividido com os vocais guturais
Entre as sete canções apresentadas, o repertório privilegiou a fase do início dos anos 2000, quando a banda explorava mais os vocais guturais. O público se dividiu entre fãs dedicados – que alternavam entre moshs e momentos contemplativos de braços erguidos – e espectadores que pareciam nunca ter ouvido falar da banda.
Åkerfeldt, no entanto, transformou esse deslocamento em material para interações bem-humoradas com a plateia. O vocalista de 51 anos fez questão de destacar que, mesmo sendo “velhos”, eram a banda mais jovem do festival. Em um momento memorável, ao anunciar a poderosa “§3”, declarou que o novo álbum era “incrível” e mandou “calar a boca” um total de zero pessoas que discordaram dele.
O clima descontraído contrastava com a complexidade técnica das músicas. Quando a audiência reagiu positivamente ao fim de uma canção sem vocais guturais, Mikael sugeriu: “guardem suas vozes para as outras bandas como Europe, Scorpions, Judas Priest…”

Conexão com o Brasil
Um dos momentos mais interessantes foi quando o frontman revelou uma curiosa conexão com o Brasil: Anders Nordin, ex-baterista que participou dos dois primeiros álbums da banda, é brasileiro (adotado por pais suecos) e sonhava em tocar com o grupo em sua terra natal – o que não conseguiu, pois deixou a formação em 1997, anos antes da primeira turnê da banda no país.
Para encerrar sua hora de apresentação, Åkerfeldt anunciou que tocariam seu “maior hit”, fazendo referência bem-humorada ao Scorpions: “É a ‘Rock You Like a Hurricane’ do Opeth. Só que ela tem quase 14 minutos de guturais e m#rdas death metal”. Era “Deliverance”, minha música preferida, que fechou o set com sua característica alternância entre momentos de quietude e brutalidade.

Com seu humor seco e postura relaxada no palco, Mikael conduziu o Opeth por um show que, se não conquistou a todos, certamente deixou sua marca como um respiro diferente em meio ao hard rock predominante.
Para os fãs dedicados, foi uma oportunidade de ver a banda em um contexto incomum; para os demais, pelo menos algumas risadas entre momentos de complexidade técnica e experimentação sonora.

Setlist: Opeth no Monsters of Rock 2025
- §1
- Master’s Apprentices
- §3
- In My Time of Need
- Ghost of Perdition
- Sorceress
- Deliverance
COBERTURA MONSTERS OF ROCK 2025: STRATOVARIUS | QUEENSRYCHE | SAVATAGE | EUROPE | JUDAS PRIEST | SCORPIONS