Um dos maiores hypes do ano, enfim, teve seu primeiro fim na Netfix. Lembrando que pós estes 13 episódios, teremos mais um em 4 de julho, que também deve ser disponibilizado na plataforma de streaming.
Violet Evergarden é uma adaptação de uma série em light novel homônima, com dois volumes, sob as autorias de Kana Akatsuki (roteiro) e Akiko Takase (arte), lançados pela Kyoto Animation em 2015 e 2016, respectivamente. Em março deste ano, um volume denominado Gaiden fora lançado junto de um anúncio “novo projeto em andamento”.
Bem, situados quanto a franquia, vamos conversar um pouquinho sobre a animação? O que é Violet Evergarden?
Depois da guerra, a paz
Violet Evergarden é uma Autômata de Automemórias, e apesar do nome de seus braços mecânicos, ela não é uma robô – mas pode-se considerar uma máquina de combate.
Utilizada em guerra, Violet é uma exímia soldada e como ela mesmo diz: “vive para obedecer ordens”, principalmente do seu superior, o Major Gilbert Bougainvillea, este que morre e profere as últimas palavras “eu te amo” para a jovem; o que acaba delegando um novo ritmo para a autômata, em achar sentido na palavra Amor.
A guerra acabou, a paz voltou – até um certo ponto – e ela é contratada para a Companhia Postal CH, escrevendo cartas para inúmeras pessoas e localidades do universo da animação. De forma episódica, a animação trata das mais adversas situações e sentimentos – bem como a forma de como a protagonista encara cada uma delas.
Autômata de Automemórias
Se do lado ocidental e principalmente num país tropical temos os sentimentos mais “a flor da pele”, é natural de que produções de países mais “frios”, menos acalorados, tratem de forma intrínseca o lado emotivo do ser.
Se pra gente é mais natural a exacerbação de certas ações, ou mesmo a demonstração de sentimentos, por lá não. Violet Evergarden trabalha em seus 13 episódios, de forma carregada, e diria até lenta, como Aquele ou Este sentimento surgiu dentro da protagonista.
É interessante ver seu desenvolvimento ou mesmo crescimento como humana; por outro lado, é um pouco angustiante e melancólica a forma em que trataram tudo isso. Há episódios-chave, e bem, seria interessante dar o enfoque no melodrama nestes aí – e trabalhar com o background e desenvolvimento da personagem em outros.
Quem é Violet Evergarden?
Em todos os episódios temos um pouquinho do passado resgatado nas situações em que Violet é enviada para escrever suas cartas. Ora para salvar uma região de um conflito, ou mesmo para escrever uma carta de amor entre algum casal.
Dentro disso, e dentro de histórias de vida – algumas farão você chorar… muito – têm-se a Violet aprendendo a ser uma humana, já que pelo jeito, nunca saíra do fronte de batalha.
Quando é que deixamos nosso passado pra lá e passamos a andar com as próprias pernas – sem ordens de ninguém? Creio que essa seja a questão cerne da série.
Kyoto Animation é Kyoto Animation
Como quase sempre, é um costume ter um vislumbre técnico com uma animação da Kyoto Animation. Dos cabelos, da movimentação corporal ou das paisagens com o trem em primeiro plano… é um deleite para os olhos. Belo trabalho de direção de arte por Mikiko Watanabe (Suzumiya Haruhi, Kyoukai no Kanata)
A trilha sonora também é fantástica, e dá o tom para a direção de Taichi Ishidate (Kyoukai no Kanata), com uma mixagem pontual.
Do lado das dublagens, o estúdio de Campinas (Dubbing Company) fez o melhor trabalho até então (se desconsiderarmos Ricky & Morty, por exemplo), com a bela voz aveludada de Raíssa Bueno como Violet; ela que já fez trabalhos como Lise em Schwarzesmarken, Rolonia em Rokka no Yuusha. Outros destaques vão para Jéssica Cardia como Iris Cannary e Renan Villela como Hodgins.
Para ser respeitado
Violet Evergarden é aquele anime que pode não ser lembrado daqui alguns anos, e não digo por ser esquecível, mas sim por conta de ter muito slice-of-life. Claro, é marcante quando temos Violet em combate; ela realmente empolga! Entretanto, acredito que seja uma obra em que teremos uma lembrança maior por seu tom de plot a cenas memoráveis.
Se de um lado temos a perfeição audiovisual, do outro vem o roteiro arrastado e as motivações que não são tão empolgantes. Engana-se quem entendera que o roteiro é falho aqui. Muito pelo contrário – ele é condizente com o que a obra quer apresentar.
Se você procura uma animação com uma qualidade técnica exuberante, abordando os sentimentos mais simples do Ser e dentro de uma temática pós-vitoriana e pré épocas das grandes guerras, embarque nessa viagem com Violet Evergarden.