Toda vez que eu queria ler algo mas estava meio “cansada” ou até mesmo “com preguiça” eu optava por pegar um volume de Wotakoi. É um mangá curtinho de romance e comédia sobre funcionários de escritório que são otakus e dividem seu cotidiano entre o trabalho formal, eventos de anime, cosplay, games e a compra de novos volumes de mangá.
Com o subtítulo “o amor é difícil para otakus” não espere uma série como outras do tipo adolescente, onde demoramos vários e vários capítulos até que o casal se entenda e finalmente fique junto. Afinal, Wotakoi é uma trama moderna que começa com um par de amigos de infância se reencontrando e começando a sair juntos. Ambos são otakus. Narumi, a protagonista feminina, é uma fujoshi viciada em mangás boys love, jogos de harém invertido e que passa seu tempo livre desenhando e publicando fanzines de seus personagens favoritos. Hitotaka, o protagonista masculino, é um rapaz introvertido e quieto que só quer saber de jogar os mais diferentes tipos de jogos.
Junto ao casal principal temos também Koyanagi e Kabakura, outro casal que trabalha junto a Narumi e Hirotaka. Koyanagi é uma cosplayer, especializada em fazer personagens masculinos, enquanto Kabakura é um otaku “secreto” que gosta de ler mangás e ver animes (no maior estilo clássico da coisa).
O plot meio que fica amarrado ao apresentar o casal final. O irmão mais novo de Hirotaka, Naoya, um rapaz que não tem ideia de nada sobre mangás, jogos e animes; e Kou, uma garota introvertida que também é viciada em games e constantemente é confundida por ser um rapaz já que ela opta por looks mais andrógenos.
A série da autora Fujita começou a ser inicialmente publicada na plataforma digital Pixiv onde artistas compartilham seus trabalhos. Posteriormente ela começou a ser serializada na Comic Pool, uma publicação virtual em parceria com a Pixiv, e em 2015 finalmente o título ganhou seus volumes de mangá, totalizando 11, sendo que o décimo e décimo primeiro volume possuem capas variantes.
O que torna a série meu mangá de conforto é justamente porque ela é contada em capítulos curtos e “fechadinhos” onde, para adultos como eu, somos apresentados a cenas do dia a dia que podemos nos familiarizar e identificar.
De maneira leve e bem-humorada, o romance dos seis personagens principais amadurece de maneira natural e muito perto da realidade, com dramas sobre insegurança, ciúmes e ansiedade, de uma maneira que não é forçada com plots mirabolantes.
O encerramento do mangá também é consistente com o andamento da história, o que para mim foi excelente, já que eu acredito que a finalização das séries é sempre a parte mais difícil da construção de um roteiro.
Com adaptações para anime (2018) e live-action (2020), Wotakoi conquistou meu coração de maneira que poucos mangás de romance conseguiram, me dando uma das comédias românticas mais memoráveis e consistentes desde Lovely Complex.