Finalizando sua terceira temporada, Uma Musume continua provando ter ido bem além de ser um anime de idols corredoras. Assim, se estabeleceu como um dos melhores animes de esporte dos últimos anos. Então, confira neste review mais uma das últimas estreias de 2023, Uma Musume: Pretty Derby Season 3!
Esporte nacional versão moe
Que os animes já nos dizem há anos que o baseball é a razão de estádios lotados, gritos de torcida e suspiros de colegiais, disso já se sabe. De uns anos para cá também sabemos que o futebol é uma paixão forte de lá, ainda que com menor projeção. Mesmo assim, é o suficiente para observarmos algumas participações notáveis em Copas do Mundo e em fenômenos como Blue Lock e Captain Tsubasa.
No entanto, existe uma paixão nacional japonesa tão antiga quanto o próprio Japão atual como o conhecemos: turfe.
Para muitos de nós, a descoberta veio com Uma Musume. Afinal, quando a primeira temporada foi anunciada em 2018 para promover o anúncio do jogo — que chegou depois, fazendo história como um dos mobage mais rentáveis já lançados — a impressão que Uma Musume passava é de que seria apenas mais uma versão antropoformizada de garotas fofas tomando a forma de vários nichos, como navios em Azur Lane ou Kancolle.
Assim, a primeira impressão foi de fato essa. Afinal, Uma Musume mostrou a carreira de Special Week e Silence Suzuka, duas personagens marcantes na história recente do turfe japonês. O lançamento do anime concidiu com o falecimento do cavalo de corrida Special Week, aos 23 anos.
Apesar de fofo como esperado, até mesmo cômico, Uma Musume dava mostras sólidas de ser também um anime de esportes. Com corridas emocionantes, arcos de treinamento e histórias de rivalidade surpreendentes, pegaram seus expectadores de surpresa.
Não surpreende, como já escrevemos aqui em outra ocasião, que mesmo profissionais tenham aprovado a série como uma referência esportiva. Com isso, a fagulha explodiria de vez na temporada seguinte e nos lançamentos posteriores.
Fenômeno Nacional
Então, com o sucesso da primeira temporada e o lançamento do mobage pela CyGames, Uma Musume virou um fenômeno da cultura pop japonesa recente. Porém, o casamento do moe com o turfe é delicado.
Quem já assistiu Golden Kamuy vai lembrar que corridas de cavalo são populares desde pelo menos a Era Taisho. Além disso, essas apostas envolvem não só muito dinheiro como crime organizado, o que faz do turfe a versão japonesa do nosso jogo do bicho.
Também, os direitos de uso de nome e imagem dos cavalos de corrida implicam num controle tão delicado do que pode ou não pode ser representado que a própria CyGames pediu mais de uma vez que não se desenhasse hentai das meninas de Uma Musume.
Inclusive, criou-se até um folclore na internet de que a yakuza estaria ameaçando desenhistas que estivessem desenhando hentai de personagens baseadas em seus cavalos. Como dito, folclore, meme até, mas nunca se sabe. O que se sabe é que tem muito, mas muito dinheiro envolvendo essa série.
Assim, do lançamento do jogo em 2021 até agora, Uma Musume arrecadou nada menos que dois bilhões de dólares no Japão. Não impressiona o cuidado que a CyGames está tomando afinal.
Finalmente, a terceira temporada
Estabelecida como está, Uma Musume ganhou sua terceira temporada recentemente. Isso aconteceu após a estreia de um especial de quatro episódios chamado “Uma Musume Pretty Derby – Road to the Top”, estrelando Narita Top Road, sua rival Admire Vega e Oguri Cap.
Enfim, foi uma ótima temporada, mas que está sendo injustamente comparada com a segunda temporada, que, em uma palavra, foi perfeita. Não escrevi sobre na época, mas esteve bastante presente no Gole Otaku, um especial semanal do Suco no YouTube com a Verinha, onde comentávamos os destaques das temporadas dos animes.
Reusmindo, a segunda temporada de Uma Musume pegou personagens icônicos dos anos 90 para fazer um dos melhores animes de esporte já feitos. E não, não exagero na descrição.
Centrada na Toukai Teiou e acompanhada de Mejiro McQueen, Twin Turbo e Rice Shower, a segunda temporada de Uma Musume mostrou uma das carreiras mais emocionantes da história do turfe japonês. Assim, Toukai Teiou foi uma veterana que sustentou três fraturas na perna e que mesmo assim atingiu uma vitória épica no final de sua carreira.
Tão emocionante que as lágrimas vem involuntariamente só de lembrar dos momentos dessa temporada.
Qualidade verdadeira
Além disso, você percebe que a paixão dos produtores pelo turfe é genuína. Em mais de uma ocasião eles recriam corridas reais, até mesmo na narração. Assim, o ápice dessa recriação é a corrida de retorno de Toukai Teiou no Arima Kinnen de 1993, depois de um ano fora das pistas e contra um nova de campeães como Biwa Hayahide.
Em seguida, o desfecho do último episódio da segunda temporada de Uma Musume jogou a barra de qualidade lá na estratosfera, o que desfavoreceu e muito a terceira temporada. Porém, aqui escrevo para atestar que a terceira temporada peca bem menos do que seus críticos digam, talvez por excesso de expectativas.
A chegada do festival
Sendo assim, a terceira temporada conta a história de Kitasan Black e Satono Diamond, estrelas recentes do turfe japonês. Elas aparecem no final da segunda temporada e crescem admirando o exemplo da Toukai Teio na última corrida do anime.
As garotas vem de origens diferentes, mas a amizade é constante e as leva no mesmo quarto do dormitório de sua escola. Então, Kitasan é uma menina suburbana que é querida pela vizinhança por sempre estar ajudando as pessoas à sua volta, seus primeiros fãs. Enquanto isso, Satono Diamond é uma donzela de uma família tradicionalmente ligada ao turfe, mas que sempre sofreu uma maldição de nunca ter ganho uma corrida G1, o equivalente da nossa Série A do futebol brasileiro.
A estreia de Kitasan surge no mesmo momento da aposentadoria de Gold Ship, um dos rostos mais carismáticos tanto de Uma Musume quanto do turfe, pela sua natureza imprevisível e brincalhona.
Além disso, um dos temas maravilhosamente bem trabalhados pela terceira temporada, um tema chave do mundo dos esportes, é a superação de nossos limites físicos. Gold Ship sente que não consegue mais correr como no início de sua carreira e anuncia sua aponsetadoria. Enquanto isso, Kitasan Black treina para seguir o caminho de seu pai, um homem do entretenimento que arrancava sorrisos do palco, razão pela qual Kitasan corre.
Durante esse desafio de se tornar a futura recordista de vitórias de corridas G1 (sete em sua carreira), Kitasan confronta seus limites depois de ter sido derrotada por Duramente, outra figura de destaque nesse anime.
Então, numa amizade tudo é repartível menos o primeiro lugar, eventualmente vemos a amizade de Kitasan Black e Satono Diamond desenvolver um forte senso de rivalidade em suas corridas. Rivalidade esta que só serve para fortalecer ainda mais a amizade das duas, havendo um episódio dedicado apenas ao aprofundamento do laço entre as amigas, um dos momentos mais lindos da temporada.
Últimas considerações
O final pode não ter sido tão emocionante quanto foi o final da temporada anterior, mas, mais uma vez, seria uma comparação extremamente injusta.
Afinal, a segunda temporada de Uma Musume retratou um momento histórico dentre todas as carreiras de sucesso na história do turfe japonês. Isso não pode diminuir o ótimo trabalho da terceira temporada, que foi emocionante em seu próprio direito.
Então, para confirmação de seu contínuo sucesso, Uma Musume anunciou o lançamento de “Shin Jidai no Tobira”, “O Portão da Nova Era”, um filme que estreará agora em 2024 protagonizando, entre outras, Manhattan Cafe, a personagem mais estilosa de toda a franquia.
Trate pois de ir além das aparências, se moe não for sua praia, e não perca este que é um dos maiores animes de esporte dos últimos anos!
