O brasileiro adora criticar o cinema nacional não por ser brasileiro e sim pelos seus padrões, não passam de atores largados na Globo que fazem filmes de franquias da própria emissora, dentro dos padrões de humor escrachado já conhecidos e ignorados por todos, alguns divertidos, outros forçados, mas que ainda coloca em questão o cinema brasileiro.

O que poucos sabem é que muitas produções ao redor do mundo têm esse tipo de filmes, inclusive Hollywood, As Trapaceiras é exatamente isso, a velha fórmula de comédia blockbuster que dessa vez fracassou, tanto que nem a maravilhosa Anne Hathaway e muito menos a incrível Rebel Wilson salvaram esse marasmo em forma de filme.

Humor x Suspense

Nada é maior destaque desse filme do que o roteiro clichê, o qual consegue trabalhar bem a trama, saber misturar os elementos de humor com aquele suspense sombrio ao estilo espionagem, mas que não existe um herói e sim duas vilãs de personalidade diferente, porém é previsível toda a reviravolta, o que torna o filme cansativo, não impressiona, infelizmente também não prende, aos poucos a vontade de assistir é perdida, tudo jogado nas costas de duas atrizes que não trabalharam, e sim deram aula.

Anne Hathaway já é chamada de talentosa a muito tempo, mas nesse filme foi o extrapolado de forma positiva, como se trata de um filme de comédia, a atriz foi livre para trabalhar todos os tipos de caras e bocas, diálogos sérios e escrachados, ser sensual e emponderada sem medo de críticas e ao aguardo de toda contemplação para essa mulher, porém isso é chover no molhado, agora, Rebel Wilson foi colocada em sua zona de conforto, bem pastelona, escrachada ao extremo, em alguns momentos sensível, porém sem sair do alívio cômico na trama, conseguiu roubar a cena em muitos momentos, inclusive na presença de Hathaway, lógico que as duas funcionaram melhor juntas, aproveitar a presença delas em tela pode ser a salvação de se divertir com um filme fraco.

as trapaceiras

Elenco x Filme

Chega a ser um pouco irônico comparar esse filme com comédias brasileiras, porque seu formato está idêntico a eles, de uma abertura cômica com animações e trilha branca, até o final manjado de meio de transporte, no caso lancha, indo embora, a câmera abre e o “The End” aparece me fade-in, isso é notável porque tecnicamente o filme é impecável, no quesito cortes, figurino, fotografia e iluminação chega a estar perfeito, mas é aquela velha história de sempre, que pode vincular a outras lições que o cinema trouxe; primeiro que um filme bonito não é argumento de um bom filme, segundo que um elenco bem famoso é a motivo para desconfiança, nesse caso nem teve tantos nomes conhecidos dessa vez, e terceiro que Anne Hathaway é um nome na boca do povo, ou seja, vai ter gente criticando por achar esse filme ruim, ou usar a Rebel Wilson de muleta para justificar o humor pastelão, quando o maior problema desse filme está na base dele, uma coisinha chamada roteiro.

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Trapaceiras e suas fraquezas

As Trapaceiras é a prova que Hollywood também tem ideias ruins. Basta olhar 2019, a lista é grande, inclusive em filmes populares, com certeza acontecerá uma defesa a esse filme por causa das duas protagonistas, e infelizmente isso não é desculpa, apesar de serem grandes atrizes e agradar quando estão juntas, têm problemas para sustentar o roteiro, simplesmente porque ele não existe.

A fraqueza é tão grande da história que ela é facilmente ignorada, ao começar o filme, você já sabe o final, porque existem trilhões de filmes iguais e impossível você não lembrar de qualquer um deles, pois a semelhança é nítida, uma pena, pois foram excelentes personagem jogadas em uma história comum demais a ponto desse filme ser esquecido.