Em 2018, as produtoras de filmes começaram a apostar em filmes LGBT+ não só por causa de um movimento ou quebra de tabús, mas claramente para aproveitar essa onda de amor livre e aceitação que alcançou na sociedade.
Destaque para “Com Amor, Simon“, o clichê romântico adolescente para o mundo moderno que agradou a todos os públicos, e o vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado “Me Chame pelo seu Nome”, que traz uma pegada muito mais cult que também impactou positivamente a todos – Review em breve, por sinal!
Dessa vez o tema LGBT+ foi mais uma vez escolhido, porém trouxe uma pegada muito mais tensa e forte, envolvendo o extremismo religioso e o medo da rejeição à sociedade.
Rejeição
Desobediência traz uma trama nada impressionante pela sua história e pouco atrativa em atuação, porém a ideia do filme é te colocar em um mundo oculto, mostrar que a vida de um gay não é só diversidade e felicidade.
A rejeição que muitos familiares e religiosos fazem com eles ainda é algo chocante que está longe das mídias, trazer esse ambiente para o judaísmo e trabalhar todo o ambiente ruim das pessoas olharem em forma de desaprovação, te coloca em dúvida do que realmente aconteceu.
Apesar do plot acontecer apenas no meio do filme, as expressões e diálogos em cena já te dão uma pista e até a conclusão do motivo de todo aquele clima pesado toda a trama é um verdadeiro “climão”; cada cena traz aquele momento constrangedor que não só traz risadas como também causa um desconforto como se estivesse dentro do filme. São poucas as cenas mais suaves que serviram para respirar um pouco – mas funcionou de forma contrária, as partes mais serenas só trouxe monotonia.
Cenas positivas amorosas e outras constrangedoras são extrapoladas propositalmente, e qualquer cena fora disso é ignorada, inclusive a cena de sexo das protagonistas trouxe um simbolismo diferente para cada um, ambas andando pelos padrões tradicionais da sociedade, evitando se soltar, e quando se encontram, foi libertador, quase a nível fantasioso, pareceu um final de filme de tão esperado que estava sendo a situação. Ainda sim o reencontro é libertador e também prejudicial para todos.
Teorias
A desaprovação do pai de Ronit é bem explícito mesmo depois de morto, ainda sim se mostra fragilizada pela morte de e mesmo que seu pai a rejeitasse, o final do filme te joga em um vácuo de teorias que faz com que questões não sejam respondidas, mas o conjunto da obra faz esse final ser muito bem trabalhado em contexto a todas as situações vividas em tela.
O ator Alessandro Nivola fez a melhor cena, por ser um filme LGBT+, a importância dela só triplica a sua perfeição: um rabino fazer um discurso de liberdade em meio a tantas cabeças quadradas causa um impacto forte e traz a mensagem que deve ser dita para aqueles que ainda têm preconceitos com os gays.
Porém, o ponto forte é a dúvida que ele se coloca em contradizer sua religião ou trair a amizade forte e longínqua das duas protagonistas, um espaço gigante para ele faz todos que estão assistindo ficarem aflitos, pois todo o ambiente pesado te de deixa em dúvida.
Ali poderia ser a cena de discurso de liberdade como poderia ser um discurso extremo religioso, difamando a homossexualidade e defender os ideais do judaísmo. Qualquer uma das opções causaria um impacto forte e provaria da genialidade do filme, os caminhos seriam diferentes em cena, mas sua conclusão resultaria em um poço de dúvidas que provaria da importância e genialidade dessa cena.
Linguagem Chocante
Não é um filme para todos, sua linguagem mais chocante pode afastar o público pela falta de cores e grandes nomes, mas na questão ideológica, é uma história que precisa ser contada, deve ser absorvida e entrará para a vasta lista de filmes conceituais onde a mensagem supera o filme.
Desobediência é o filme que ninguém gostaria de assistir, mas que precisa ser assistido e aproveitado cada minuto de sua tensão e tristeza, onde o movimento LGBT+ é o principal foco da trama, mas não é o público que deve ser atingido.