O ano é 1996, o maior jogador de todos os tempos se encontra com o maior desenho animado de todos os tempos, um crossover que moldou uma geração amante de desenhos animados e até formou novos torcedores do Chicago Bulls, retorna em pleno 2021 e o crossover têm uma nova cara, o rei LeBron James precisa salvar seu filho e com isso precisa de ajuda de um antigo time que a muito tempo não aparece no catálogo Warner: Space Jam: Um Novo Legado evolui ao extremo a linguagem de um bom blockbuster, mas perdendo o nível do filme clássico, jogando muito para escanteio o basquete, porém atingindo seu objetivo.

Apesar do arco final seja um jogo de basquete, o mesmo foge muito do que deveria ser, se tornando um grande jogo de videogame, por mais que seja o contexto devido ao arco familiar de LeBron e seu filho, acaba desvinculando demais e acabamos estranhando todo esse novo mundo, contudo não te tira do filme de jeito nenhum. Não devemos esquecer que estamos no mundo de Looney Tunes e limite não existe para as coisas mais absurdas dos desenhos animados, o que foi muito explorado em tela, inclusive todo o universo Warner dos cinemas e séries, chama esse filme de o maior crossover de todos os tempos das telonas; é um easter egg atrás do outros que faz o saudosismo bater forte.

Igual ao filme de 96, o roteiro não é o grande marco aqui. Algo do mais clichê possível para que toda obra fosse desenvolvida de forma corrida, mas se passou por todos esses problemas, por que ele deu certo? Houve uma época em que desenho animado não tinha uma trama bem desenvolvida como Steven Universo ou Hora de Aventura, desenho antes mostrava a maior loucura possível e a boa trama se resumia a um único episódio, Looney Tunes, Coragem o Cão Covarde, Meninas Super Poderosas, Tom e Jerry e assim vai. Space Jam: Um Novo Legado segue essa ideia, loucura atrás de loucura com uma trama rasa, mas que o alcance é nos divertir, nos fazer rir – a ideia é comprada e o filme é grande trunfo para este mês de julho.

A loucura passa um pouco dos limites, acredito até que isso é culpa dos desenhos animados modernos onde não existe o mesmo grau de violência gratuita, mas todo tipo de maluquice acontece e acaba te tirando demais do filme, uma bagunça visual que o mero argumento “é um desenho animado” não é suficiente para tamanha desorganização. Toda essa poluição cansa demais, tira o momento de cada personagem e ofusca muito a essência de Space Jam. Talvez tenha ficado inovador demais, sendo que fatalmente esse filme têm um público alvo de quem viu o primeiro filme com quem é fã de basquete, mas não é esse problema que impedirá o filme um sucesso, pois ele já superou o aclamado filme de Viúva Negra, que muitos só se prendem por causa da franquia ao invés do filme em si, como aqui foi diferente, não foi difícil para o novo Space Jam superar um filme da Marvel, pois desenho animado é melhor que qualquer outro gênero.

Space Jam: Um Novo Legado literalmente é uma bagunça, abandona o basquete, perde a essência do que deveria ser, mas conquista pelo moderno e pela nostalgia, chamando o público com o maior jogador de basquete da atualidade e amadurecendo uma possível franquia, que isso não aconteça, pois o problema dos desenhos animados clássicos é que ele é divertido, é engraçado, mas é saturado, a franquia pode estragar muito o que um dia foi um grande filme.