Dirigido e roteirizado por Celine Song, Vidas Passadas (Past Lives, em inglês) é um filme da A24. Ele se passa durante o fim dos anos 90 e início dos anos 2000, tendo como protagonistas Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo).
Enredo
Assim, a história tem origem na Coreia do Sul, onde Nora e Hae Sung possuem um forte laço de amizade. Ambos cresceram e estudaram juntos até os pais de Nora decidirem buscar novas oportunidades fora do país, se mudando para o Canadá. Com isso, interrompem a possibilidade de desenvolvimento da relação dos adolescentes para um estágio afetivo.
A partir desta ruptura, a narrativa se divide em dois blocos de tempo com o propósito de ilustrar a tentativa de reconexão dos protagonistas. Incluisve, que finalmente se reencontram pessoalmente apenas 24 anos depois, mas antes disso a trama nos mostra como o tempo passou para ambos.
Assim, Nora se muda para Nova York para fazer faculdade enquanto Hae Sung precisa servir o exército ao completar a maioridade. Lembrando que na Coreia do Sul o alistamento militar é obrigatório para todos os homens ao completar 18 anos.
Então, os dois voltam a ter contato por meio das redes sociais da época, Facebook e Skype, ilustrando as diferenças culturais e a perda de identidade de Nora. Afinal, ela já não sabe muito bem escrever em coreano ao se comunicar por mensagem com Hae Sung e tampouco se identifica mais como cidadã coreana. Enquanto isso, ele se torna cada vez mais um cidadão coreano estereotipado ao longo do tempo.
Com a empolgação de se reconectarem 12 anos depois, agora jovens, Nora e Hae Sung fazem planos que não se concretizam. Muito menos conseguem lidar com as diferenças de horário que acabam enfraquecendo a conexão entre eles.
Ou seja, isso resulta em outro afastamento de 12 anos, tornando as coisas ainda mais complicadas, mas o reencontro finalmente acontece.
Nesse contexto, girando em torno do conceito de “In-yun” — crença de que as interações entre duas pessoas nesta vida são devidas às interações (ou quase interações) em suas vidas passadas —, o filme encerra seu terceiro ato de maneira angustiante e reflexiva, mas real.
Análise de Vidas Passadas
De forma técnica, o filme trabalha as emoções e estágios do relacionamento em muitos aspectos, como cinematografia, desenho de som e trilha sonora.
Assim, a melancolia vai tomando conta da história cada vez mais enquanto o tempo passa. Os ambientes abertos e iluminados do primeiro bloco de tempo vão se transformando em ambientes fechados com luz artificial, até que o filme caminha para cenários cada vez mais sufocantes e escuros, representando a aflição e angústia dos personagens.
Embora o elenco seja pequeno, as atuações entregam o suficiente para comover quem assiste sem precisar de diálogos.
As longas pausas e momentos de enfrentamento colocam em destaque a atuação de Teo Yoo, que já atuou no elogiado “Decision To Leave” de Park Chan-Wook. Menção honrosa para Leem Seung-min (Hae Sung adolescente) e Choi Won-young (pai da Nora), que já atuaram juntos no aclamado drama coreano Sky Castle.
Vidas Passadas é um dos queridinhos de 2024 e mais um dos grandes acertos da A24, entregando muito sem prometer nada. Assista a partir do dia 25/01 nos cinemas.
Texto por Dani