Tinnitus, filme dirigido por Gregório Graziosi, é experiência sensorial interessante e, às vezes, angustiante. Confira agora o Review do Suco de Mangá sobre o filme que esteve na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Sobre o que é o Tinnitus?
Falar sobre Tinnitus sem explicar a doença que dá nome ao título é impossível. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a enfermidade causa a sensação de zumbido no ouvido mesmo sem fontes externas de som.
Entra em cena Marina Lenk (Joana de Verona), atleta de salto ornamental, que começa a sentir essa sensação na véspera de sua apresentação durante os Jogos Olímpicos de 2014.
O som retorna durante a competição, causa um acidente e faz com que ela se afaste do esporte que ama — e ela afunda em uma jornada reflexiva.

O som como ferramenta angustiante
David Boulter, responsável pela sonorização do longa, gera angústia e gradativamente intensifica essa sensação no público. Era necessário para a narrativa utilizar o som para angustiar os espectadores e, como resultado, pensei: sou eu que tô ouvindo isso, ou é efeito do filme?
Além de gerar angústia, o som serve como alegoria ao desconforto pessoal: problemas no relacionamento e uma relação tumultuada com sua ex-dupla são os principais; além do afastamento de sua paixão.
A água como processo de recuperação
Entretanto, não seria possível se afastar totalmente da água. Marina realiza apresentações para o público em um aquário, mas mais do que isso: busca a regeneração e calmaria no ambiente que ama.

Isso faz com que ela inicie a jornada de recuperação, mas algumas escolhas, como abandonar o tratamento, faz com que alguns pilares da sua vida comecem a ruir. No entanto, esse caminho desagua justamente onde ela se sentia melhor: exercendo sua paixão pelo salto ornamental.
Até onde vai a obsessão?
Você já deve ter escutado a frase “cada escolha, uma renúncia”. Para conquistar o que almeja, é necessário abdicar de algumas coisas, entretanto isso pode se transformar em uma grande onda obsessiva.
No fim, Tinnitus é um grande filme sobre relações humanas, viagem de recuperação e escolhas pessoas. A sequência final é visceral e alterna entre sons abafados e a normalidade e faz alusão ao que se ganha e o que se perde.
Veredito
Muitos filmes chocam e geram angústia pelo visual, mas a escolha de usar a doença, e a sonorização, como peça central da trama é diferente e faz do filme uma obra que vale a pena conhecer.