A espera finalmente acabou. Durante anos, os fãs de Assassin’s Creed pediram um jogo ambientado no Japão Feudal, e Assassin’s Creed Shadows entrega exatamente isso – e muito mais.
Ambientado no turbulento período da era Azuchi-Momoyama, Shadows combina história, mitologia e ação furtiva em um mundo aberto vibrante e detalhado. Com personagens marcantes, mecânicas refinadas e um enredo cativante, o jogo se posiciona entre os melhores da franquia, superando até então meu preferido, Assassin’s Creed Odyssey em diversos aspectos.
Mas será que Shadows realmente representa um salto significativo para a série? Ou estamos diante de mais um título que recicla a fórmula já conhecida? Nesta análise, vamos explorar os pontos altos e baixos do jogo, desde sua ambientação e narrativa até gráficos, jogabilidade e performance.
História e Personagens: Um Enredo de Vingança e Honra
A trama de Assassin’s Creed Shadows gira em torno de dois protagonistas jogáveis: Naoe, uma shinobi determinada a vingar sua família, e Yasuke, um lendário samurai de origem africana que serviu Oda Nobunaga. A narrativa entrelaça histórias destacando suas diferenças culturais, motivações e desenvolvimento pessoal ao longo da campanha.
A vingança é o tema central da trama (principalmente com Naoe), algo que já se provou eficaz na franquia em títulos passados. Em Shadows, essa temática é executada de forma emocional e bem construída, fazendo com que os jogadores se importem com os protagonistas. O vínculo entre Naoe e Yasuke se fortalece ao longo da história, e seus diálogos são bem escritos, contribuindo para uma relação crível e cativante.
Além disso, Shadows resgata um pouco mais a influência dos Templários e dos Assassinos na trama, algo que foi criticado por estar diluído nos últimos jogos. O enredo se aprofunda na presença dessas organizações no Japão Feudal, o que pode reescrever parte da lore dentro da cronologia oficial – para os jogadores mais antigos, isso pode incomodar?

Dia Moderno: Um Elo Fraco na História
Apesar do enredo histórico ser um dos mais bem escritos da saga recente, a parte do Dia Moderno continua sendo um ponto fraco. Em vez de aprofundar a continuidade da trama iniciada nos últimos RPGs, Shadows opta por um caminho confuso e aparentemente desconectado dos acontecimentos anteriores.
Para os fãs da lore moderna da franquia, essa escolha pode ser decepcionante. De fato, os desenvolvedores colocaram todo seu esforço no Japão Feudal – mas né, é o que importa.

Ambientação e Gráficos: O Japão Feudal em Detalhes Deslumbrantes
Se há um aspecto em que Assassin’s Creed Shadows brilha intensamente, é na sua ambientação. O Japão Feudal nunca foi tão bem representado em um jogo da Ubisoft – além de ser o jogo mais bonito da atualidade. Desde as movimentadas aldeias e templos até os densos campos de bambu e montanhas cobertas de neve, o mapa oferece um mundo vasto e detalhado, repleto de vida e cultura.
A transição entre as estações é um dos grandes destaques gráficos. Cada estação altera drasticamente o visual do jogo, mudando a paleta de cores, os efeitos de iluminação e até mesmo a jogabilidade – por exemplo, a neve pode deixar o deslocamento mais lento, enquanto as chuvas afetam a furtividade.
Abaixo um exemplo da incrível vegetação do jogo:
Cara, essa quantidade de coisas se movendo ao mesmo tempo é uma parada que me fascina demais, ta loko. #AssassinsCreedShadows pic.twitter.com/Oi2dzkSuY1
— KALLIL AUGUSTO | GAMERLLIL GAMES (@KallilAugusto) March 21, 2025
Ray Tracing e Detalhamento Visual
Os gráficos de Shadows são impressionantes, utilizando Ray Tracing para criar reflexos realistas em superfícies como água e armaduras. A iluminação global contribui para cenas deslumbrantes, especialmente ao pôr do sol ou durante tempestades noturnas. Um detalhe: até o lançamento estava sentindo um pouco do peso do jogo, mas com o patch day one, parece que deu uma boa otimizada em placas da Nvidia.
Os personagens principais são extremamente bem modelados, com atenção especial aos cabelos – um problema recorrente em jogos atuais e da Ubisoft, que aqui foi finalmente resolvido. No entanto, as expressões faciais ainda deixam a desejar; os modelos parecem ter menos músculos e ainda não convencem em cenas com maior vigor em Alegria ou Tristeza.
Os NPCs genéricos também receberam mais atenção, estando menos genéricos do que em Assassin’s Creed Valhalla, mas ainda não atingindo o nível de realismo visto em outros títulos AAA. Há ainda MUITOS NPCs repetidos vindo a todo momento, principalmente inimigos.
Mais um exemplo captado pelo meu parça Vini, sobre a beleza do game:
Eu sempre espero gostar das coisas, mas tava com pé atrás com AC Shadows
Passei o fim de semana todo nele, quase 20 horas já e tô fazendo tudo, me divertindo
Meu maior parâmetro pra saber se um jogo é bom é se me fisga – e me fisgou FORTE
Não é perfeito, mas tô amando! pic.twitter.com/DQ7cfoiVA0
— Vinicius Munhoz (@viniciussmunhoz) March 24, 2025
Jogabilidade e Combate: O Melhor Sistema de Luta da Saga
O combate em Assassin’s Creed Shadows é um dos pontos altos do jogo. A Ubisoft aprimorou o sistema RPG adotado desde Origins, tornando os confrontos mais cadenciados e estratégicos.
Cada personagem possui um estilo de luta distinto:
- Naoe enfatiza a furtividade, utilizando kunais, bombas de fumaça e assassinatos silenciosos para eliminar inimigos sem ser detectada. Sua jogabilidade lembra os antigos Assassin’s Creed, com movimentação ágil e foco no parkour.
- Yasuke, por outro lado, é um guerreiro brutal que enfrenta inimigos de frente, utilizando ataques pesados e bloqueios para dominar o campo de batalha. Seu estilo de combate se assemelha mais a jogos como Ghost of Tsushima e Nioh.
Basicamente, para exploração e furtividade, utilizava a Naoe. Quando a coisa pegava ou queria chutar o portão dos castelos e matar todo mundo, aí o Yasuke era a escolha certa. Achei interessante dar estas duas opções para o jogador, deixando o jogo ainda menos repetitivo.
Stealth e IA dos Inimigos
O stealth está no nível do Mirage, permitindo abordagens criativas e execuções silenciosas. No entanto, a IA dos inimigos ainda apresenta falhas, sendo previsível em alguns momentos e permitindo que jogadores experientes abusem de mecânicas de distração para evitar conflitos.
Os inimigos agora são mais agressivos e defensivos, utilizando bloqueios e contra-ataques para desafiar o jogador. Além disso, o sistema de “parry” (desvio e contra-ataque) é o melhor já implementado na franquia – a galera do soulslike vai adorar.

Mundo Aberto: Atividades e Exploração
O mapa de Assassin’s Creed Shadows é vasto e diversificado, oferecendo cidades, vilarejos, montanhas e templos para explorar. A liberdade de movimento foi ampliada, permitindo escalar estruturas com maior naturalidade e andar por áreas que antes seriam bloqueadas por barreiras invisíveis.
As atividades secundárias são variadas, incluindo:
- Side Quests que aprofundam o passado dos personagens e da região.
- Treinamento de espada e furtividade, com desafios inspirados na cultura samurai.
- Minigames de construção de bases, permitindo ao jogador decorar e expandir um esconderijo, próximo do que foi visto em Valhalla.
- Sistema de estações, onde mudanças climáticas impactam as missões.
No entanto, algumas missões secundárias podem se tornar repetitivas, um problema recorrente nos jogos de mundo aberto da Ubisoft. Shadows não possui o mesmo volume de missões e coisas para fazer como em Odyssey, mas mesmo assim, diminuir um pouquinho de missões genéricas seria mais interessante.

Performance e Áudio: Quase Perfeito, Mas com Alguns Problemas
A performance de Shadows foi polida antes do lançamento, com a Ubisoft investindo mais tempo no desenvolvimento para garantir uma experiência estável. Na fase antes do embargo e sem o driver apropriado da Nvidia, havia alguns problemas de performance. Com minha RTX 4060 eu não conseguia colocar o jogo em 1440p no Alto, sendo assim, joguei uma parte em 1080p.
Assim que saiu o patch Day One, parece que houve sim um salto de performance, onde consegui colocar minha máquina em 1440p, Alto e jogando próximo dos 80 quadros por segundo com o Gerador de Quadros ativado. Destaco que a experiência do Médio para o Alto são distintas, principalmente com vegetação rasteira e qualidade das bordas de sombras.
A trilha sonora merece destaque, misturando elementos tradicionais da música japonesa com influências modernas. As composições se encaixam perfeitamente na ambientação e brilham especialmente durante combates e momentos de tensão. Há também algumas músicas com temáticas africanas e misturadas com a japonesa, são bem interessantes. Vou dar uma passadela para ouvir a trilha sonora depois.
A dublagem brasileira está muito boa e com uma sincronia labial muito bem trabalhada. No entanto, algumas inconsistências na pronúncia de termos japoneses podem incomodar os mais atentos, já que em vários momentos a tônica muda, por exemplo: Nobunaga, ou Nobu-nagá?

Conclusão: Assassin’s Creed Shadows é um Marco para a Saga
Assassin’s Creed Shadows entrega tudo o que os fãs esperavam e mais. Com um enredo honesto, personagens bem desenvolvidos, principalmente com Naoe e o maior destaque, um mundo lindo e vibrante. O jogo se posiciona como um dos melhores títulos da franquia – pelo menos dentro da era RPGistica.
Seus gráficos impressionam, o combate está mais refinado e a ambientação do Japão Feudal é um verdadeiro espetáculo. Pequenos problemas na IA dos inimigos, expressões faciais e a trama do Dia Moderno impedem o jogo de ser perfeito, mas não comprometem a experiência geral.
Se você é fã da franquia, este é um título obrigatório. Se Odyssey era seu favorito, prepare-se para mudar de ideia: Shadows estabelece um novo padrão para Assassin’s Creed.