Escrito por Laura Conrado e publicado pela Editora Culturama, o livro Freud, me tira dessa! é um exemplo perfeito de comédia romântica jovem. Sendo um título curto (cerca de 220 páginas) e de fácil leitura, ele conta a história de Catarina, uma mineira que busca compreender a vida e a si mesma.

Então, com seus 23 anos e recém-chegada em Belo Horizonte, Cat se esforça para fazer um bom trabalho na empresa e se dedicar no curso de inglês. Além de, é claro, tentar dar um jeito na sua caótica vida amorosa que mais parece uma novela mexicana.

Sendo assim, depois de levar um pé na bunda, descobrir que sua irmã mais nova está namorando seu “quase ex-namorado” e ter seu guarda-roupa invadido, Catarina decide que precisa dar um jeito na sua vida. Começa então a fazer terapia com um psicanalista para compreender o porquê de suas relações serem tão desastrosas, mas o plano dá errado. Catarina acabou se apaixonando pelo seu terapeuta e enrolando ainda mais o nó que tentava desfazer. Agora, ela só tem uma coisa a pedir: Freud, me tira dessa!

Freud, me tira dessa
Foto: @sucodm

Água com Açúcar…

Pois bem, como descrito acima o enredo não propõe uma história fantástica, conspirações, aventuras ou grandes mirabolâncias. De acordo com a própria autora, no Epílogo do livro, Freud, me tira dessa! foi escrito por ela numa época de autoconhecimento e reencontro consigo mesma. Assim, ao que me parece, a obra carrega esse momento vivido por Laura, e faz com que os jovens leitores entendam a importância de desbravar seu mundo interno.

Desde problemas com os pais, dúvidas sobre qual caminho profissional seguir, inseguranças pessoais e desilusões amorosas — ponto central do enredo — facilmente quem está crescendo e se descobrindo poderá se identificar. Além disso, a protagonista-narradora Cat usa uma linguagem descontraída, deixando aparente a sua personalidade expansiva e alto-astral.

Em contrapartida, para os leitores que já passaram por essa fase da vida em que ninguém sabe o que está fazendo, é um bom livro pra se distrair do mundo real. Como uma comédia romântica bem Sessão da Tarde, a história pode proporcionar um momento pra não pensar em nada, rir de uns absurdos e se identificar aqui ou ali com alguma banalidade.

Freud, me tira dessa
Foto: @sucodm

… Com um Gostinho Meio Amargo

Entretanto, como toda comédia romântica, alguns absurdos são bem… absurdos. Juntamente com o fato de Freud, me tira dessa! ter sido um dos primeiros livros de Laura, a história tem uma carinha de fanfic.

Por exemplo o plot “minha amiga conheceu um cara rico que pagou toda nossa viagem para a mansão dele nas montanhas”, tão comum nessas histórias e tão longe da realidade. Ou também “estou apaixonada pelo cara e vou seguir ele pra descobrir onde ele mora”… problemático, né? Porém, assim como quem anda na chuva vai se molhar, quem lê comédia romântica vai esbarrar em clichês e comportamentos abusivos, e é sobre isso.

Ainda assim, tiveram algumas coisas que me incomodaram na leitura. Primeiro, Cat é infantil e muitas vezes fútil, não podendo levar um cutucãozinho que desaba a chorar e esbravejar. Tudo bem, entendemos que ela é sensível, mas fazer isso a cada duas páginas é cansativo e repetitivo.

Além disso, pra alguém que vive reclamando estar com problemas financeiros, não parece muito realista a vida que nossa protagonista leva. O que me deixou incomodada foi a contradição na história, pois em um capítulo ela fala “poxa, to tão apertada que nem sei se vou conseguir pagar a terapia”, mas no próximo “vou almoçar no shopping, começar a academia e fazer compras”. Infelizmente foi uma oportunidade perdida de mostrar o verdadeiro perrengue que é sair da casa dos pais, se virar pra conseguir almoçar um sanduíche e ainda assim ver como isso é satisfatório.

E também, tem um personagem LGBT na história retratado de forma estereotipada e um pouco forçada. Infelizmente nada de novo sob o sol.

Freud, me tira dessa
Foto: @sucodm

Considerações Finais

Enfim, apesar de Freud, me tira dessa! não ser um livro perfeito, ele não perde credibilidade por entregar o que se propôs a entregar. Como falei, é uma água com açúcar, um passeio no shopping ou uma tarde preguiçosa de domingo. Ou seja, uma leitura sem qualquer compromisso ou exigência.

Inclusive, por vezes é bom termos obras assim, totalmente voltadas para entreter e divertir, sem significados ocultos ou críticas sociais. Além disso, totalmente amei o incentivo que ele faz para as pessoas buscarem terapia “não porque precisam, mas porque merecem”. Então, em casos de emergência ou estresse pós-trabalho basta pedir: Freud, me tira dessa!

Freud, me tira dessa
Foto: @sucodm

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REVIEW
Freud, me tira dessa!
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Jaqueline
Um pouco avoada, a doida das teorias da conspiração e leitora compulsiva do Nome do Vento. Adoro escrever sobre aleatoriedades, observar a natureza e ser engraçadinha em momentos impróprios, afinal esse é meu jeito ninja de ser.
freud-me-tira-dessa-reviewCatarina, a Cat, é uma jovem adulta que já teve algumas conquistas: saiu da casa dos pais para morar na capital, tem seu carro próprio e um bom emprego. Mesmo assim, seus conflitos se acumulam, sobretudo nas desilusões da vida amorosa, vistos por ela como tragédias. Em busca de uma mudança, ela procura ajuda em um processo psicoterapêutico. No processo, Cat encontra muito autoconhecimento, e confronta verdades doloridas de seu passado, mas se complica ainda mais quando se apaixona pelo seu terapeuta. Agora, ela precisa entender como resolver essa situação e continuar correndo atrás de seus sonhos. Freud, me tira dessa! é um livro para rir, chorar e se emocionar, numa história leve que conduz a muita identificação com a jornada de autoconhecimento da protagonista.