CHOKE é uma banda imprevisível e incomparável. Seu estilo próprio com elementos de nu-metal, djent, rap, e mais, a retratação da desesperança em suas letras e, como se fosse pouco, ainda inclui o visual kei, tornado CHOKE uma mistura dissonante e totalmente única.

E aí, fã de metal, quer conhecer algo totalmente novo, com um som rápido, intenso, com riffs distorcidos e linhas de baixo bem pesadas? Veja o que os meninos do CHOKE tem a dizer sobre seu trabalho!


Como essa é nossa primeira entrevista, vocês podem se apresentar pra nós?

REON: Sou REON, encarregado de escrever as letras de todas as músicas.

B5: Sou o baixista, B5. As músicas de CHOKE usam principalmente baixo com 5 cordas. As pessoas tendem a achar que sou assustador por causa da máscara que uso. Mas eu não sou realmente assustador, acredito que sou a pessoa mais fácil de se conversar.

KVYA NONO: Sou o guitarrista, KVYA NONO, toco uma guitarra Ibanez com 8 cordas. Faço toda a parte de composição, mixagem e masterização.

Por que “CHOKE” para o nome da banda? Sobre o que se trata “CHOKE”? [em português, “CHOKE” significa “sufocar”]

KVYA NONO: No Japão, nomes de banda longos são populares. Nós odiamos seguir tendências, então nós queríamos um nome que fosse curto mas também fosse impactante.

REON: Tem uma gíria de hip hop sobre “entrar em pânico”, então “CHOKE” veio na minha cabeça. Achei que era um bom nome e os outros membros concordaram. Foi assim que decidimos.

B5: Quando REON sugeriu o nome senti que combinava perfeitamente.

Para os nossos leitores que ainda não conhecem a banda, por onde vocês recomendam que eles comecem a ouvir CHOKE?

REON:Fuck It” é uma música agressiva e é bem fácil de entender. De toda forma, me pergunto se novos ouvintes vão achar interessante a progressão caótica dessa faixa.

KVYA NONO: Acho que nossa última música “The Human Anthen” é boa pra começar. Eu a fiz com a intenção de ser uma música introdutória pra CHOKE, por isso, essa deve ser a primeira música que eu gostaria que as pessoas ouvissem. Além do mais, está disponível nas plataformas de streaming.

B5: “No problem at all”, eu acho. Também está nas plataformas de streaming. As pessoas também podem dar uma olhada pelo YouTube.

Para conhecer vocês ainda melhor, quais são as influências pessoais que os levaram a criar a CHOKE?

B5: Pessoalmente, minha maior influência é o nu-metal e rap-metal dos anos 90 e do começo dos anos 2000. Bandas como Korn, Deftones, Hed.PE, etc. Ainda me lembro do choque de ouvir as músicas dessas bandas pela primeira vez. Nem preciso dizer que também me interesso por outras bandas de metal e hardcore. Tendo essas raízes eu realmente quero fazer a música que eu amo; mas ainda não trabalhei [nisso] por tanto tempo. Estive a ponto de desistir quando tive a chance de trabalhar com CHOKE. Agora estou feliz que posso fazer música que gosto.

REON: Eu gosto de nu-metal e rap-metal; então, acho que eu gostaria de fazer uma banda com esse estilo se tivesse chance. Conheci os outros membros que, coincidentemente, também tem os mesmos planos que eu e puderam formar a banda.

KVYA NONO: Pensei que, se combinasse nu-metal e djent eu conseguiria criar música nova que ninguém nunca tivesse ouvido. Quando criança tive uma fase em que estava obcecado com hip hop. Eu queria recriar aquele sentimento de “descobrir músicas novas” que eu tive naquela época com o CHOKE! Nós ainda estamos no meio desse desafio.

Vocês criaram uma banda bem “misturada”, há vários elementos misturados ao metal, de onde veio a ideia de misturar tudo isso?

REON: Achei que seria sem sentido fazer uma banda que apenas copia os estilos que já existem. Quando eu pensei sobre o que queria trazer para a música atual e para a cena do metal, eu sempre tive um desejo de entregar um tipo de música único e de primeira. Não é um conceito artificial, nasce de um sentimento instintivo.

KVYA NONO: Para nós, “único e de primeira” significa “criar música fresca”. É por isso que sigo olhando os lançamentos mais recentes e, com certeza, estudo as músicas do passado também.

B5: Pessoalmente, desde criança, cresci ouvindo bandas que misturavam vários elementos em suas músicas. Por isso, foi muito natural pra mim fazer esse tipo de música.

KVYA NONO: Como resultado, misturar elementos dá uma sensação inovadora e soa como algo bem característico do CHOKE. Talvez, tenha algum dia em que fazer coisas simples pareça algo natural pra nós. De fato, estou me aproximando dessa ideia.

Quando nós pensamos sobre uma “banda de visual kei” não exatamente esperamos algo como CHOKE, por que incorporar o elemento visual a CHOKE?

B5: Sempre achei bom ter diversidade, no final, somos todos diferentes. Tá tudo bem se você não se parece com os outros, não há regra desse tipo.

REON: Como eu disse antes, ser uma banda estereotipada de visual kei me parecia totalmente sem sentido. Certamente, é bom ser uma banda de visual kei que parece atrativa para estrangeiros, mas CHOKE tem valores diferentes.

B5: É isso. Vocês não acham que já tem muitas bandas similares? Ser diferente é intimidador, mas ir com a multidão é horrível pra mim. É só, não-natural. Esse mundo é cheio de vários tipos de música. Nós não queremos ser outra pessoa, queremos criar algo original a CHOKE.

KVYA NONO: O que mais me surpreendeu quando começamos CHOKE foram todos os preconceitos enraizados na indústria musical. Especialmente por parte dos artistas, há muita gente com a mente fechada. Isso se torna inevitável porque é mais fácil se vender se se colocar sob algum selo, mas isso é chato. Não sou contra continuar sendo chamado de visual kei, mas eu não sou contra quem não nos considerar visual kei. Eu não presto atenção a divisões de gêneros.

Sabemos que vocês tem uma grande base de fãs estrangeiros, inclusive, vocês tem uma loja especifica para atendê-los, além de mídia separada e traduzida em inglês, o contato com fãs fora do Japão influencia a maneira como vocês fazem música?

B5: Fico feliz que pessoas ao redor do mundo estão ouvindo a nossa música.

KVYA NONO: Eu recebi muito apoio dos fãs estrangeiros, especialmente depois do início da pandemia de COVID-19. Durante o tempo em que os shows não eram permitidos, nós tivemos uma boa resposta na nossa loja oficial e muitas mensagens encorajadoras no Facebook. Sou realmente grato a isso.

B5: Em termos de música, a opinião dos outros não nos influencia. É mais importante para nós criar a música que queremos criar e performar no momento. Obviamente, haverá pessoas que gostam e não gostam da nossa música. Não podemos nos forçar a ouvir música que não gostamos.

REON: Quanto as letras e as minhas próprias performances, acho que sou aberto a receber influência da resposta e comentários das pessoas. Independente da nacionalidade, eu vou ouvir qualquer opinião construtiva.

KVYA NONO: É só a minha percepção, acho que nós somos uma banda que ouve atentamente a opinião dos outros, mas a descartamos logo depois. Porque todos nós, seres humanos, somos perversos.

Com a epidemia de COVID-19 vários artistas estão tendo dificuldade em trabalhar, como o COVID-19 afetou vocês?

REON: Como outras bandas, foi um período agitado quando tivemos que fazer mudanças em nossa programação e planos de shows. Espero que todos os problemas que o corona vírus carregou possam ser resolvidos em breve.

B5: Todos os artistas ao redor do mundo estão na mesma posição. Acho que ainda teremos que enfrentar muitas dificuldades, mas devemos nos concentrar em fazer o que podemos fazer no momento.

KVYA NONO: Estamos passando por essa situação com uma atitude positiva e seguimos em frente. Por isso, como CHOKE, não nos preocupamos. No entanto, o mundo está realmente em uma situação de emergência. Estamos muito preocupados com as pessoas no Brasil.

Artistas japoneses geralmente não são tão focados em alcançar públicos fora do Japão, compor em inglês é uma forma de alcançar a audiência estrangeira?

REON: Sinto que as palavras para as letras são selecionadas pra combinar com a imagem de cada música. Mesmo que eu tenha um forte desejo em enviar minha mensagem não apenas para o Japão mas também para o resto do mundo, eu não quero esquecer que, antes de mais nada, eu sou uma pessoa japonesa.

B5: Basicamente, cabe ao REON escolher se as letras são em japonês ou inglês. Existem mais de 190 países além do Japão, então é absurdo apelar apenas para o mercado japonês. Acho que muito mais gente ouviria nossa música se ela fosse promovida apropriadamente. As letras são importantes, mas é mais crucial fazer promoção em inglês. Muita gente pode gostar da música mesmo sem entender as letras. Bom, eu acho que sim.

KVYA NONO: Nós falamos bastante sobre a importância de nos promover em inglês desde a formação da banda. Parece que tem dado frutos recentemente.

Vocês tem planos de visitar algum país após a pandemia de COVID-19 acabar?

B5: ninguém sabe como a situação do corona vírus vai estar no futuro, mas eu gostaria de manter a fé.

REON: não conseguimos prever quando a crise vai acabar e isso é realmente frustrante. De toda forma, nós ainda queremos fazer turnês no exterior.

KVYA NONO: se nós recebermos um convite para nos apresentarmos no exterior de uma organizadora de eventos, nós definitivamente vamos aceitá-lo. Nosso maior objetivo é fazer turnês pelo mundo.

Antes de falar sobre seus trabalhos recentes, podem falar um pouco da estrada até aqui?

REON: nós lançamos 2 álbuns. Acho que vocês conseguem ter uma ideia geral se ouvirem eles. Além disso, nós colocamos vídeos de performances ao vivo. Por favor, deem uma olhada!

Seu primeiro álbum, CHOKE1 começa “debaixo da terra” (underground) e em seu “ato 1” (act 1) vocês já “causam um tumulto”. Vocês podem falar um pouco sobre seu primeiro álbum?

B5: é um álbum muito importante e nós tivemos que enfrentar vários desafios. Lembro que nós tivemos momentos difíceis mas o trabalho acabou sendo muito empolgante.

KVYA NONO: na fase de planejamento, nós não tínhamos intenções claras de fazer uma abordagem nu-metal ou inserir djent, mas eu tinha uma vaga ideia de misturar esses elementos para fazer o álbum ser mais interessante. Mesmo assim, quando completamos as músicas e as colocamos juntas, esse álbum nos ajudou a entender o que nos torna CHOKE.

B5: Ele reúne músicas com vibes obscuras e pesadas. Sinto que toda a frustração que tivemos antes de formar CHOKE explodiu nesse álbum.

REON: nosso primeiro álbum contem músicas preenchidas com os ideais do momento da nossa formação. É muito energético e carrega um frescor poderoso. A finalização deste álbum abriu caminho para atividades posteriores, isso o tornou uma obra comemorativa e crucial.

Qual é a ideia principal por trás de seu lançamento mais recente “the human anthem”?

REON: A “imaginação” e “impulso” que não pode parar enquanto humanos. O tema é o quanto esses desejos irracionais devem ser reprimidos pela “moral” e pelas “leis”.

Qual é o lance entre “o hino humano” (人間歌) e “o desastre humano” (人間歌)?

REON: As palavras “hino humano” são totalmente comuns, então eu troquei o caractere para “hino” (讃) e dei o meu próprio toque. Além disso, isso expressa os dois lados da mesma moeda “dependendo do que você louva, a vida humana pode ser miserável”.

“The human anthen” é a sua música mais rápida até agora, não é? Há alguma razão para essa música ser tão rápida? Como foi compor ela?

B5: nós simplesmente quisemos fazer uma música indecentemente rápida! Uma música que fizesse as pessoas quererem bater cabeça e fazer mosh.

KVYA NONO: É tipo quando um estudante exemplar de repente tinge o cabelo e para de ir para a escola. Deve ser parecido com esse sentimento.

REON: Houve momentos em que não “ousamos” tentar essas músicas de alta velocidade, mas todos os meus companheiros de banda foram habilidosos o suficiente para fazer isso sem problemas. Certamente, é uma música rápida.

Vocês já tem planos para os próximos lançamentos?

B5: Nossa próxima música tem uma sensação diferente comparada aos nossos últimos singles “no problema at all” e “the human anthem”. Por favor, deem uma olhada!

KVYA NONO: Vou deixar uma dica: todo mundo vai pensar “isso é tão CHOKE!”. Vou deixar isso na sua imaginação, por favor, esperem por isso!

REON: Sim, nós decidimos por uma abordagem de um ângulo completamente diferente. É muito satisfatório nos desafiar com novas coisas todos os dias.

Por fim, deixem uma mensagem para os nossos leitores e seus fãs no Brasil!

REON: Mesmo que a distância seja considerável, ficaria feliz se vocês recebessem nossa mensagem através da nossa música.

KVYA NONO: Ir para o Brasil tem sido meu sonho. Ainda não consegui pisar em solo brasileiro, mas fico muito feliz que nossas músicas e mensagem tenham chegado aí. Estamos trabalhando muito para ir ao seu encontro, então, por favor, nos apoiem.

B5: Somos uma banda japonesa, mas tivemos a chance de ser apresentados pela mídia brasileira. É realmente uma honra. Espero que chegue um dia em que possamos nos apresentar na sua frente. Eu ficaria feliz se as pessoas recebessem nosso incentivo, se as pessoas se divertissem ouvindo nossa música em momentos difíceis, mesmo que seja apenas 5 minutos por dia. Muito obrigado por ler esta entrevista.


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