Filmes, livros, podcasts, vídeos… vários conteúdos sobre crimes reais têm se popularizado nos últimos anos e, ainda assim, é muito comum que esse material retrate (em sua maioria) ocorridos em solo estrangeiro. No entanto, caso você seja do tipo curioso sobre a temática, já deve saber que o Brasil tem lá seus assassinatos de gelar a espinha. Em A Menina que Matou os Pais / O Menino que Matou Meus Pais, nós temos a oportunidade de ver versões diferentes sobre o Caso Richthofen.
Duas versões de um mesmo crime
Eu ainda era criança quando, em 2002, um caso de homicídio chocou o país. Um casal foi assassinado de forma brutal e os suspeitos, mais tarde condenados, não eram ninguém além da filha do casal, seu namorado e o irmão do mesmo. A repercussão do julgamento foi gigantesca, não somente pela maneira como os atos foram cometidos, mas pelas diferentes versões dos acusados.
Os filmes A Menina que Matou os Pais / O Menino que Matou Meus Pais contam justamente essas versões, sendo o primeiro da visão de Daniel Cravinhos (namorado de Suzane na época) e o segundo da visão de Suzane Richthofen (a filha do casal assassinado). Os filmes iriam originalmente estrear no cinema simultaneamente, porém, devido a pandemia que se iniciou no fim de 2019, o lançamento foi postergado até ter sua estreia mudada para a plataforma de streaming Amazon Prime Video.
Curiosa que sou, já estava de olho no(s) filme(s) fazia tempos. Sou doida por histórias de crimes reais e ficcionais, e a ideia de saber mais sobre o que ocorreu no famoso assassinato me deixou bastante ansiosa para o lançamento.
É importante pontuar que o roteiro é baseado nos atos do caso, porém, nas versões dos condenados, e não nas conclusões do júri. Sendo assim, tudo que vemos é apenas o que eles (Suzane e Daniel) relatam, podendo ou não ser verdade (se a curiosidade bateu, eu fui conferir depois mais sobre os depoimentos e o estudo do caso, e aparentemente muito do que foi afirmado era puramente invenção). Apesar disso ser dito logo no inicio do filme, eu acho um tanto perigoso como a direção optou por contar a história, e vou dizer mais a frente o porquê.
Dois filmes “ok” não fazem um filme bom
Os dois longas são muito semelhantes, e apesar deles terem o cuidado de retratarem as mesmas cenas com diferentes pontos de vista e colocando diferentes interpretações, eu achei desnecessário a existência dos dois filmes. Acredito que uma única produção com os dois lados seria muito mais viável, até porque, por mais interessante que seja, no segundo filme nós já estamos meio de saco cheio.
Em geral o filme não surpreende, o que pode parecer uma afirmação boba sendo que já sabemos o que ocorre no longa, mas é que ele entrega todo um conteúdo mais ou menos. Atuações que não são ruins nem boas, trilha sonora que não te prende mas também não é fora de hora, fotografia correta mas não memorável… Tudo no filme é ok, mas nada que você pense “Uau, eu gostaria de assistir esse filme de novo”, ainda mais quando já somos obrigados a assistir ele novamente…
E ai que fica minha maior crítica: É muito provável que algumas pessoas (se não várias) não se interessem em assistir os dois longas, já que eles não são tão interessantes assim, nesse caso, já que os filmes não apresentam o julgamento, pode ser que esses telespectadores acreditem na versão que os mesmos assistiram, o que é algo perigoso. Eu sei que a interpretação dos outros não é algo que uma produção cinematográfica possa controlar, mas tendo em vista que o crime é recente e os parentes dos elementos da trama ainda estão todos bem vivos e ativos, eu acho que seria um cuidado necessário em respeito aos inocentes que foram envolvidos no crime.
Afinal, vale a pena assistir?
Apesar de não me arrepender de ter visto os dois filmes, não sei se o recomendaria para qualquer um, a menos que a pessoa esteja realmente interessada no caso. Se for apenas um fã de crimes reais, talvez a produção não prenda o telespectador.