Historicamente falando, adaptações de jogos para outras mídias não dão muito certo. Existe uma enxurrada de filmes e séries de qualidade duvidosa que falharam em adaptar jogos para novas mídias, apesar de recentemente estarem surgindo boas adaptações de jogos explorando outros formatos. Seiken Densetsu – Legend of Mana: The Teardrop Crystal é uma adaptação em anime de um clássico supremo dos RPG’s da Square Enix: Legend of Mana. Inclusive, a princípio isso pode ser combustível para inflamar a vontade dos fãs de assistirem esse anime. Porém, apenas ela não vai segurar essa animosidade muito tempo…

Muita coisa em pouco tempo…

Em Legend of Mana: The Teardrop Crystal, acompanhamos a história de Shiloh, um menino que vive aos arredores da cidade de Domina e que começa a escutar em seus sonhos uma voz misteriosa dizendo que ele possui uma missão a ser cumprida. Então, imediatamente temos os primeiros contatos de Shiloh com duas crianças de poderes aparentemente misteriosos. Em seguida vemos que não existem humanos comuns em sua vila e que, ao contrário de Shiloh, não possuem vontade alguma de conhecer o mundo exterior. Assim, nosso protagonista, motivado pelas vozes em sua cabeça e pelo recém conhecido Elazul, parte em busca de uma aventura atrás de Pérola, a amada de Elazul.

Primeiramente, essa sinopse pode parecer vaga, sem se importar se quem está lendo iria entender os rumos que a história está preparando. Entretanto, é exatamente essa sensação que você tem ao assistir o primeiro episódio. Tudo é muito vago, sem profundidade e parece um amontado de informações jogadas para tentar te colocar no mundo da obra, mas que acaba apenas te deixando confuso.

Um pouco… precoce

Dessa forma, Legend of Mana aparentemente parte da premissa que você já conhece o jogo e portanto já está familiarizado com o mundo e com os personagens. Afinal, a história segue o mesmo roteiro do jogo aqui, mas esse é um dos maiores defeitos desse primeiro episódio. Além de Shiloh não transmitir carisma algum, os demais personagens que são apresentados no episódio lembram conversas sem muita importância com NPC’s aleatórios no início de um jogo.

Além disso, no meio do episódio temos o surgimento de Elazul, aquele clássico personagem mal-encarado, que inicialmente parece um vilão, mas que rapidamente mostra ter um objetivo nobre, mesmo que não faça sentido nenhum para nós. Ele procura por uma garota em específico e aparenta estar desesperado por ela. Então, literalmente de repente, Shiloh resolve ajudá-lo após receberem um artefato que pode ajudar a encontrá-la. Juntamente desse possível objetivo com sua vontade de conhecer o exterior e as vozes em sua cabeça, Shiloh parte com Elazul em busca de uma aventura. Porém, eles agem como se fossem melhores amigos, ignorando o fato de terem se conhecido há poucos instantes.

Esse contexto ocorre em pouco mais de 20 minutos e te deixa perdido no que está acontecendo, mas quando você começa a entender, tudo avança muito rápido, como se realmente estivessem apressando as coisas nesse primeiro episódio. Ou seja, correram no primeiro para que os demais fossem repletos de ação e aprofundamento na história dos personagens, suas relações e na trama principal. No entanto, isso acaba por tirar boa parte da vontade de ver o segundo episódio da obra. O que talvez te motive seja justamente a esperança de ver algum desenvolvimento pra tudo isso, ao mesmo tempo que a falta de carisma e de motivação dos personagens joga contra essa possibilidade.

Últimas Considerações

Enfim, apesar da história realmente não segurar nenhum pouco quem assiste, a animação é simplesmente linda. Os traços são extremamente bonitos, o mundo onde se passa a história é extremamente colorido e verdejante, sendo um ponto positivo. Porém, às vezes a inserção de elementos 3D no meio das cenas fique meio esquisito. Além disso, a trilha sonora não deu muito as caras por aqui, mas segue um tom tranquilo e sereno, que realmente dá uma sensação de estar vendo algo de um clássico J-RPG.

Legend of Mana é um clássico inquestionável dos RPG’s, com uma história profunda, cativante e que te atrai. De qualquer forma, a sua adaptação para anime pode não seguir os mesmos passos e cair no ostracismo, tudo por aparentemente confiar demais no peso que a saga tem. Com isso, talvez os fãs mais assíduos da franquia tenham vontade de acompanhar a obra, mas caso ela continue seguindo esse ritmo, com certeza apenas seu nome não será suficiente para segurar espectadores.

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