Já é conhecido o início de temporada de filmes que buscam uma indicação ao Oscar, contudo a categoria Melhor Filme Estrangeiro tende a ter uma demanda maior em streaming e em cartaz, aqui é diferente, este filme já entrou na lista da premiação em 2021, representando a Tunísia, mas não chegou nos últimos indicados. O Homem que vendeu sua Pele conta uma história revoltante sobre aonde a arte pode chegar e as consequências de uma escolha na base do desespero, em um roteiro simples e objetivo para que os que detestam o cinema cult não chorem demais e sim apreciam um belo filme.

A Arte têm em sua essência a polêmica, famosa por colocar o dedo na ferida, a Arte é responsável por manifestar sentimentos baseado no que é belo pela sociedade, como a massa demonstra a opinião da maioria e não de todo mundo. Porém, nem sempre será admirada, isso pode ser um quadro, uma escultura, uma comida e até um gol de bicicleta, existirá sim uma parcela das pessoas que não irão se importar, ou lhe causará ódio e desgosto. Quer dizer que você sentiu algo ao ver a tal obra, já alcançou seu objetivo; e esse é o maior plot desse filme que fica o questionamento do porquê ele não esteve entre os últimos indicados. Acredita-se que o tema arte seja algo já saturado em filmes cult, isso é exagero e injusto com O Homem que vendeu sua Pele.

Incrível como foi bem trabalhado tudo no filme, a mensagem é transmitida dentro de uma obra muitas vezes sádica e dramática e levemente romântica,  isso que o foco não é a polêmica obra de arte e sim o protagonista, Sam Ali (Yahya Mahayni), um refugiado da Síria que conquista o seu visto por meio de um contrato controverso, e esse lhe trouxe fama e a vida fora do país que vive uma guerra civil, porém custou tudo, inclusive sua liberdade. Sam queria ser livre da guerra, e virou um escravo da arte.

Toda essa reflexão profunda pode não ser entendida, mas não há problema devido a leviandade do filme, consegue-se entender superficialmente uma relação destruída pelo egoísmo e ganância, e com um plotwist maravilhoso em prol do casal, se têm um filme de amor, porque não? Pena que o vilão da história teve uma redenção um tanto forçada, pois o pontapé inicial para desgraça de Sam foi dele, e do nada quer ajudá-lo, ficou muito esquisito.

Esse não é o primeiro filme que é do gênero cult e sai da bolha do clássico, esse gênero é visto de forma negativa pela maioria por serem filmes difíceis de assistir, não só em linguagem mas em ritmo; são cansativo; muito mais por padrão dos filmes europeus e asiáticos antigos do que o fato de ser cult. Já faz alguns anos que esses filmes estão sendo mais cômicos e menos travados em desenvolvimento, e ainda sim mantém o peso de mensagem e reflexão que esses filmes sempre trouxeram na obra, isso é um diferencial e também uma grande chance de atingir mais públicos.

O Homem que vendeu sua Pele critica até onde a arte pode chegar e cativa com uma história de amor bonita, um pouco de cada gênero que foi dosado perfeitamente em uma obra impecável. Infelizmente não conseguiu nenhuma indicação no último Oscar, mas não pode passar desapercebido por sua qualidade, certamente se junta a filmes subestimados do ano e também na lista dos novos cults que buscam conquistar novos públicos.

o homem que vendeu sua pele
Imagem Divulgação
REVIEW
O Homem Que Vendeu Sua Pele
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
o-homem-que-vendeu-sua-pele-reviewO filme acompanha Sam Ali, um jovem sírio sensível e impulsivo que trocou seu país pelo Líbano para escapar da guerra. Para poder viajar para a Europa e recuperar o amor de sua vida, ele aceita ter suas costas tatuadas por um dos artistas contemporâneos mais cultuados do mundo. Transformando seu próprio corpo em uma obra de arte de prestígio, Sam perceberá, entretanto, que sua decisão pode significar qualquer coisa, menos liberdade.