Fala pessoal! Depois de passar pelo primeiro dia de Summer Breeze Brasil 2024 com uma programação mais voltada ao Hard Rock e um pouco de Heavy/Thrash 80’s, vamos com uma porção de bandas com vocais femininos e muito power metal! Estivemos por lá nos três dias de evento e focamos na cobertura dos shows, partindo da ideia de trazer bandas que mais se alinham a nossa editoria e também gosto pessoal.
Vale lembrar nossas duas entrevistas, que entram como parte do trabalho feito para o festival com Cristina Scabbia, do Lacuna Coil (Leia AQUI) e Noora Louhimo, do Battle Beast (Leia AQUI).
Leia também dos outros dois dias de festival:
- Exodus, The 69 Eyes e mais: o 1º dia do Summer Breeze Brasil 2024
- Peso e Teatralidade marcam o 3º dia de Summer Breeze Brasil 2024
Sobre o Summer Breeze Brasil
A segunda edição brasileira do tradicional festival alemão, Summer Breeze, aconteceu no último final de semana de abril, entre os dias 26 e 28 de abril, no Memorial da América Latina (São Paulo). O festival foi um sucesso e contou com a apresentação de grandes nomes do rock mundial como Mr. Big, Gene Simmons Band, Lacuna Coil, Hammerfall, Epica, Within Temptation, Anthrax, Mercyful Fate e Killswitch Engage, entre muitos outros. Foram dias de muita alegria – o público sorriu, chorou de emoção, assistiu aos shows dos seus artistas favoritos e viveu momentos inesquecíveis.
Além das atrações musicais, o festival contou também com diversas experiências e ativações que tiveram grande aceitação do público. Entre elas, feira geek, Summer Expo Tattoo, Horror Expo, venda de vinis, espaço kids com monitoria, áreas de descanso, entre outras.
Com uma recepção calorosa do público, a organização do festival Summer Breeze Open Air Brasil confirma sua terceira edição com dois dias para 2025. O festival ocorrerá nos dias 3 e 4 de maio de 2025, e desta vez terá um Warm-Up no dia 2 de maio, ambos no Memorial da América Latina. O Warm-Up, popularmente conhecido como esquenta, será um evento com ingressos limitados que acontecerá antes do início das atividades oficiais do festival.
Outras informações em: www.summerbreezebrasil.com
Nervosa
Para abrir os trabalhos do sábado, debaixo do sol de rachar mamona, as garotas do Nervosa subiram ao palco para mandar mais um setlist de thrash metal destruidor. A banda, que passou por inúmeras mudanças de formação e hoje conta apenas com a vocalista e guitarrista Prika Amaral de membro original, focou mais nas marretadas dos álbuns mais recentes, o Jailbreak de 2023 e o Perpetual Chaos de 2021. Porém, alguns clássicos mais antigos também fizeram a cabeça dos metalheads, como Death!, Kill the Silence e Masked Betrayer.
Como carta na manga, houve uma surpresa na hora de mandar Elements of Sin: Prika chamou ao palco a convidada Mayara Puertas, também conhecida por ser vocalista do Torture Squad, banda que virá abrir os trabalhos no domingo. Uma surpresa não tão agradável: uma das cordas da guitarra de Prika se partiu durante uma das últimas músicas e a cantora não estava preparada com uma guitarra reserva para substituição. Desta forma, ela apenas cantou no restante do setlist. No entanto, isso não foi um grande problema, pois as integrantes Helena Kotina, Hel Pyre e Gabriela Abud, apresentadas com muita ênfase, seguraram a onda e finalizaram de forma forte o show.
Forbidden
O Summer Breeze continuou nas terras áridas do thrash metal na tarde quente com o Forbidden, uma banda que mesmo a gente que é fã do metal oitentista, não conhecia muito bem. O Forbidden teve uma forte história na época do surgimento do thrash Bay Area, juntamente com bandas como o próprio Exodus (que tocou na sexta), e o Testament (que tocou na edição passada), e contou com membros lendários como o Robb Flynn, que futuramente formaria o Machine Head, e Paul Bostaph, baterista do Slayer. Mudanças de formação, hiatos e longas paradas fizeram o Forbidden não ser tão conhecido quanto outros grandes nomes do thrash Bay Area, mas não é por isso que têm menos qualidade, como pudemos observar no show do Summer Breeze.
O thrash metal do Forbidden (anteriormente chamado de Forbidden Evil) é um pouco diferente, com vocais mais operáticos chegando próximo do que estamos acostumados com o Judas Priest, e um trabalho de guitarras muito mais técnico e complicado. O setlist, recheadíssimo com músicas dos álbuns Forbidden Evil, de 1988, e Twisted Into Form, de 1990, fez cabelos girarem. Em especial, destaco o trabalho do novo vocalista Norman Skinner, que não deixa a desejar em sua performance de nenhuma forma.
Gamma Ray
Fundado por Kai Hansen no final dos anos 1980, após sua saída da banda Helloween, o Gamma Ray rapidamente se estabeleceu como uma força dominante no cenário do heavy metal. Com uma sonoridade poderosa que mescla elementos de power metal e speed metal, a banda conquistou legiões de fãs em todo o mundo e sua performance no Summer Breeze era muito esperada!
Auxiliado por Frank Beck no vocal, os primeiros acordes de “Land of the Free” até o emocionante bis com “Send Me a Sign”, o Gamma Ray mostrou por que continua sendo uma das bandas mais respeitadas do metal. Destacando-se entre os momentos mais intensos do show estiveram clássicos como “Rebellion in Dreamland” e “Somewhere Out in Space”, que levaram o público à loucura com seus riffs poderosos e refrões inesquecíveis.
Meu destaque fica para “Master of Confusion” e para o terrível calor que fazia no dia, uma reclamação recorrente das bandas, incluindo do Sr. Kai Hansen. A apresentação só não foi incendiada pois, para quem estava no aguardo de uma canção do Helloween, ficou apenas no desejo. Não rolou nenhuma, mas para o padrão alemão, foi um show justo e na medida.
Korzus
Olha, eu confesso: eu não sou muito fã do estilo Power Metal. Já tentei inúmeras vezes e não tem jeito, a não ser que o nome da banda seja Blind Guardian, eu não tenho muita simpatia. Então, na seção Power Metal do Summer Breeze que começou em peso na hora do Gamma Ray, eu tirei um tempo pra sentar na sombra e depois dei um pulo lá no palco Sun, onde fui dar um prestígio pra uma das bandas de thrash metal brasileiras de maior renome no cenário nacional: o Korzus!
O Korzus não tem produzido muito material novo ultimamente, e mesmo com um show resumido no palco Sun, eles fizeram um apanhadão muito legal de toda a carreira, passando pelo clássico Sonho Maníaco com The World Is a Stage, focando um pouco nos anos 90 com Mass Illusion, Agony e Pay For Your Life, e encerrando com muita agitação e uma roda divertida tocando Correria. Lembrando também que, além de cantar no Korzus, o vocalista Marcelo Pompeu estava servindo como um dos hosts do Summer Breeze, então percebe-se que o cara deve ser muito gente boa!
Angra
Não podia faltar uma das bandas mais emblemáticas do Brasil, com a performance do Angra. Acompanho o grupo desde meados de 2003 e posso afirmar que estão em uma formação muito bem consolidada e com qualidade sonora sólida.
O setlist trouxe clássicos e músicas do mais recente álbum Cycles of Pain. O Angra guiou o público por uma jornada emocional e cheia de energia, desde a rítmica “Nothing to Say”, passando por “Vida Seca”, que não havia visto ao vivo até então, até o encerramento arrebatador com a dobradinha clássica de “Carry On” e “Nova Era”.
Destacando-se “Newborn Me” pelo peso aka djent e “Rebirth” que fez o festival inteiro cantar. A surpresa da vez foi com “Dead Man on Display”, uma das músicas mais elogiadas do último álbum e que estar ali ao invés de outro medalhão da banda, prova que o grupo não precisa viver apenas do passado. Good enough for Angra e para todos os presentes do festival – e estávamos apenas no meio da tarde!
Lacuna Coil
Agora sim! A ansiedade estava a mil para ver o show do Lacuna Coil depois que tivemos a oportunidade de entrevistar a Cristina Scabbia para o Suquinho! A banda, que vem diretamente da Itália apresentando o seu mais recente trabalho original, Black Anima, de 2019, se mostrou extremamente resistente ao calor brasileiro das 16h, tocando com todo o figurino produzido com blusas de manga longa e maquiagem pesada.
O setlist foi bem mais focado nas músicas do Black Anima e algumas mais recentes, mas isso não quer dizer que alguns antigos clássicos não tenham sido representados: entre cada sequência de marretadas como Apocalypse, Layers of Time e Sword of Anger, a banda selecionou algumas famosas como Trip The Darkness, Heaven’s a Lie (na sua nova versão regravada no Comalies XX) e Our Truth. O Brasil também teve a oportunidade de ouvir ao vivo pela primeira vez o novo single, In The Mean Time, uma pedrada no estilo moderno do Lacuna Coil, além de poder cantar junto com Cristina o lindo cover de Enjoy the Silence, do Depeche Mode, e também Never Dawn.
Devo dar destaque especial para a performance de Cristina Scabbia nos vocais. Toda vez que vejo o Lacuna Coil ao vivo, parece que essa mulher canta melhor! Finalizando com a versão nova de Swamped, que foi cantada em uníssono pela galera, o Lacuna frisou novamente o espírito de união entre os metaleiros, mantendo o estilo vivo e gritando pra todos ouvirem: Nothing Stands in Our Way!
Lacuna Coil – Trip the Darkness pic.twitter.com/eHxOeaUs5l
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Lacuna Coil – Heaven’s a Lie pic.twitter.com/OpicWsb6FJ
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Lacuna Coil – Enjoy the Silence pic.twitter.com/TcEBBc4x1m
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Lacuna Coil – Swamped pic.twitter.com/AmXvsz6PpM
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Lacuna Coil – Nothing Stands in Our Way pic.twitter.com/MtGB4sXOWO
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Hammerfall
No início da noite do Summer Breeze Brasil, o Hammerfall apresentou um setlist épico e poderoso, característico de seu power metal sueco. Desde “Brotherhood” até “Hearts on Fire”, a banda mostrou sua habilidade em comandar o palco e envolver a plateia com seu martelo do poder – com muitas mãos para o alto do público.
Do heavy metal tradicional a músicas mais speed, o Hammerfall mantém a chama viva do estilo e com muito entusiasmo, mesmo que anos atrás, tenha passado por problemas e com um quase fim da banda (leia aqui). Tenho que exaltar a performance de Joacim Cans, cantando muito bem e dentro de músicas que possibilitem uma limitação, já que canções mais altas não foram executadas nesse setlist como “Always Will Be”. Senti falta de “Glory to the Brave”, mas a inédita “Hail to the King”, que teve uma boa interação e aceitação do público em seu início, mostra que a banda vem forte para o vindouro álbum neste ano.
Epica
Na minha opinião, o melhor show de todo o Summer Breeze. O Epica subiu aos palcos por volta das 19h, e com o sol já dando uma trégua, assim que a poderosa Abyss of Time agraciou os ouvidos do público, ficou imediatamente evidente a diferença de produção que o Summer Breeze deu para as bandas que iriam fechar os palcos, as headliners. Se o sol não estava mais fervendo o nariz da galera, os lança-chamas colocados estrategicamente pelo palco do Epica o fariam.
O trabalho mais recente do Epica foi o álbum colaborativo The Alchemy Project, mas apenas a música The Final Lullaby fez parte do setlist. Dito isso, o Epica transitou em seu setlist por todos os 20 anos de carreira da banda, o que me surpreendeu muito positivamente. Iniciando com a absurda tríade Abyss of Time, The Essence of Silence e Victims of Contingency, representando a fase mais moderna da banda, Simone Simons resolveu viajar no tempo e voltar destruindo com Sensorium, uma das minhas músicas favoritas do primeiro álbum The Phantom Agony, de 2003.
Neste meio de show, o Epica passou pelas fases intermediárias, voltando aos álbuns Design Your Universe e The Quantum Enigma, mas me levaram à loucura quando iniciaram as primeiras notas de mais uma de minhas músicas favoritas, The Obsessive Devotion, do maravilhoso The Divine Conspiracy, de 2007. Após esta sequência, deram mais ênfase às fases modernas, com The Skeleton Key e Code of Life. Já demonstrei meu gosto pelas mulheres do metal ao destacar a performance de Cristina Scabbia em seu próprio show, mas pensa numa mulher que não tem nenhum defeito: esta é Simone Simons cantando no Epica. E imagina minha surpresa quando a Simone chamou a Cristina pra cantar Storm the Sorrow junto com ela? Facilmente um momento especial do show.
A sequência final foi tão espetacular quanto o resto. Simone frisou que a próxima música era a mais tocada da história do Epica, e não é pra menos: ela se refere à apropriadamente épica Cry For The Moon (The Embrace That Smothers, Pt. 4), que tenho certeza de ser a favorita de muita gente. A reta final foi continuada com a explosiva performance de Beyond the Matrix, onde todos os membros da banda demonstraram sua energia brincando e pulando no palco. Para finalizar, a banda demonstrou toda sua proeza instrumental com a longa e progressiva Consign to Oblivion, deixando um público animado, porém exausto, para a apresentação dos conterrâneos Within Temptation na sequência.
Epica – Abyss of Time pic.twitter.com/gRAXL9GbTp
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Epica – Obsessive Devotion pic.twitter.com/M4dJfp9Jgd
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Epica – Cry for the Moon pic.twitter.com/zGOg6Wbkq5
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Within Temptation
Grandioso. Esta é a palavra para a apresentação e fechamento do segundo dia de festival, com um Within Temptation muito entrosado em palco e muito bem coreografado com seus plugins, DAW e samplers. Sharon Den Adel conversou bastante com o público, desde o início do show, indicando problemas entre a multidão – provavelmente com alguém passando mal – até hasteando bandeira Ucrâniana e a colorida pró-LGBT na sequência, mostrando assim comprometida e atualizada com as situações globais, estas, temas recorrentes dos últimos álbuns da banda.
Pontualmente, às 20h15 temos as cornetas de “The Reckoning” e o som renovado e destoante daquele metal sinfônico noventista permeia por grande parte do show, aonde a banda não faz questão de performar grandes clássicos de outrora e sim, focar nos sintetizadores mais eletrônicos e guitarras djent de 8 cordas. Isso, claro, renovou o público e era notável também no festival, com pessoas de diversas faixas de idade.
Como fã da banda, desde os tempos de Mother Earth e The Silent Force, o coração ficou quentinho quando músicas como “Angels”, “Never Ending Story” (em formato acústico) e o fechamento de “Mother Earth” foram entoadas, pois como nunca havia visto a banda ao vivo, era o que eu mais estava ansioso. Mas entendo que a banda não vinha há dez anos e precisava atualizar o público com canções da última década. Destaco também “Wireless” e “Our Solemn Hour”, esta última, a melhor performance deste show.
Within Temptation – Angels pic.twitter.com/m9njmyNLex
— Suco de Mangá (@sucodm) May 6, 2024
Within Temptation – Stand My Ground pic.twitter.com/HtMQvWCH1s
— Suco de Mangá (@sucodm) May 6, 2024
Within Temptation – All I Need pic.twitter.com/gwj2ItFrd8
— Suco de Mangá (@sucodm) May 6, 2024
Within Temptation – The Cross pic.twitter.com/Yu19urOGKP
— Suco de Mangá (@sucodm) May 6, 2024
Textos por BELLAN e Renatão.
Fotos oficiais do festival: EQUIPE MHERMES ARTS