Channi não nasceu monstruosa, mas, quando o próprio pai a oferece em sacrifício à Bruxa Demônio, para salvar a esposa no trabalho de parto da segunda filha, ela muda para sempre. Então, amaldiçoada com rosto de serpente e o dom de falar com as cobras, Channi é exatamente o oposto da linda irmã, Vanna. Ela é a única pessoa no vilarejo que a ama e não a vê como um monstro. Destinada a viver reclusa, esta é a realidade da protagonista do livro Uma maldição dourada, escrito pela best-seller do New York Times, Elizabeth Lim.
Neste prequel, que chega no Brasil pela Plataforma21, o leitor vai acompanhar a origem de Channi, conhecida futuramente como Raikama, a madrasta de Shiori – personagem principal da duologia Os seis Grous. Ao percorrer o passado desta heroína imperfeita, a autora mostra as dores, a rejeição e os sacrifícios que a personagem enfrentou desde criança.
Uma maldição dourada
– O Rei Serpente envenenou seu sangue — a tigresa disse com crueldade —, e eu vou amaldiçoar seu rosto. Você jamais voltará a se olhar sem sofrer.
É estranho que, naquele momento tão definidor da minha vida, eu tenha sentido tão pouco. Houve apenas um formigamento pelo meu rosto, depois uma pressão pesada e sufocante subindo pelo meu pescoço, como se uma corrente invisível cortasse a minha respiração. E então não senti mais nada, a não ser o temor de uma premonição que se derramava sobre a minha espinha […]
(Uma maldição dourada, p. 22)
Destinada a proteger a irmã a todo custo, a jovem amaldiçoada terá que defender Vanna das garras do temível Rei Meguh que, aos 17 anos, foi prometida em casamento ao tirano. Somente Channi, que contou com a própria força e inteligência todos esses anos, pode salvá-la das mãos do mais cruel dos pretendentes. Entretanto, ao fazer isso, a protagonista torna-se alvo da ira dele, levando-os a uma terrível batalha, em um mundo onde demônios e dragões convivem entre os humanos.
Então, ao entrelaçar elementos da mitologia de Helena de Troia com o folclore asiático, marca registrada de Lim, a escritora proporciona uma narrativa rica em nuances culturais e referências históricas. Assim, mais do que uma fantasia épica que pode ser um livro independente, Uma maldição dourada explora o lado sombrio da beleza, o poder da coragem e os laços mais profundos da irmandade. A obra é uma prova de que o verdadeiro amor transcende todas as barreiras, sejam elas mágicas ou mundanas.
