Candyman é um clássico de terror de 1992, um dos primeiros filmes (se não o primeiro) a abordar a temática de lendas urbanas, que nas décadas seguintes ganhariam a internet no estilo creepypasta.
O filme de 92 foi uma adaptação do conto de Clive Barker (o mesmo autor que teve suas obras adaptadas para Hellraiser) e contava a história de uma estudante que tenta construir seu trabalho final na lenda de Candyman, uma entidade que – acredita-se – fora um escravo torturado após se envolver com uma mulher branca, após sua morte, ele é capaz de ser invocado quando seu nome é chamado cinco vezes na frente de um espelho, matando aquele que o chamou.
O filme foi revolucionário na época por abordar temáticas sociais importantes através de um filme de terror, como o racismo. Apesar de não ter sido o primeiro, nem o último, filme de terror a usar da temática assustadora para fazer uma crítica social, ele foi um dos mais famosos a cair no gosto popular, e conseguiu arrecadas duas sequências (que não fizeram nome ao primeiro título).
Nos anos 2000 começaram a circular boatos sobre uma nova sequência que nunca foi a frente, e em 2018, Jordan Peele (roteirista e diretor dos aclamados Corra e Nós) se interessou pela aquisição dos direitos da obra com sua empresa Monkeypaw Productions, adquirindo-os de fato no começo de 2019 quando o filme começou a ser rodado. Na época foi levantado a hipótese do filme ser um remake, boato que logo seria colocado a baixo.
A Lenda de Candyman (2021) é uma sequência direta ao primeiro filme, ignorando as duas sequências anteriores. O filme foi realizado em 2019, tendo sua estreia adiada de 2020 para 2021 devido a pandemia de COVID-19. O filme, diferente do que era imaginado, não foi dirigido por Peele, mas sim por Nia DaCosta, uma jovem diretora que tem o peso do título como seu segundo longa, e faz jus a escolha.
Correndo o risco de ser apedrejada, eu tenho que dizer que eu gostei mais do novo filme do que o original. Sei que isso parece uma ofensa direta, mas não entenda mal, Candyman (92) é ótimo, mas A lenda de Candyman consegue superá-lo em vários aspectos, entregando um roteiro coerente, amarradinho, que faz críticas sociais importantes ao mesmo tempo que não deixa que isso se sobreponha ao mistério inicial, e consegue manter o clima de tensão alto, não sendo um filme longo, mas também não muito curto.
Minhas únicas ponderações negativas ficam para o último ato onde, mais uma vez, há uma daquelas grandes explicações que muitos filmes fazem, ao invés de deixarem que os espectadores tentem adivinhar sozinhos. Não é nada que já não tenhamos visto milhões de vezes, mas me incomoda como roteiristas e diretores continuam a taxar os espectadores de imbecis e ter que explicar tim-tim por tim-tim para que a trama faça sentido.
Ainda assim o filme é forte em todos os aspectos: sonografia, fotografia, direção, atuação… Para esse último a o destaque dos protagonistas Yahya Abdul-Mateen II e Teyonah Parris que dão um SHOW de atuação. Aliás, todos os atores são muito bons em tela, nos deixando emergidos na trama e entregando tudo que sempre queremos ver.
Como um bom slasher, as cenas sangrentas dão gosto para os fãs do gênero. E apesar de haver críticas do filme não ser “assustador o bastante” eu sou do time que tensão é mais importante que jumpscare e acredito que A Lenda de Candyman consegue ser SIM um filme de terror assustador, afinal, você teria coragem de dizer seu nome?