A codeBuddy é uma escola de programação que esteve presente no Inova Arena. Após entrar em contato com o SUCO e fazer um convite para bater um papo e conhecer mais dessa participação na Game XP, o que encontramos foi um trabalho interessantíssimo de parceria em aprendizado de línguas e preocupação em aplicar os conhecimentos adquiridos para ajudar as pessoas e o seu meio.

Nessa matéria você confere uma conversa com o diretor da codeBuddy, Eduardo Honzak, com os alunos vencedores do desafio Change the World e com Giselle Santos, Coordenadora de Inovação da Spot Educação, que é a holding que engloba a Cultura Inglesa de cinco estados e a codeBuddy.

COM EDUARDO HONZAK, DIRETOR DA CODEBUDDY

Conte-nos um pouco sobre a codeBuddy e sobre a participação de vocês na Game XP 2019

Eduardo Honzak: A codeBuddy entrou como uma empresa parceira da GameXP, então somos a única escola de programação presente no evento. Nossa escola foca em ensinar de uma maneira dinâmica, desenvolvendo várias dimensões do aprendizado além da lógico-matemática.

Esse tipo de ensino multidimensional é algo que o ensino público vem tentando aplicar já tem um tempo, com dificuldades. Queria até perguntar, como alguém com formação em ensino, como vocês trabalham essa forma de educar? Essa iniciativa já rendeu algum reconhecimento por parte de alguma instituição de educação?

Boa pergunta! Primeiro a gente tem que perceber um problema que a educação de massa enfrenta: ela acaba nivelando várias pessoas em uma turma e exclui quem não se encaixa nesse nivelamento. Então ao invés de seguir num estilo mais cartesiano e rígido de certo e errado, aqui na codeBuddy a gente investe num ensino lúdico, que nem por isso deixa de ser sério. A tentativa é apoiar o desenvolvimento de cada aluno, de maneira autônoma, tanto é que nossos professores agem mais como auxiliadores, ajudando em alguma dificuldade específica. No nosso ano letivo, cada aluno pode iniciar sua matrícula quando desejar, então a gente tem no final uma turma inteira empenhada, pois todos acabam sendo individualmente acompanhados.

Poderia falar um pouco sobre o Change The World, que trouxe três alunos para conhecer o evento?

A ideia desse desafio era que os alunos de todo o Brasil usassem a tecnologia para criar soluções que ajudassem o mundo real. Então tivemos o Nathan, que criou um jogo para conscientizar as pessoas sobre o risco de extinção de uma espécie de sagui em Petrópolis, pra ajudar as pessoas a entender mais sobre o problema e ajudar na preservação dessa espécie. Outro aluno, o Felipe, criou uma bengala para ajudar pessoas com deficiência visual, que apita conforme ela vai detectando um obstáculo pelo caminho. Foi uma coisa bem bacana, ele trouxe algo da realidade familiar, de alguém que já tinha problema de visão, criando um auxílio possível não só para sua família como para toda a população. Esse projeto foi criado em parceria com a Game XP e a gente ficou bem feliz de ver esses alunos aprendendo a criar soluções com a ajuda de um ensino criativo que os ensina a pensar, a raciocinar, e transformar esse aprendizado em algo para quem está necessitado.

Para alguns o nome “codeBuddy” pode soar inédito. Há quanto tempo você estão ativos e até onde tem ido essa abrangência de vocês pelo Brasil?

A codeBuddy começou a quatro anos, em Belo Horizonte e de lá começou a expandir. O grupo Spot Educação, que adquiriu a Cultura Inglesa, adquiriu a codeBuddy tem mais ou menos um ano e quando entramos, a gente continuou em expansão e hoje contamos com cerca de 40 unidades em operação, com previsão de fechar esse ano com 50 unidades. Nós já estamos no Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, então a gente está espalhado em diversas cidades do Brasil.

Eduardo Honzak e o Nathan, que fez seu próprio jogo com apenas 9 anos!


VENCEDORES DO DESAFIO CHANGE THE WORLD

Como disse Eduardo Honzak, o desafio Change The World foi um projeto em parceria com a GameXP que premiou três alunos da codeBuddy em três categorias de idades. O desafio era construir algum projeto a partir dos conhecimentos adquiridos no curso que fossem benéficos para a comunidade. Também fizemos umas perguntas rápidas para saber um pouco mais do que foi ter participado e ganhado o concurso.

NATHAN

O Nathan, de apenas 10 anos ganhou em sua categoria por fazer um jogo! Nele, o objetivo é salvar o maior número de auritas, uma espécie de sagui em risco de extinção que vive na serra de Petrópolis, sua cidade natal. O jogador deve evitar os caçadores, o fogo das queimadas e o lixo, para poder resgatar os animais.

Qual foi a reação dos amigos e da família após o resultado do desafio e com o destaque que o game teve?

Impressionante. A gente não tinha noção que ia chamar tanto a atenção para essa causa. Porque é claro que entramos no desafio com vontade de ganhar, mas quando vem a notícia, a gente explode de emoção!

Como que se deu esse contato com os auritas?

Em dezembro de 2018, jogando Pokémon GO em Petrópolis, conhecemos uma pessoa que faz parte do Programa de Conservação dos Sagui-da-serra. O tio Ale fez jogos de tabuleiro, cartas e revista em quadrinhos sobre o Aurita. De lá pra cá, estamos cada vez mais envolvidos com esse projeto, e não perdemos a oportunidade de criar um jogo sobre o macaquinho que está ameaçado de extinção.

Como foi a experiência de criar o jogo e programar os obstáculos?

Foi rápido, terminei em pouco mais de um dia. Usei meu Projeto X da codeBuddy como ideia para o Jogo do Aurita. Esse Projeto é feito duas vezes ao ano antes das férias. Minha mãe me ajudou com as imagens. E usamos obstáculos reais que os Auritas enfrentam na floresta que é o fogo, caçadores e o lixo.

FILIPE

codebuddy game xp 2019

O Filipe é um rapaz, pra nossa surpresa, muito bem articulado pra alguém de sua idade. No sábado, ele comentou um pouco sobre seu projeto, uma bengala que auxilia deficientes visuais ao detectar obstáculos, bem como a reação de parentes e conterrâneos de Itajaí, em Santa Catarina.

No seu vídeo enviado para o concurso, você disse que teve a ideia de fazer esse projeto por causa de uma prima com problemas de visão. Como foi a reação dela ao saber que tinha servido de inspiração, ainda mais agora que você foi escolhido como um dos vencedores?

Minha prima não ficou tão emocionada assim, mas quem ficou desse jeito foi a mãe dela. Ela não esperava que alguém fosse pensar na filha e ajudar-la a esse ponto. A mãe não conseguiu entender muito bem a explicação, mas quando viu a bengala funcionando ela ficou bastante emocionada e minha prima gostou bastante quando usou, achou bem fácil de manusear.

E parece que você já foi procurado até pela tv de sua cidade, Itajaí, aparecendo até em reportagem não é? Como tem sido essa atenção de familiares, amigos e até de emissoras?

Sim, minha família me apoiou desde o começo e muitos me ajudaram e me deram ideias do que fazer. Nenhum ficou de cara amarrada comigo, foi um grande apoio do início até o fim.

E sobre sua invenção, fale um pouco mais do processo de criação dessa bengala, da construção do circuito do sensor a outros detalhes.

Usei o Arduíno, que é uma placa de comando, aí eu programei tudo e botei numa protoboard. Lá eu programei os circuitos e os sensores que apitam quando sentem algum obstáculo por perto. Agora meu foco é melhorar meu projeto.

RAISSA

codebuddy game xp 2019

A Raissa, de 14 anos, foi a última vencedora a comparecer na Game XP, no domingo. Ela veio da Bahia e também contou pra gente sobre seu projeto: um aplicativo informativo sobre questões relativas à obesidade, como sintomas ou formas de tratamento.

Quando foi que a questão da obesidade te chamou a atenção a ponto de te levar ao seu projeto?

Em 2017 eu estava numa aula de redação e a professora propôs que fizéssemos uma redação com esse tema. E aí eu percebi que não tem muita coisa no mercado assim, sobre informação, e aí eu resolvi unir meu aprendizado aqui na escola e fiz esse aplicativo voltado para o problema da obesidade infantil.

E como a ideia foi recebida durante a execução e depois da premiação?

O pessoal achou legal a ideia, e é claro que quando você ganha uma competição dessas a atenção que você recebe é bem maior.

E sobre o desenvolvimento do aplicativo, como é que ele funciona? Ele tem alguma mecânica de busca que atualiza o aplicativo sobre o tema da obesidade ou funciona de maneira manual, como num site?

Por enquanto eu mesma vou colocando lá as reportagens e os links e o aplicativo vai lançando. Com certeza, eu pretendo lançar alguma ferramenta pra otimizar esse processo para o usuário.


GISELE SANTOS: SOBRE A PARCERIA ENTRE CODEBUDDY E CULTURA INGLESA

Na GameXP, a codeBuddy e a Cultura Inglesa estavam promovendo uma parceria, lado a lado durante o evento, focando no ensino de línguas: de programação e o ingles. Pra finalizar essa matéria, conversamos com a idealizadora dessa união, a Gisele Santos.

Primeiramente, poderia se apresentar para os nossos leitores?

Meu nome é Gisele Santos, eu sou head de inovação acadêmica na Spot Educação, que engloba tanto a Cultura Inglesa quanto a codeBuddy. Também sou google inovator e google expert de produtos google envolvendo educação.

E sobre seu envolvimento com a educação, como você começou?

Essa história é interessante, porque eu estou no ramo da educação há 25 anos. E esse meu envolvimento com a tecnologia começou justamente por eu ter tirado uma nota baixa em tecnologia, o que me fez perceber que eu precisava de ajuda de mais pessoas nessa luta. A partir daí eu fui aprendendo mais e mais, compartilhando o que eu aprendia até chegar aqui, podendo compartilhar aprendizado não só no Brasil como fora.

A proposta dessa parceria entre codeBuddy e a Cultura Inglesa envolve o aprendizado de duas línguas bastante difundidas, que é o inglês e a linguagem de programação. Eu gostaria que você comentasse um pouco mais sobre esse casamento.

Eu acho que é super importante a gente entender essa interface que o inglês tem com a programação. A gente tá caminhando para o futuro, mas não podemos esquecer que já no presente elas são duas línguas importantes e atuais, o inglês sendo falado pelo mundo inteiro e a programação ajuda até a entender a aplicação dessa língua. Acho que é um casamento bonito que ainda vai render muitos frutos.

Por último, já que você tem um envolvimento acadêmico com a educação, quais são os seus pensamentos sobre o uso da tecnologia como meio de inovação na educação, uma vez que o nosso sistema de ensino ainda se mostra muito cético com essas propostas?

Tem alguns pontos importantes que eu gostaria de frisar. Um deles é que o mundo não pode parar quando a gente entra na escola. É uma coisa que vem acontecendo muito: a gente entra na escola e acabou o mundo lá fora. Ao invés de ser um obstáculo, o mundo precisar ser bem-vindo e integrado na vida escola. A segunda coisa importante a ser entendida é que a tecnologia não é o foco; no final das contas o foco está no ser humano. Ao invés de ser um fim em si mesmo, a tecnologia, como um meio, baseada no ser humano, é que vai importar pra gerar entendimento mútuo entre culturas distintas e promover a empatia. É nesse sentido que vejo a importância do uso da tecnologia para melhorar a tecnologia.


codebuddy game xp 2019

O Inova Arena chamou a atenção por ser um espaço que, sem deixar de ser lúdico, se prestou a ser um espaço de edificação, dedicado a mostrar o que se pode construir e o que está sendo construído para o futuro com a ajuda da tecnologia. O foco pelo ensino cativou a atenção deste autor em específico, já que tem formação em ensino. Foi uma experiência interessante ver gente tão nova já construindo algo para o mundo e, nesse processo, construindo algo para a própria vida, já que essas iniciativas nunca deixam de render frutos para quem se engaja num trabalho. No geral, costumamos achar que só podemos construir algo por nós mesmos depois da maioridade. Isso porque não falta quem se sinta impotente e incapaz de construir algo bem depois dos 18 anos. Assim, poder ver crianças e adolescentes sendo estimuladas a criar um degrau para a própria vida desde cedo dá um pouquinho de esperança para o futuro.

O SUCO agradece o convite para acompanhar o trabalho da codeBuddy e este autor agradece em especial a Mariana e o Christian pelo apoio prestado no evento. Até uma próxima vez!

Acesse também o SITE OFICIAL da codeBuddy.

Fotos por Belga e codeBuddy