A música pop japonesa é bem rica: das aberturas de animes a um renascimento recente do pop japonês dos anos 80 e de Vocaloid às virtual youtubers, o Japão indiscutivelmente exporta música para o mundo todo. Nesse cenário, o DJ Sunamori é uma das pessoas que fazem a roda desse fenômeno girar. Começando com composições para Vocaloid, hoje o DJ roda o mundo, passando de Londres a Shangai, tendo visitado o Brasil em outras oportunidades.

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Nessa entrevista feita às vésperas do Rio Matsuri 2020, Sunamori fala um pouco sobre sua carreira, sua experiência nos palcos e suas visões sobre o mundo da música pop japonesa. Vem com a gente!

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DJ Sunamori no Rio Matsuri 2020 / @fotobelga

Não é a sua primeira vez no Brasil, mas é a sua primeira vez no Rio de Janeiro. O que você tem achado da Cidade Maravilhosa até agora?

É uma cidade bem animada! Cheguei tem pouco tempo e fui com a equipe para a praia. O que me espantou foi ver tanta gente de biquíni no metro. *risos*

Relaxa que isso não é nem o começo *risos*. E você comentou a surpresa que foi tocar aqui no Brasil vendo tanta gente sabendo cantar Naruto de cabeça. Quais suas expectativas para esses dias no Rio Matsuri?

Eu ouço muito que as pessoas do Rio são bem animadas, que gostam de dançar, então com certeza minhas expectativas estão boas. A última vez que vim tem mais ou menos um ano e meio e de lá pra cá estrearam animes como My Hero Academia e Demon Slayer, então também estou trazendo umas novidades para essa apresentação.

Antes de falar sobre sua carreira como DJ e compositor, uma pergunta sobre como você age nos seus shows. Eu imagino que como DJ, você prefere dar prioridade às músicas que o público gosta. Mas você já arriscou usar músicas que você mesmo acha que pode ganhar o gosto das pessoas na hora?

Sim, tem músicas que são como hinos para as pessoas e tem também uma hora no show que resolvo apostar. Sempre tem aquele momento de pico onde as pessoas ficam bem animadas, pulam a beça e depois param um pouco pra relaxar. É nessa hora que eu resolvo usar alguma música que pode não ser tão conhecida assim, mas que eu sei que é boa e pode agradar alguém que vá ficar tipo “Oh, eu não conheço isso aqui mas é bom!”.

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Agora sobre seu envolvimento com a música. Se não estou enganado, você começou compondo para Vocaloid e antes disso você já gostava muito de bandas como Queen e outros clássicos de Londres. O que fez te aproximar mais da música eletrônica ao invés dos instrumentos mais convencionais?

Eu tocava piano quando criança, mas nunca me dediquei muito e isso não foi pra frente. Eu gostava mais do som cru dos instrumentos, mas eu não sei tocá-los, então eu componho usando o DTM (Desktop Music) e converto esse som para o acústico, apesar de que pra mim essa diferença não é muito grande. É mais uma questão de escolha.

Você fez parte de uma comunidade de compositores bem grande. A comunidade em torno de Vocaloid cresceu a ponto dela ter sentido profundamente o falecimento de um de seus grandes nomes no ano passado, que foi o Wowaka. E de lá pra cá, surgiu um grande movimento no Japão que também tem começado a produzir suas próprias músicas, que é o fandom das virtual youtubers. Na sua opinião, esses fandoms estão começando a ficar em pé de igualdade ou a fanbase de Hatsune Miku ainda é muito mais forte que essa novidade?

Tem mais ou menos dez anos que Vocaloid estourou e eu já estava mesmo compondo no meio dessa comunidade, ainda na primeira geração. Com o passar do tempo eu acabei me expandindo para as outras áreas e o mesmo aconteceu com o Wowaka. Ambos deixamos aos poucos de fazer Vocaloid para fazer outras composições. Outro que fazia trabalhos com nós que também era dessa primeira geração era o hachi, que também seguiu esse mesmo caminho.

Isso porque desses dez anos pra cá, essa comunidade que era mais restrita a otakus ganhou uma fanbase cada vez mais global e ela surgiu numa época em que o youtube não era algo grande como é hoje. Agora tem fãs desde os mais assíduos até os casuais e ambos são igualmente importantes.

Eu cheguei a fazer alguns trabalhos com a produtora da Kizuna Ai e isso tem sido mesmo bem popular de uns dois anos para cá e muita gente tem se investido para trabalhar nesse ramo. Na minha opinião, vtubers como a Kizuna Ai são até parecidas com a Hatsune Miku, mas também não são a mesma coisa. Enquanto que pra mim Vocaloid funciona de um jeito fantástico como a Disney ou Pokemon, as vtubers me parecem algo mais como uma agência de talentos, porque há toda uma produção em volta daquela pessoa que está dublando aquela personagem. Acho que as pessoas percebem isso e não tratam as duas coisas como sendo o mesmo nicho.

Para finalizarmos, queria te perguntar sobre uma tendência recente no ocidente. Tem uns dois anos que o pop japonês dos anos 80 ficou bastante popular no Youtube, principalmente com “Plastic Love” da Mariya Takeuchi. E no meio dessa popularidade, muitas pessoas começaram a remixar essas músicas e criar gêneros como o future funk. Me parece que essa fama também voltou com tudo no Japão, pois recentemente gravaram um novo clipe para Plastic Love. Mas quero saber de você, também sendo DJ, os japoneses também fazem esses remixes ou essa é uma tendência mais do lado de cá?

Acho que o Japão ainda está um pouco atrasado nisso. Pra falar a verdade, ano passado eu dividi o palco com um DJ coreano, o Night Tempo numa turnê pelo Japão. Depois eu tive a oportunidade de encontrar com ele na Coreia e enquanto conversávamos, o Night Tempo comentou se o future funk estava na moda no Japão, só que nunca esteve. Agora, esses grandes nomes do city pop como Mariya Takeuchi e o Tatsuro Yamashita nunca deixaram de fazer sucesso no Japão; desde meu pai e minha mãe, todos conhecem esses nomes até hoje.

Entendi, quase como o nosso Roberto Carlos! *risos*

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O SUCO mais uma vez agradece à equipe do Rio Matsuri pela oportunidade, ao All Dubing Group pela mediação e em especial à paciência e diligência de sua intérprete durante a conversa!

Foto de capa DJ Sunamori no Rio Matsuri 2020 / @fotobelga