Em tempos da Guerra Civil, quatro irmãs vivem a passagem da adolescência para a vida adulta, cada uma delas amadurecendo de um jeito e colocando em prova o laço forte que elas tinham na família, diante a uma grande jornada de amadurecimento. Adoráveis Mulheres é mais uma prova do grande trabalho da diretora Greta Gerwig e, como aconteceu com Lady Bird, um aprendizado para todos, mesmo sendo direcionado para mulheres, homens também podem tirar lições importantes e entender a luta das mulheres, além de marcar presença nas premiações da academia.

A direção e roteiro foi um casamento lindo e maravilhoso que nos entregou grandes personagens, as quais as quatro principais são a vitrine para qualquer mulher se identificar, Gerwig sabe como trabalhar cenas longas de diálogo e desenvolver personagem de uma forma simples e detalhada, não se importou em fazer um filme arrastado e lento, mas não deixou pontas soltas, caso aconteça algum problema de furo de roteiro ou barrigas na história, a qualidade do trabalho na mão dela ofusca pequenos defeitos e consolida a carreira dela em Hollywood, digo isso porque a ausência de mulheres na produção é um incômodo, e por mais que Elizabeth Banks falhou miseravelmente na direção em As Panteras, ainda sim fica a torcida por ela vingar como diretora, assim como está sendo Patty Jenkins, Greta Gerwig e muitas outras que lutam por seu espaço.

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As quatro garotas estampam as escolhas que as mulheres fazem em suas vidas, e ainda sim há discussão entre elas sobre as mesmas, Jo March (Saoirse Ronan) é o maior símbolo feminista do filme, não só pela atitude e ideologia, mas pelo conflito pessoal que a personagem convive pessoalmente, bate de frente com as irmãs que escolhem uma vida mais tradicional de dona de casa.

Em meio a isso, o melhor amigo dela Laurie (Timothée Chalamet), se apaixona por ela, a confusão emocional de Jo a molda para a vida, pois sua obsessão é a carreira de escritora, tanto que ela faz de tudo para conseguir isso, porém se torna amargurada em alguns pontos, é necessário matar alguns sentimentos para buscar certas conquistas, isso aparenta egoísmo para alguns, mas ela apenas escolheu seu caminho, e certas coisas devem ser deixadas de lado, mesmo Jo sendo julgada pelo público, isso que a mesma julgou a irmã.

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Em paralelo a ela, têm Meg March (Emma Watson) que foi a mais simplista dos personagens, a vida mundana e de dona de casa, a qual não tinha ambição de casar, e mesmo assim aconteceu, morrendo aos poucos o sonho de ser atriz, algo completamente frequente na sociedade, a busca por um sonho o qual pode morrer caso encontre algo mais interessante e tentador, sonhos morrem e a perspectiva de vida muda e os interesses alteram de acordo com o amadurecimento pessoal, no final não foi a morte de um sonho, foi uma substituição de interesses, enquanto a irmã Amy March (Florence Pugh) foi doutrinada pela tia March (Meryl Streep) para buscar um marido rico, mas também teve seus interesses mudados, a irmã Beth March (Eliza Scanlen) foi o impacto para o amadurecimento das personagens, por mais jogada de canto, não se mostrou apagada, mas funcionou apenas para mover a trama a um novo patamar, poderia ter sido mais importante para a história.

A trama lenta e roteiro profundo desenvolve aquele elemento cult de um conquistador de Oscar, um filme lindo que será ecoado por suas mensagens, mas ofuscado pelo desenvolvimento arrastado, porém o público têm se dividido quanto a lentidão de produções audiovisuais.

Mesmo com a diminuição do “preconceito” por filmes cult e entendendo que a ideia é diferente de um filme comercial, ou as pessoas só usam esse discurso porque tá chegando o Oscar 2020, falam mal de cinéfilo e críticas de cinema, mas o público é inteligente e sabe dividir os interesses, ano após ano o público assiste sesses filmes e idolatra nas redes sociais, esse tipo de filme é difícil de saturar, pois raramente aparacem no cinema.

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Cada detalhe trabalhado em Adoráveis Mulheres comprova a grande obra magnífica apresentada para o público, o conjunto da obra se destaca de outras produções cinematográficas e terá uma grande dificuldade nas premiações da academia, pois a mesma se mostrou grandiosa, espetacular, mas abaixo de outros filmes que estão na possível lista de indicados, mesmo assim não seria surpresa levar alguns prêmios, diante a grande concorrência, Adoráveis Mulheres pode se tornar o azarão do Oscar 2020, mas que trabalhou uma das melhores mensagens para o público alvo, a mulher é livre para fazer suas escolhas.

REVIEW
Adoráveis Mulheres
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
adoraveis-mulheres-reviewA diretora e roteirista Greta Gerwig (Lady Bird – A Hora de Voar) costurou seu filme Adoráveis Mulheres usando como base o romance clássico e também os escritos de Louisa May Alcott; e criou uma história que se desenrola enquanto o alter ego da autora, Jo March, relembra fatos do passado e do presente de sua vida fictícia. Na visão de Gerwig, a amada história das irmãs March - quatro jovens mulheres, cada uma determinada a viver a vida em seus próprios termos – é uma história clássica e ao mesmo tempo muito atual. Retratando Jo, Meg, Amy e Beth March, o filme é estrelado por Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, com Timothée Chalamet como seu vizinho Laurie, Laura Dern como Marmee e Meryl Streep como Tia March.