BELLAN
    BELLAN
    O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.

    EXPERIMENTE TAMBÉM

    Peso e Teatralidade marcam o 3º dia de Summer Breeze Brasil 2024

    O terceiro e último dia do Summer Breeze Brasil foi marcado pelo extremo, do thrash ao death metal. Estivemos por lá nos três dias de evento e focamos na cobertura dos shows, partindo da ideia de trazer bandas que mais se alinham a nossa editoria e também gosto pessoal.

    Vale lembrar nossas duas entrevistas, que entram como parte do trabalho feito para o festival com Cristina Scabbia, do Lacuna Coil (Leia AQUI) e Noora Louhimo, do Battle Beast (Leia AQUI).

    Leia também dos outros dois dias de festival:

    Sobre o Summer Breeze Brasil

    A segunda edição brasileira do tradicional festival alemão, Summer Breeze, aconteceu no último final de semana de abril, entre os dias 26 e 28 de abril, no Memorial da América Latina (São Paulo). O festival foi um sucesso e contou com a apresentação de grandes nomes do rock mundial como Mr. Big, Gene Simmons Band, Lacuna Coil, Hammerfall, Epica, Within Temptation, Anthrax, Mercyful Fate e Killswitch Engage, entre muitos outros. Foram dias de muita alegria – o público sorriu, chorou de emoção, assistiu aos shows dos seus artistas favoritos e viveu momentos inesquecíveis.

    Além das atrações musicais, o festival contou também com diversas experiências e ativações que tiveram grande aceitação do público. Entre elas, feira geek, Summer Expo Tattoo, Horror Expo, venda de vinis, espaço kids com monitoria, áreas de descanso, entre outras.

    Com uma recepção calorosa do público, a organização do festival Summer Breeze Open Air Brasil confirma sua terceira edição com dois dias para 2025. O festival ocorrerá nos dias 3 e 4 de maio de 2025, e desta vez terá um Warm-Up no dia 2 de maio, ambos no Memorial da América Latina. O Warm-Up, popularmente conhecido como esquenta, será um evento com ingressos limitados que acontecerá antes do início das atividades oficiais do festival.

    Outras informações em: www.summerbreezebrasil.com


    Torture Squad

    O dia do metal extremo no Summer Breeze não poderia começar sem um de seus representantes nacionais mais reconhecidos. Abrindo o palco Sun às 11 da manhã no domingo, o Torture Squad veio entregar um repertório focado em divulgar o trabalho mais recente da banda, Devilish, uma marretada de death metal melódico, liderado pela Mayara Puertas. As brabíssimas Hell is Coming, Flukeman e Buried Alive incitaram a primeira roda do domingão, e a galera estava animada para receber a banda brasileira.

    Depois de um leve retorno às raízes tocando músicas mais antigas da discografia da banda, com Hellbound e Murder of a God, Mayara convocou ao palco a Leather Leone para tocar For Those Who Dare de sua ex-banda icônica Chastain, e encerrou a primeira paulada do dia com Warrior e Chaos Corporation, deixando os fãs quentes para todo um dia de pancadaria.

    Summer Breeze 2024 torture squad
    Foto por: Alessandra Tolc

    While She Sleeps

    O While She Sleeps botou pra quebrar no Hot Stage do Summer Breeze Brasil, no domingo! O pessoal tava todo ligado nesse quinteto: Lawrence Taylor nos vocais, Sean Long e Mat Welsh nas guitarras, Aaran McKenzie no baixo e Adam Savage na bateria.

    Apesar do solão, a galera compareceu pra curtir o show. Era uma mistura de galera jovem querendo curtir um metalzão na faixa do meio-dia. E as músicas? Começaram com um metalcore moderno, tipo “SLEEPS SOCIETY”, “ANTI-SOCIAL” e “You Are All You Need”. Até quem não estava acostumado com o som se rendeu logo de cara, apesar d’eu achar as guitarras magrinhas demais.

    E teve momentos épicos com “THE GUILTY PARTY” e formou um moshpit gigante na pista. “Four Walls” e “Silence Speaks” também bombaram, principalmente por causa do vibe dos anos 2010. Ah, e os caras suaram a camisa, literalmente! O Lawrence Taylor não aguentou o calorão e teve que se jogar água várias vezes pra se refrescar. Mas mesmo assim, não parou de interagir com a galera, até se aventurou num crowd surfing! E pra fechar com chave de ouro, na música “SYSTEMATIC”, ele botou a galera toda pra se abaixar e levantar só na dele.

    Summer Breeze 2024 While She Sleeps
    Foto por: @diegopadilha

    Overkill

    O Overkill é uma das bandas do thrash metal old-school norte americano que nunca passou por todas as mudanças de estilo que bandas como Metallica e Megadeth passaram, e por isso nunca fizeram o sucesso estrondoso para entrar para os “Big Four” do thrash metal. No entanto, a banda, que teve vários integrantes ao longo dos anos, sempre continuou produzindo o que amava, o thrash metal mais puro. Como resultado, o Overkill poderia escolher dentre uma discografia gigantesca, contendo 20 discos desde os anos 80, para montar seu setlist.

    Eles escolheram selecionar músicas de vários momentos da carreira, começando com o mais novo lançamento, Scorched, de 2023, e depois passando por várias porradas vindas dos álbuns dos anos 2010. Aqui e ali, os senhores lançavam uma braba dos anos 80, como Hello From the Gutter, Horrorscope e Elimination. O pessoal mais jovem, no entanto, se agitou muito mais com as músicas recentes, particularmente arrebentando tudo com Bring Me The Night, Electric Rattlesnake e o clássico do thrash moderno, Ironbound. Encerrando com as divertidas Rotten to the Core e o cover de Fuck You, os velhos mostraram que ainda estão firmes para fazer um dos shows mais divertidos do festival.

    Summer Breeze 2024
    Foto por: @diegopadilha

    Battle Beast

    O Battle Beast veio direto da Finlândia e finalmente deu o ar da graça aqui em São Paulo, no Summer Breeze! Só que olha, demorou mais de dez anos desde que eles estrearam pra aparecerem por aqui, viu? Parece que a gente tá meio atrasadinho no rolê do power metal dançante. Noora Rainha, que linda estreia aqui no Brasil!

    Summer Breeze 2024 battle beast
    Foto por: Alessandra Tolc

    O setlist foi uma mistura de músicas do último álbum, “Circus of Doom”, com uns clássicos tipo “Bringer of Pain”. E olha, teve momento que o público estava na vibe Rocky Balboa treinando, sério! Adoro a forma como a banda monta seu show, mesclando bases pré-gravadas ao vocal poderoso da finlandesa, dando margem para brincar e experimentar junto com o público.

    É muito legal ter bandas do tipo se apresentando no Brasil, pois até alguns anos atrás, parecia possível, mas graças ao festival, podemos ter um vislumbre do que tá por vir, principalmente com bandas em recente exposição na Europa. Abaixo, um casal que encontrei por lá com sua Noorinha, uma graça não é?

    noorinha battle beast
    Foto por: @brunobellan

    Avatar

    Opa! Quem é que lembra da banda no show de abertura do Iron Maiden em 2022 (leia AQUI). Foi um prazer recebê-los novamente, agora em um festival dedicado ao heavy metal, já que não conseguiram tanta aceitação entre os fãs da donzela, por aqui, e pelo que senti do público, saíram-se muito bem com quem assistiu a performance teatral.

    No palco, a banda mandou ver, aproveitando o clima de festival e o pessoal que estava lá pra ver se eles eram tudo isso mesmo. Musicalmente, ainda tão procurando um jeito de se destacar, mas o vocalista, Johannes Eckerström, é um showman nato! Só que tem uma galera mais tradicional que não curte muito o jeito descontraído dele – e até mesmo no festival eu achei que ele fala um pouco demais. Dava pra tocar mais uma música…

    E olha só, o giro deles, chamado de The Great Metal Circus, é pra divulgar o álbum “Dance Devil Dance” (2023). E teve umas músicas desse disco no show, tipo “Chimp Mosh Pit” e “The Dirt I’m Buried In”, que foi o ponto alto da apresentação deles, junto com minha música preferida “Colossus”. De Marilyn Manson, Rammstein ao Death Metal Melódico, a banda tem de tudo para ficar grande e cair no gosto do metalerinho mais jovem.

    Summer Breeze 2024 avatar
    Foto por: @diegopadilha

    Carcass

    Uma das bandas mais aguardadas de todo o festival, donos de alguns dos álbuns mais icônicos e celebrados do death metal mundial, criadores de todo um gênero de death metal melódico com seu seminal trabalho Heartwork, de 1993, o Carcass tomou o palco na tarde quente do domingo do Summer Breeze, abrindo com o clássico riff de Buried Dreams. Isso já levou os fãs de death metal à loucura, mas a banda continuou entregando violentas pedradas do mais novo trabalho de estúdio, o Torn Arteries, de 2021, com Kelly’s Meat Emporium e Under The Scalpel Blade alternadas entre Incarnated Solvent Abuse e This Mortal Coil, duas pedradas das antigas que me fizeram quase chorar de emoção.

    Summer Breeze 2024
    Foto por: @MarcosHermes

    Neste momento, o baixista/vocalista Jeff Walker já estava visivelmente sofrendo com o forte calor brasileiro das três da tarde. Mas ainda soltou uma risada da galera ao dizer que muitas bandas dos anos 80 faziam parte do festival, e todas elas tinham algo em comum: lançado uns álbuns meio bosta nos anos 90, e que eles não eram exceção! Então lançaram-se em dois medleys com músicas do fatídico Swan Song, com Dance of Ixtab misturada no meio para manter o Torn Arteries em mente.

    Na reta final do show, infelizmente, Jeff Walker realmente passou mal com o sol no rosto e precisou sentar-se para continuar tocando The Scythe’s Remorseless Swing e 316L Grade Surgical Steel. Isso não impediu que a banda continuasse tocando, no entanto, e um membro da equipe do Carcass veio colocar um saco de gelo na cabeça de Walker, que tocou o resto do setlist equilibrando o saco de gelo e pedindo desculpas à plateia. Suponho que ele foi desculpado, já que todo mundo foi à loucura ao ouvir o sample clínico de Corporal Jigsore Quandary, e muito mais ainda quando o Carcass interrompeu a nojenta Ruptured In Purulence para iniciar o riff delicioso de Heartwork, um dos momentos que eu mais esperava no festival inteiro. Ainda pedindo desculpas por passar mal, Walker encerrou a performance da banda com Tools of the Trade, fechando mais um show memorável do dia mais extremo do festival.

    bill steer passando calor
    Foto por: @brunobellan

     

    Killswitch Engage

    Olha, eu juro que achei que o meu show favorito do domingo seria o do Carcass. De fato, era o que eu mais esperava, já que o Killswitch Engage eu já tinha visto lá em 2013 no Monsters of Rock. O que eu não imaginava é que eles ficaram ainda melhores ao vivo com esses dez anos. Alguns problemas técnicos de guitarras e microfones não funcionando atrapalharam um pouco a abertura do show em My Curse, mas estes rapidamente foram consertados para entregar o melhor setlist que já vi dos reis do Metalcore.

    O vocalista Howard Jones infelizmente não faz mais parte da banda, mas desde seu retorno em 2013, o vocal original Jesse Leach provou que aprendeu bem a cantar e entrega performances espetaculares das músicas cantadas por seu colega. This Fire, em particular, tem um dos meus riffs favoritos do KSE, e olha que eles têm muitos riffs espetaculares! Reckoning e The Arms of Sorrow continuaram explorando os discos do meio da carreira, e me emocionando cada vez mais. Até a música favorita do Bellan, In Due Time, entrou nesse início de show, e estamos falando só do começo!

    Summer Breeze 2024 killswitch engage
    Foto por: @raphagarcia

    Algumas surpresas surgiram no miolo do setlist, com a banda apresentando a marretada que é A Bid Farewell, seguida de Beyond the Flames. Então, uma sequência focada nos dois mais recentes lançamentos da banda, o Atonement, de 2019, e o Incarnate, de 2016, com Signal Fire sendo o mais óbvio destaque, mas incluindo também The Crownless King, música que, no álbum, tem participação especial do vocalista Chuck Billy, do Testament.

    Para entrar na reta final, o nosso querido guitarrista e um dos maiores produtores do Metalcore, Adam Dutkiewicz (que a gente carinhosamente chama de Evandro Mesquita do metal) pediu que a galera abrisse a maior roda que pudessem. E eu acredito que foi a maior roda do festival inteiro, que nem o Anthrax conseguiu superar na sequência, quando Rose of Sharyn explodiu nos amplificadores do Summer Breeze. A sequência final foi avassaladora: além de Strength of the Mind e This is Absolution, o que não poderia faltar era a balada mais clássica e conhecida da banda, The End of Heartache. A banda finalizou com My Last Serenade e com o também clássico cover do lendário Ronnie James Dio, Holy Diver, que uniu os velhos e jovens metaleiros na mesma roda com maestria.

    Summer Breeze 2024 killswitch engage
    Foto por: @raphagarcia

     

    Amorphis

    A banda finlandesa Amorphis já está na estrada há mais de três décadas, e olha, eles passaram por várias fases ao longo desse tempo! Death metal, metal melódico, doom… e acompanho desde o álbum de 2006, Eclipse. Já são quase 20 anos, e este era um dos shows que eu mais estava aguardando.

    Uma coisa que nunca mudou foi a pegada temática deles, sempre inspirada no folclore finlandês e ambientação soturna. No último dia de Summer Breeze Brasil, os caras escolheram um setlist que misturou músicas do álbum mais recente, “Halo” (2022), com alguns dos grandes sucessos que marcaram a trajetória da banda, tipo “Tales from the Thousand Lakes” (1994) e “Skyforger” (2009).

    O show teve uma vibe meio sombria, com o palco mergulhado na penumbra na maior parte do tempo, e o Sun Stage – que podia ser chamado de Moon Stage nesse momento – estava com um público muito que dava para sacar que era fã da banda. O vocalista Tomi Joutsen mandou super bem, alternando entre os vocais limpos e guturais com uma facilidade incrível de sempre, por sinal, uma das minhas maiores inspirações vocais. E olha, a galera não decepcionou quando foi chamada pra cantar junto em “House of Sleep” e o momento que eu destaco foi com “The Four Wise Ones”, com backtracking da falecida Aleah Stanbridge (Trees of Eternity). Emocionante e Doom em sua plenitude.

    Summer Breeze 2024
    Foto por: Alessandra Tolc

    Anthrax

    Dentre todos esses dias a gente falou muito sobre o Bay Area Thrash, os grandes nomes do thrash metal oitentista, que foram extremamente importantes para todo o surgimento do metal extremo. Nesta cena, as mais vendáveis ficaram conhecidas como o “Big Four” do thrash metal: Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax. Sem dúvida, o Summer Breeze não poderia deixar de incluir uma dessas para ser headliner de um festival tão recheado de thrash metal, e o Anthrax veio na noite do domingo cumprir essa cota!

    Ficou claro que muita gente estava aguardando ansiosamente pela entrada do Anthrax no palco do Summer, já que se formou uma roda violenta cheia de sinalizadores acesos assim que as primeiras notas de Among the Living encheram o Memorial. Essa animação continuou durante Caught In a Mosh, música obrigatória em qualquer setlist do Anthrax, e então a banda deu sequência a um set bem recheado de músicas de sua fase oitentista. Eu, particularmente, sou muito fã dos discos mais recentes da banda, o Worship Music, de 2012, e o For All Kings, de 2016, mas nunca que eu vou dizer não para um set contendo Madhouse, Metal Thrashing Mad e Efilnikufesin em sequência, né?

    Uma pergunta que a gente fez durante o festival todo foi respondida durante o set do Anthrax: quando é que o Andreas Kisser vai aparecer pra tocar alguma coisa, ein? E foi justamente quando Scott Ian chamou o guitarrista brasileiro, que já fez turnês com o Anthrax antes, para tocar I Am the Law. A única passagem do grupo pelos álbuns modernos foi com a performance de In The End, e rapidamente retornando para a reta final do show, com Medusa, Got the Time e A.I.R. Encerrando com uma longa performance com direito a wall of death, o Anthrax arrebentou tudo tocando Indians, uma de minhas músicas favoritas, fechando perfeitamente a participação do thrash old-school no festival.

    Summer Breeze 2024 anthrax
    Foto por: @marcoshermes

     

    Mercyful Fate

    Bora falar sobre o final épico do Summer Breeze Brasil 2024 com a missa negra do Mercyful Fate! A galera transformou o palco num verdadeiro templo satânico, com direito a tudo: altar, pentagrama, cruz invertida… Um clima bem dark pra fechar o festival! Para quem estava próximo das grades de entrada, podia ver alguns grupos de religiosos rezando do lado de fora, para você sentir o clima.

    O King Diamond e sua trupe mandaram ver nos clássicos, mostrando por que os álbuns “Melissa” e “Don’t Break the Oath” são tão icônicos no metal. Teve até uma música nova no meio, a ótima “The Jackal of Salzburg”, que deixou a galera curiosa pra ver o que vem por aí – se é que vem.

    Com um visual bem sinistro e uma performance cheia de energia, o King não deixou ninguém parado e não perdeu sua majestade! Rolou momentos de brincadeira e bastante interação com o público, muito carismático, também apresentou a baixista Becky Baldwin que passou a integrar a banda formalmente.

    Carinhosamente apelido a banda de “Mercyfufu” e meus destaques ficam para as que eu mais ouvi na vida, com “Curse of the Pharaohs”,  “Melissa” e “Come to the Sabbath”. Para fechar com chave de ouro, teve “Satan’s Fall”, encerrando o festival em grande estilo!

    Summer Breeze 2024 mercyful fate
    Foto por: @MarcosHermes

    Textos por BELLAN Renatão.

    Fotos oficiais do festival: EQUIPE MHERMES ARTS 

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    O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.

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