Nada de ursinhos carinhosos ou cachorros fofinhos. Os roteiros de animes e mangás não concedem espaço para animais mimosos. Nesse universo que não cessa de se expandir na cultura ocidental, não há qualquer dúvida de que o dragão é o verdadeiro rei dos animais, sejam eles criados com base na realidade ou não. Ele é figura central de algumas das animações mais populares no oriente que se expandiram pelo planeta.
Talvez esse seja justamente o elo mais forte dessa forma de arte característica dos países orientais com o resto do mundo. Afinal, os dragões parecem ter sido os primeiros seres mitológicos globalizados. Embora não exista qualquer evidência da existência de um animal com suas características, a figura da besta que voa e solta chamas é relatada pelo folclore de países espalhados por várias partes do mundo, ainda que algumas características das histórias contadas e dos ‘poderes’ atribuídos a ela sejam próprias de cada local.
Fera habita imaginação dos seres humanos desde a pré-história
Os primeiros registros de animais que podem ser relacionados com dragões são datados de 40 mil anos antes de Cristo. Imagens de criaturas com características que lembram essas feras teriam sido pintadas em cavernas por aborígenes pré-históricos na Austrália. Acredita-se que poderia sem uma ‘interpretação livre’ a partir do temor que se possuía dos dinossauros. Mas outros animais também inspiraram pinturas de criaturas ferozes que podem ser enquadradas na classificação de dragões.
Foi um dragão o grande obstáculo no caminho de São Jorge, um dos mais populares santos da Igreja Católica, em sua luta para libertar uma princesa virgem e uma vila durante a Idade Média. A história, naturalmente, não existiu – assim como o dragão, ainda que haja base para crer que o santo tenha sido real. Porém, isso não impediu que sua santidade fosse reconhecida e São Jorge se tornasse padroeiro da Inglaterra e de Portugal, entre outros países europeus, além da Palestina, dos escoteiros, dos ciganos e, no Brasil, dos corintianos.
Figura é tratada de forma diferente por orientais e ocidentais
A forma de tratamento dado aos dragões, no entanto, é bastante diferente quando se trata das culturas de ocidente e oriente. Os ocidentais, de maneira praticamente unânime, consideram a besta um inimigo, um adversário a ser combatido e derrotado em suas lendas. Para os orientais, a situação é um pouco diferente. Embora existam muitas histórias onde o dragão apareça como um ser perigoso e ameaçador, não se trata de uma linha única de pensamento. Tanto que ele é o único animal fictício a ser incluído entre os 12 utilizados no horóscopo chinês sendo utilizado para caracterizar pessoas generosas e inteligentes.
Foram justamente a generosidade e a inteligência que tornaram Shenlong, protagonista de Dragon Ball, naquele que é provavelmente o dragão mais famoso do planeta. Afinal, esse mangá que foi criado pelo japonês Akira Toriyama no início dos anos 80 e virou uma gigantesca franquia com tentáculos espalhados por várias mídias, tem nesse personagem o responsável por concretizar os mais inusitados desejos de quem lhe invoca. No Brasil, a série segue no ar sendo exibida pelo canal por assinatura Cartoon Network.
Os mangás de Dragon Ball viraram inspiração para livros, séries de televisão, filmes, jogos para computador, produtos colecionáveis e até mesmo um dos mais populares jogos de caça-níqueis online disponíveis no Betway Casino onde os personagens de Dragon Z são usados para formação de combinações capazes de gerar prêmios.
Série trintona abre caminho para dinastia de dragões
Embora a história dessas figuras mitológica seja longa, não seria exagero dizer que Shen Long e sua série, hoje com mais de 30 anos, abriu o caminho para uma dinastia de dragões nos mangás, nos animes, na telinha da TV e nas telonas de cinema. A franquia Game of Thrones, um das mais bem-sucedidas produções do canal por assinatura HBO, que vai chegando ao seu final, tem nos dragões personagens essenciais de seu mundo mágico.
Foi o sinal de que os ocidentais, de alguma forma, passaram a encarar seus dragões de maneira um pouco mais amigável. Esse cenário foi para outro nível na trilogia de filmes Como Treinar seu Dragão, da gigante da animação DreamWorks. Como o próprio nome dá a entender, os seres são submetidos a um processo de domesticação, como se transformassem em uma opção para quem estivesse cansado de ter cachorros.
Agressividade ainda é o ponto principal
Embora existam, digamos, esses escorregões o fator principal que mantém o fascínio pelos dragões é certamente a agressividade desse animal mitológico. Ela é o fundamento da história do jogo Skyrim, um caso raro de sucesso de público e de crítica. Criado pela Bethesda Games Studios e lançado pela The Elder Scrolls, o personagem do jogador, um prisioneiro desconhecido, tem que enfrentar um líder dos dragões que dominavam o mundo e escravizavam os humanos. No caso do mangá Fairy Tail, que trouxe para cena o dragão Acnologia, o Dragão Negro é um ser humano que ganha as características da besta.
Independentemente da adoção de dragões com características mais próximas de bandidos ou de mocinhos pelos roteiros de animes, mangás, livros e filmes, o fato é que essas figuras estão lançando suas chamas na cultura dos bichinhos focinhos que tentam cativar por sua inocência. São o fruto de uma geração – ou ao menos grande parte dela – que não se deixa cativar por esse tipo de estereótipo. E nem se pode dizer que é coisa de adolescente. Se inicialmente os mangás e os animes tinham jovens nessa faixa de idade como público alvo, atualmente conquistaram até mesmo pessoas de idade bem mais avançada, que mantêm fidelidade aos temas e personagens das histórias.