Vocês estão ouvindo esse barulho? Prestem bem atenção e ao longe conseguirão ouvir o ressoar das vuvuzelas. Ela está chegando, a queridinha dos brasileiros, o último fio de esperança nacional, a Copa do Mundo. Então, pra entrar no clima da torcida, se liga nesse mangá que leva os jogadores ao limite para selecionar o melhor atacante da história da competição. Confira Blue Lock, a Prisão Azul.
Escrito por Muneyuki Kaneshiro e desenhado por Yusuke Nomura, o mangá chegou este ano pela Editora Panini. De qualquer forma, a estreia não é tão recente assim. Na verdade, Blue Lock foi publicado no Japão em 2018, mas acredito que a Panini tenha aproveitado o momento pra fazer o lançamento no Brasil.
Assim, voltamos para a Copa do Mundo 2018, logo após a seleção japonesa ser eliminada nas oitavas de final. Decididos a conquistar seu lugar entre os melhores dos melhores, a União Japonesa de Futebol constrói um alojamento de treinamento chamado Blue Lock. Então, concentrando os 300 melhores jovens atacantes do Japão, o objetivo é levá-los além dos seus limites e despertar seu pior lado para conquistarem a próxima Copa do Mundo. Para isso, 299 jogadores cairão diante do maior atacante da história do país.
O Fervor dos Mangás Esportivos
Bom, com essa breve premissa dá pra ver que Blue Lock tem um enredo bem “sangue no olho”. Inclusive, achei que o mangá é uma espécie de Jogos Vorazes esportivo, no qual apenas um sairá “vivo”, sendo obrigado a massacrar até mesmo seus aliados em prol do prêmio. Por exemplo, logo no começo do mangá o treinador literalmente fala “Um único herói que ficará de pé sobre 299 cadáveres”. Sim, algo extremamente normal para se dizer a um bando de adolescentes. Ah, o maravilhoso mundo dos mangás esportivos…
Além disso, o próprio treinador parece ser um personagem roubado de alguma história de terror psicológico. Com olhar penetrante, doentio e perturbador, ele deixa claro que na Prisão Azul não há lugar para perdedores. Ao contrário, enquanto se contorce em poses estranhas, ele clama que o melhor artilheiro é aquele que pensa em si mesmo, aquele que tem o egoísmo como maior arma.
Achei essa uma proposta ousada e diferenciada, destoando da esmagadora maioria dos mangás esportivos que prioriza o trabalho em equipe. Inicialmente, imaginei que Blue Lock teria um desfecho parecido com Haikyu!!, rivais de diferentes escolas tendo que trabalhar em conjunto. No entanto, rapidamente essa teoria foi destruída, mostrando que esta não será mais uma história com fórmulas clichês.
De qualquer forma, seguindo o gênero no qual ele está inserido, aqui o esporte também é visto como a coisa mais importante na vida dos personagens, tendo todo aquele drama até mesmo nos mais simples passes de bola.
Astro em Blue Lock
Enfim, o protagonista, Yoichi Isagi é um estudante do 2º ano do colegial e o melhor do seu time, mas perde um gol após confiar no seu companheiro. Após este incidente, ao ser chamado para Blue Lock e ouvir as palavras do treinador, Yoichi acende a chama do seu egoísmo. Assim, estando no 299º lugar do ranking da Blue Lock — logo, o segundo pior jogador ali dentro — ele mostra que fará o que for preciso para se tornar o melhor atacante do mundo.
Inclusive, para deixar isso bem enfatizado, uma suposta fala do Pelé é citada. Teoricamente, o nosso astro do futebol teria dito que “O melhor atacante do mundo, o melhor meio-campista do mundo, o melhor zagueiro do mundo, o melhor goleiro do mundo… Não importa a pergunta, sempre responderei que sou eu”.
No entanto, meio pasma com essa declaração fui pesquisar se era verdadeira, e não consegui encontrar nenhuma fonte que comprovasse. Bem, sendo uma obra de ficção isso não é exatamente um problema, mas como boa brasileira fiquei meio ofendida por usarem a imagem do Pelé dessa forma. Juntamente com o desenho bem fora da realidade que fizeram do astro, pouquíssimo semelhante a ele. Bem, nada é perfeito.
Vale a pena?
Enfim, Blue Lock tem uma proposta instigante e o final do primeiro volume me deixou curiosa para continuar lendo e ver até onde esses jovens conseguirão ir. Então, caso você já curta mangás esportivos, não tem muito erro, pode ler que não vai se decepcionar. Inclusive, as várias referências a jogadores de futebol atuais podem ser um agrado. Mas caso você só esteja curioso pra ver um Jogos Vorazes de futebol, com personagens perturbadores e misteriosos, também vale a pena. Finalmente, se você só está empolgado com a Copa do Mundo e quer entrar no clima competitivo, Blue Lock é a melhor escolha!
Desculpa Japão, mas que venha o Hexa brasileiro!