Foram 11 anos de espera desde o último lançamento canônico da série, Devil May Cry 5 traz o veterano Dante, o jovem Nero (de Devil May Cry 4) e um novo personagem: V – com uma origem um tanto quanto obscura.
O ano de 2019 começa promissor para o lado da Capcom, que pós Resident Evil 2: Remake, chega com mais uma franquia de peso e que utiliza da mesma engine, a RE Engine (que estreou com Resident Evil 7: Biohazard).
Bora chutar demônios!
Vamos para uma revelação pessoal: NUNCA joguei nenhum game da série e já adianto que fui surpreendido positivamente. Não sei se é considerado um hack n slash puro – pois em muitos momentos me lembra plataforma/adventure por não contar com um cenário tão aberto – DMC5 é empolgante do começo ao fim; não dá tempo pra respirar!
Já de cara é notável a evolução gráfica e do cuidado do design de cada uma das personagens. Eles envelheceram, não é mesmo? Dante recebeu um trato alá “bruxão The Witcher”, enquanto Nero está aparentemente mais maduro que no jogo antecessor. Quanto as personagens femininas recorrentes, Trish e Lady mantém suas personalidades, mas nada tão aprofundado fora colocado por aqui; elas aparecem muito pouco na história.
V de Vingança?
A curiosidade na trama fica por conta de V: quem é esse personagem? É uma mistura de Kylo Ren e Andy Biersack com roupas de J-rock. Gostei!
Nas primeiras missões – que canonicamente você joga como “Nero” – não é possível ver as reais intenções do novo personagem, apenas de que ele contratou Dante e companhia para deter um tal de demônio Urizen.
Suas origens e a do demônio são trabalhadas no decorrer de todas as 20 missões do game, com plot twists, flashbacks e muita, MUITA animação! Para quem comprou a versão Deluxe, já indico após terminar o game, a ativar as animações em live-action. Sim, são os atores/dubladores encenando cada cena numa espécie de pré-produção antes de animar com computação gráfica. Demais!
Nicoletta “Nico” Goldstein
Outro novo destaque fica por conta de Nicoletta Goldstein, ou simplesmente “Nico”. Ela é a responsável em ajudar Nero nas caçadas com a implementação das Devil Breakers (o braço mecânico) e da customização dos itens antes de você entrar nas missões.
De personalidade forte, ela é uma das poucas mulheres fumantes que vi atualmente nos games, o que mostra um comportamento mais artístico da Capcom por não seguir aquela “regra do politicamente correto”. Outro ponto interessante é que ela te dá as cutucadas quando o personagem merece e te aponta as falhas. Isso ficou demais!
Jogabilidade Completa
O ponto máximo em Devil May Cry 5 fica por conta do ótimo gameplay. Fluído e com base numa ótima física, seus combos fluem de forma quase que natural pelos cenários contra as criaturas bestiais. Os três personagens jogáveis, Dante, Nero e V, contam com uma gama incrível de opções, que é quase improvável que você não “descubra” uma sequência nova em cada play que você der.
Dante usufrui do que já é conhecido nos jogos anteriores, ele traz as vertentes corpo-a-corpo e à distância, além de ter quatro estilos de luta diferentes: Swordmaster, Trickster, Gunslinger e Royal Guard, o que deixa seu sistema de luta completo e complexo de combinações.
Nero traz as mecânicas de DMC4 com a mudança de que “sai” seu braço demoníaco (têm uma explicação, mas não quero dar spoilers) por sua prótese Devil Breakers, com inúmeras variações e modelos – têm até do Mega Man!
Já com V, foi a mecânica que mais me interessei. Ele não utiliza do combate corpo-a-corpo e funciona basicamente como um “druida moderno”. Lutando a distância, ele invoca três entidades:
- O Grifo – que mais parece um papagaio falante – utiliza de ataques elétricos e lança globos de energia à distância nos inimigos.
- A Sombra – uma pantera negra – traz sua mecânica focada no ataque corpo-a-corpo e funciona como a sua frente de batalha. O felino é veloz para transportar-se pelo cenário todo em poucos segundos e na minha opinião é o mais agradável no combate.
- Pesadelo é o “especial” de V, onde você gasta suas barras de energia (Devil Trigger) e invoca um golem gigante e que dura um tempo determinado pela quantidade de energia que você tem. O dano aqui é prioridade – ninguém sobra na arena!
“Gostinho de quero mais”
É fato que o game conta com um fator replay altíssimo – talvez dos maiores que andei jogando recentemente – e vai deixar os fãs da série em modo “canibal”: vocês vão querer zerar o mais rápido possível para jogá-lo novamente em uma nova dificuldade.
Porém, a única “falha”, e deixo entre aspas mesmo, pois não sei o que se passou na cabeça do time criativo do roteiro de DMC5. O terceiro ato reserva um misto de agradáveis surpresas – por conta das inúmeras revelações e plot twists – mas também marca aquele gostinho amargo do “quero mais” e a sensação de que o jogo não está completo.
Provavelmente teremos alguns DLC’s vindo aí, o que dará uma margem maior para complementação da história, pelo menos, é o que esperamos.
Tirando isso, a forma de como a história é contada é muito interessante. Saber o que cada um dos personagens fez durante a ação do outro dá margem para um mundo mais vívido e também dá outras margens para a criação de missões com outros personagens – como Trish e Lady, por exemplo.
Indubitavelmente valeu a espera!
Se para uma pessoa como eu, que acompanhou a franquia vendo os amigos jogarem – ou comentarem – foi uma sensação nostálgica maravilhosa, não consigo imaginar o que está sendo para os fãs que esperaram mais de uma década por este game.
Devil May Cry 5 traz o principal fator para uma jogatina prazerosa: o próprio gameplay. Com muito dinamismo e brilho – de sangue, mwahhhh – em cena, o novo episódio da Capcom mostra o poderio versátil da RE Engine e um replay condizente com sua proposta.
Devil May Cry 5 já está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (via Steam).