A primeira vez que ouvi falar de O Poço foi em uma lista dos filmes de suspense mais esperados de 2020. O longa, que estreou em 2019 em diversos festivais, ganhou na escolha popular o prêmio “Madness Midnight” no festival internacional de Toronto, e angariou diversas críticas como: chocante, perverso e perturbador.

Por ser um filme “fora da casinha”, e anda mais espanhol, não havia previsão de sua estreia em território nacional. Vantagem para a plataforma de streaming Netflix, que adquiriu o título, e o mesmo – desde sua estreia – está na lista dos mais assistidos no país.
O Poço é uma distopia futurística, claustrofóbica com críticas sociais e alegorias religiosas.

É mais um daqueles filmes que traz diversas interpretações a partir da bagagem que cada telespectador carrega. Porém, independente de sua percepção, o filme choca, toca e questiona.

O Poço consiste em uma prisão vertical, baseada em leveis. Cada level é ocupado por dois prisioneiros, que chegaram ali por diferentes motivos, sendo que, a cada mês, os prisioneiros são movidos para outro nível, este podendo ser abaixo ou acima sem distinção aparente. Todos os dias um grande banquete desce do nível 0 (a cozinha) até o nível 1, onde os dois prisioneiros comem tudo quanto aguentam, em seguida a comida desce por todos os outros níveis: 2,3,4… O problema é óbvio: aqueles que estão nos níveis mais baixos frequentemente não tem comida, desça forma eles são forçados a práticas como assassinato e/ou canibalismo.

O protagonista da trama é Goreng, um homem que entra no Poço por vontade própria. Seu objetivo é parar de fumar, e para isso ele se compromete a ficar seis meses na prisão, levando apenas o livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Lá, ele logo conhece seu companheiro, Trimagasi, que explica a dinâmica do Poço, e a partir dai a trama irá se desenvolver pelos próximos meses que Goreng deverá permanecer na prisão.

Como disse anteriormente, O Poço permite milhares de interpretações, e eu poderia citar as mais óbvias aqui, porém, eu sempre sou a favor de que cada um vá de mente vazia ver esse tipo de longa, e após as próprias concepções sobre o filme, procure outras teorias e hipóteses que adicionem ao seu repertório.

Se você for alguém religioso, com certeza verá de uma forma; se for alguém ativo politicamente, de outra; e se ainda for um fade literatura, mais uma. Independente disso, para mim, O Poço já é um dos melhores filmes que retratam distopias que eu já vi, e vale cada minuto do seu tempo, seja para se chocar, ou para refletir.

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