Uma peça de teatro, um livro, agora um filme, Rasga Coração marca como um dos grandes filmes da Sony em território nacional, explora momentos da história política do Brasil sem citar nomes e ainda alcança a beleza de um filme que esse segundo semestre de 2018 estava devendo, tanto nacional quanto internacionalmente.

O diretor Jorge Furtado foi cirúrgico ao querer lançar esse filme pós eleições, pois a visão conturbada do povo referente a esse assunto, poderia rotular esse filme como ruim ou aponta-lo como comunista/fascista, sendo ele tão genial para tempos atuais.

Gerações

O roteiro trabalha propositalmente de forma bagunçada e com saltos temporais, pois está contando uma história de forma narrada, porém só serve para amarrar os momentos mais tensos da trama, sem ser um plot de filme filosófico, mais para destacar o choque de gerações quando se envolve questões políticas.

O filme retrata duas gerações, na peça de teatro mostram três, começando pela era Getúlio Vargas, mas o diretor Jorge Furtado preferiu ser mais breve e apenas mostrou a década de setenta e oitenta, entrelaçado com os anos dois mil e dois mil e dez, mostrando a diferença gritante de duas pessoas que lutam contra a opressão e a corrupção, mais precisamente pai e filho, transformando esse filme em uma visão filosófica do cotidiano, e como socialismo e conservadorismo podem se misturar, dependendo da situação do país, ou até algum conflito de preconceito em uma escola.

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Extroversão e Alívio Cômico

Apesar de ser um filme de tom sério, a trama possui alívio cômico perfeito, todo ele centrado em um personagem, Bundinha, o personagem de George Sauma não só faz com que Rasga Coração possa beirar ao nível blockbuster, como se tornou um símbolo do que é o brasileiro em épocas de eleições, o palhaço que todos amam por seu jeito extrovertido, mas que se mostra omisso ao definir uma ideologia política, chamando todos os candidatos de corrupto, vivendo como se a vida fosse uma festa, mas quando as coisas apertam, se vê sozinho em um mar de direitistas e esquerdistas, cada um com argumentos válidos ou não para defender seus lados políticos, e o palhaço é deixado de lado, sendo o errado da história, outro simbolismo importante, o omisso em plena revolução ou épocas de eleição, se torna mais cego que o próprio eleitor movido a sensacionalismo, e se torna um voto perdido que poderia fazer a diferença.

A cada eleição se mostra mais nítido esse personagem, depois que um candidato corrupto e/ou inexperiente é eleito erra e prejudica o país, o brasileiro resolve protestar após a própria besteira feita, sendo que a internet possui informações sobre figuras públicas em geral, principalmente políticos, e ainda só prova que a diferença pode ser feitas nas urnas, pois muitos protestos podem ser rotulados como chorar ao leite derramado, pode parecer viagem, mas isso se mostra indiretamente em cena, Rasga Coração se mostra mais profundo do que a simplicidade apresentada e ainda diverte como filme pipoca.

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Um dos melhores filmes do ano

Mais uma grande produção nacional se mostra incrível e genial, aparenta que a cada novo filme brasileiro, a qualidade apenas melhora, longe de ser financeiramente lucrativo ou investimentos exagerados em efeitos visuais, o Brasil mostra que juntar um elenco de peso com um grande diretor que poderia colocar muitos dos filmes indicados ao Globo de Ouro fora da lista, isso se a academia fosse engajada a história da política brasileira.

Rasga Coração pode ser colocado no top 10 de melhores filmes do ano, questões vividas no cotidiano, em épocas passadas e até mais antigo ainda, uma reflexão para muitos leigos a política e para os estudiosos, um prato cheio da cultura nacional.

 

REVIEW
Rasga Coração
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
rasga-coracao-reviewRasga coração é uma peça teatral brasileira, escrita por Oduvaldo Vianna Filho entre 1972 e 1974. Seu título é uma referência à música homônima de Anacleto de Medeiros, que em 1912 recebeu letra do poeta Catulo da Paixão Cearense. A música é cantada em vários momentos da peça.