Envolvendo um relacionamento longo e desgastante, Annie tenta viver uma vida comum com seu emprego em um museu, até encontrar a demo de um artista o qual seu marido é muito fã, com isso Annie começa a trocar mensagens com o artista, e assim segue a trama.

Podendo parecer uma história água com açúcar para encher linguiça, Juliet, Nua e Crua surpreende bastante com um roteiro raso e personagens simples, pode-se tirar muitas reflexões para o mundo real, e ainda diverte bastante com alívios cômicos cirúrgicos.

Juliet, Nua e Crua
Juliet, Nua e Crua (Imagem Divulgação)

No ritmo

Um desenvolvimento de trama com o ritmo certo, faz com que todos que estiverem assistindo tenha uma simpatia maior por Annie, interpretada por Rose Byrne, aparentemente sem graça, ela cativa como alívio cômico e convence em situações de pressão, a certinha atrapalhada fofa faz com que o estilo sem graça seja completamente abafado por uma simplicidade gostosa de assistir.

Já seu namorado é um caso a parte, Duncan, interpretado por Chris O’Dowd, faz aquele marido sem sal e fã chato que chega incomodar muitas vezes, mas longe de parecer algo forçado, o fato dele ser dessa maneira é o que faz o conflito ser criado e originar o filme em questão, do mesmo jeito que funcionou o alívio cômico de Annie,a chatice de Duncan funciona igual, e também traz ares mais leves quanto ao seu arrependimento de personalidade monótona e idolatria abusiva.

Porém um personagem que deve ser colocado em destaque é o do artista Tucker Crowe, interpretado por Ethan Hawke, a escala dele na trama faz parecer de um figurante que foi promovido a protagonista, trazendo a velha ideia do músico caído, cheio de filhos com ex esposas e amargando a vida louca que teve em tempos de fama, desolado e sem esperanças, dedica sua a vida a um de seus filhos, mostrando que é um pai presente e pode mudar o seu jeito.

Contudo essa mudança vai escalando quando ele se mostra apegado a Annie, e não é no sentido amoroso, mesmo tendo sentimentos carnais pela protagonista, Tucker sofre uma escalada a ponto de roubar a cena muitas vezes, refletindo o que as músicas que ele achava ruins significavam para as pessoas que estavam ouvindo, e nisso o amadurecimento que ele estava procurando acontece, e coloca toda essa trama novelesca em um patamar totalmente acima do simples e do comum, atingindo em cheio no final do filme.

Juliet, Nua e Crua
Juliet, Nua e Crua (Imagem Divulgação)

Complexidade Dividida

A complexidade dessa trama está dividida em dois casos, a primeira é a parte negativa, que faz parecer um filme romântico meloso sem atrativos, o início dele têm que ser mais arrastado pela construção da trama, mas é tanto que chega ao ponto de cansar, e mesmo fluindo em um ritmo simples, os personagens que ainda estão sendo construídos com a trama que ainda está sendo montada faz bater um desinteresse de forma instantânea.

Já a segunda parte é a positiva, a reflexão dentro do roteiro raso, em Juliet, Nua e Crua, pode-se pensar sobre o personagem de Annie, viver um relacionamento desgastado e fazer com que ela mude, termine a relação e corra atrás daquilo que sonha, mostrando que um relacionamento desse tipo apenas te prende para coisas novas, inclusive para trabalho, o personagem Duncan é profundo em um sentido conflitante, o quão desinteressante é uma pessoa quando se mostra obsessiva com alguma coisa, ou simplesmente um fanatismo chato que faz ele se afastar das pessoas.

Nisso, ele encontra uma pessoa com o mesmo fanatismo, mostrando que algumas pessoas não são o destino, e sim a viagem, o qual anexa com o personagem Tucker, que é o símbolo desse filme, o fracassado sem esperança que força uma situação de mudança, mas permanece com a mesma mentalidade, até que surge um fã que ama as músicas dele, e uma garota que conversa com ele sem segundas intenções de início, e todo esse choque que ele recebe de filhos, fãs e Annie faz ele mudar.

O maior marco do filme é a inconclusão, não deixa claro algum romance existente entre Tucker e Annie, mesmo ele se relacionando sexualmente, contudo pareceu muito mais algo casual do que romântico, pois o casal não convence, mas agregado a trama, pareceu nitidamente proposital a fraqueza de um relacionamento Annie/Tucker, o que poderia ser vago, mas deixou aberto a muitas teorias do que poderia ter se tornado aquela relação, seja amigos, namoro ou apenas sexo, nunca saberá, pois o filme termina deixando isso em aberto.

Juliet, Nua e Crua
Juliet, Nua e Crua (Imagem Divulgação)

Casamento de trama

O casamento de trama bem desenvolvida e personagens em amadurecimento faz com que fique preso do início ao fim da história de Juliet, Nua e Crua, conseguindo levar reflexões de um filme tão raso e quase desinteressante.

Parecendo que foi só mais uma história melosa, gera explosões de cabeça com uma simplicidade gostosa de assistir seja sozinho ou acompanhado, o tipo do filme que todos vão assistir sem esperar nada, e irão sair com aquele sorriso bobo no rosto ao pensar “que filme lindo e fofo”.

REVIEW
Juliet, Nua e Crua
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
juliet-nua-e-crua-reviewAnnie (Rose Byrne) está presa em um relacionamento de longa data com Duncan (Chris O'Dowd), fã obsessivo do obscuro rockeiro Tucker Crowe (Ethan Hawke). Duncan chega a ser mais dedicado ao seu ídolo do que com a sua própria esposa. Quando um demo acústico de Tucker, que foi hit há 25 anos, ressurge no meio musical, Annie tem um encontro com o ardiloso rockeiro.