Baseado no romance de Bethan Roberts, My Policeman é um longa-metragem dirigido por Michael Grandage e protagonizado por Harry Styles.

Sendo assim, história gira em torno de um policial que se relaciona com uma professora, mas em determinado momento se vê apaixonado por um homem. Desse jeito, o enredo tem como gancho um retrato cru da sociedade da Grã-Bretanha dos anos 50, onde a homossexualidade era considerada crime.

Primeiramente, notamos que o filme é instrumentalizado a partir de dois períodos temporais: passado e presente. Então, para passar a noção de tempo, a fotografia retrata as épocas diferentes com dois filtros colocados na tela. Ou seja, o passado surge com cores quentes e o presente com cores frias. Essa técnica, apesar de bastante cansativa, parece funcionar muito bem, pois sem esse tratamento o principal sentido da obra acabaria se perdendo. Por exemplo, a passagem dos anos e a necessidade de superar os traumas que ficaram guardado na memória dos protagonistas.

Faltou sal, tempero e criatividade

Infelizmente, My Policeman não possui nada além desses aspectos técnicos pontuais. Na verdade, é um pouco revoltante ver que em pleno 2022 ainda existem filmes tão limitados a respeito das questões LGBTs como este. Não por falta de necessidade, mas por excesso de clichês. Aqui, percebemos claramente que a intenção equivocada do diretor é causar melancolia, sensibilidade e, até mesmo, reflexões sobre a temática central. Entretanto isso, obviamente, não acontece como deveria, justamente pelas más escolhas, entre elas, a escalação de Harry Styles para o papel principal.

Afinal, todos esperavam uma atuação madura por parte do cantor, que, na verdade, parece se assustar toda vez que as câmeras apontam para ele. Na melhor das hipóteses, podemos dizer que Harry ofereceu uma performance opaca e sem nenhum pingo de profundidade. De qualquer forma, felizmente as cenas de sexo compensam a falta de critério em tê-lo como opção — o imaginário popular fica fora de si ao assistir o policial Tom gemer e suspirar na cama com um homem.

Diferentemente dele, David Dawson, interpretando a versão mais nova do personagem Patrick, rende bons momentos. Porém, não o suficiente para evitar a quebra de ritmo trazida pelo exaustivo uso dos flashbacks.

Por fim, tirando todas as pretensões de Michael Grandage em tentar criar um novo clássico queer usando fórmulas ultrapassadas de romances homoafetivos, ou então a presença desestimulante de Harry Styles, My Policeman pode até obter um certo destaque se consideramos a sua popularidade. De qualquer forma, o fator qualidade passa longe de ser um dos triunfos deste verdadeiro soporífico de 113 minutos.

REVIEW
My Policeman
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Matheus José
Graduando em Letras, 23 anos. Crítico e redator, já passou por publicações nos sites Jornal 140/ VIUU, Suco de Mangá, BoysLove Hub e Aquele Tuim.
my-policeman-reviewEm My Policeman, Marion (Emma Corrin) e Tom Burgess (Harry Styles) se encontram na costa de Brighton nos anos 1950 e se apaixonam. Todavia, surge em suas vidas Patrick Hazelwood (David Dawson), um curador do Brighton Museum, que acaba desenvolvendo sentimentos pelo policial Tom. Os homens iniciam um caso apaixonado – apesar da homossexualidade ser ilegal naquele período. Por um tempo, o trio abraça uma dinâmica em comum, até que o ciúme destrói o acordo. Muitos anos depois, Patrick retorna à vida dos agora casados Marion e Tom, desenterrando sentimentos e questões mal resolvidas deixadas de lado - mas que ainda possuem o poder de assombrar a vida dos três. O filme é uma adaptação do romance de 2012 de Bethan Roberts, My Policeman.