Três novelas de Yoko Ogawa | Volume reúne três histórias inéditas da autora japonesa

Três Novelas Yoko Ogawa
Imagem Divulgação

As três novelas do volume, cada qual a seu modo, tocam em dois temas caros a Yoko Ogawa: memória e ausência. Então, conheça as histórias do lançamento da Editora Estação Liberdade.

Três Novelas Yoko Ogawa
Divulgação: Editora Estação Liberdade

Em A piscina, a jovem Aya precisa lidar com o amadurecimento que a deixa entre a lembrança de um passado mais simples, que fica para trás, e o vislumbre de um futuro complexo, difícil e sofrido. Amadurecer será para ela conciliar os novos sentimentos e uma época em que “não conhecia a tristeza nem a dor no coração”.

Diário de gravidez, é narrada mesmo em forma de diário pela irmã da grávida. Yoko Ogawa usa a força da sugestão para gerar algo que a um só tempo existe e não existe — uma versão literária do gato de Schrödinger, por assim dizer. Várias entradas do diário descrevem uma gravidez que parece um delírio. Mas, se é mesmo o caso, quem será que delira: a narradora, a irmã ou os leitores?

Em Dormitório, uma mulher retorna ao dormitório universitário em que viveu durante os tempos de estudante, nos arredores de Tóquio.

O local, administrado por um estranho professor, aos poucos se deteriora e deixa de ser como a mulher recorda. Seu retorno é como o de alguém que vai à periferia de uma mente e lá encontra memórias que aos poucos desaparecem ou se transformam.

Sejam abelhas saindo de uma das milhares de aberturas de uma colmeia e entrando em outra, seja a água em muitas de suas direções — para cima com os respingos de um mergulho ou para baixo com uma chuva torrencial —, as imagens poéticas das três novelas de Yoko Ogawa para representar a fluidez permitem que o ausente seja também presente e a memória, imaginação.

— O gancho se soltou — disse Reiko de súbito, como se falasse sozinha.
— Gancho?
— É — respondeu ela. — O gancho que prendia meu pai, minha mãe e eu se soltou. Já não tem mais conserto.
Como será que é o som de quando o gancho que une uma família se solta? Parecido com o som de quando as sementes da fruta se espalham? Ou como o de uma explosão quando produtos químicos provocam uma reação?
(A piscina, p. 30)