É impressionante como o tempo passa, não é mesmo? Há dois anos, conhecíamos os primeiros detalhes da adaptação de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, assim como os primeiros membros do elenco. Em abril desse ano, os fãs receberam o primeiro trailer do longa. O hype chegou forte. Até que estamos quase no dia de sua estreia, em 2 de setembro.
A trama do mais novo filme da Marvel acompanha Shang-Chi, um jovem criado isolado do resto do mundo por uma organização chamada Dez Anéis. Após passar toda a sua juventude treinando artes marciais em reclusão, Shang-Chi descobre que seu pai, líder dos Dez Anéis, não é lá tão bom quanto se pensava. Assim, começa a batalha do jovem guerreiro contra a Organização Dez Anéis, na qual nosso herói lutará pelo que ele acha certo e justo.
Além dos efeitos visuais deslumbrantes e cenas para deixar qualquer um vidrado, igualmente típicos das produções que integram o MCU, Shang-Chi tem um tempero extra. O filme marca, dentro da linha do universo de filmes da Marvel, o primeiro projeto focado principalmente na cultura asiática. E os produtores levaram isso muito a sério. Não apenas a trama tem como background paisagens e locais asiáticos, como também tanto o elenco quanto a equipe por trás da cortinas é formada por membros asiático-americanos. O compromisso com uma experiência autêntica da cultura asiática e o respeito com seus elementos tão ímpares nunca deixou de ser prioridade durante a produção.
Uma experiência à altura dos quadrinhos
Para dar o pontapé inicial na produção de Shang-Chi, os produtores Kevin Feige e Jonathan Schwartz começaram estudando a fundo os quadrinhos originais da década de 70, período em que a cultura popular tinha, além de vários outros elementos, os filmes de lutas e arte marciais como principais influenciadores. Contudo, para trazer a história original para nossa época atual, a dupla precisaria fazer algumas adaptações sutis para manter a essência da obra.
Embora a arte e a ação desses quadrinhos sejam incríveis, Shang-Chi precisava de uma importante atualização. Vendo-a hoje, quarenta anos depois, e vendo como as histórias são contadas, Shang-Chi não parecia adequado para o público moderno. Tivemos que pensar em como queríamos que essa voz fosse ouvida em um filme da MCU.
Jonathan Schwartz
Na adaptação, após um grupo de assassinos roubar um precioso pingente que outrora foi de sua mãe, Shang-Chi e sua amiga Katy seguem rumo a Macau, com o intuito de alertarem a irmã do jovem, Xialing a rondarão. Conforme nosso protagonista caminha em direção de seus objetivos, mais evidente se torna a relação dos ataques com a temida Organização Dez Anéis, liderada por seu pai.
“…Esta história é, em essência, ver um jovem lidar com seus problemas pela primeira vez. Ele deve olhar para dentro e entender que há coisas negativas em sua história, mas também há muitos aspectos positivos nela. Se ele não se permitir ver tudo, o bom e o mal, a luz e a sombra, não alcançará todo o seu potencial”, descreve Destin Cretton, diretor do filme.
Por fim, o diretor concluiu que eles queriam “contar essa história da maneira correta e ver cada personagem como um ser humano multidimensional para tentar evitar todos os estereótipos que, há muito tempo, existem em torno de personagens asiáticos e asiático-americanos”.
Uma proposta que vai além das telonas
Quantas vezes não vimos alguma adaptação hollywoodiana de alguma obra japonesa, por exemplo, cuja história se passasse no Japão. Então, para o elenco, a produtora responsável escolhe, principalmente, atores ocidentais para os tais papéis. No máximo, em muitos casos, há a presença de um ou dois atores de origem do país da obra original, e quase nunca são papéis lá muito importantes. Bom, esse não é caso de Shang-chi.
Para que a história do novo longa da Marvel fosse contada mantendo a essência do continente asiático, era claro que seu elenco deveria ser fiel à proposta. Desde os primórdios da produção, a equipe criativa do filme se empenhou em selecionar os talentos que melhor poderiam representar esse espírito. Assim, o longa será o primeiro filme da Marvel a ter um elenco basicamente composto por atores e atrizes de descendência asiática. Aliás, não apenas aqueles que aparecem nas telonas como também a equipe de produção é quase completamente formada por membros de origens asiáticas.
Ter um elenco de rostos asiáticos representando tanto a cultura dos Estados Unidos como a chinesa foi incrível. Ver como esses jovens personagens asiáticos vivem suas vidas é algo que nunca me aconteceu antes.
Destin Cretton
Como resultado, o impacto dessa escolha vai muito além de ser fiel à obra. A representação que jovens asiáticos terão com o filme é imensurável. Frequentemente, personagens vindos de países do continente eram retratados, muitas vezes, por meio de estereótipos e pré-julgamentos. No ocidente, não podemos deixar de dizer que é raridade que haja protagonistas descendentes de asiáticos, tampouco com um elenco majoritariamente asiático. Assim, Shang-Chi pode servir, é claro, de inspiração para muitos fãs e jovens que terão um grande e inspirador exemplo para se espelharem.
Um elenco que represente um continente
O elenco escolhido para estrelar a super produção tem nomes muito interessantes e fortes à altura do filme. Liderada por Simu Liu e Awkwafina como protagonista Shang-Chi e Katy, respectivamente, a lista ainda conta com nomes importantes no cinema asiático. Tony Leung, uma lenda do cinema de Hong Kong, dá vida ao pai do protagonista e líder da Organização dos Dez Anéis, Wenwu. Já a atriz sino-americana Fala Chen entra no papel de Li, a mãe do nosso herói, enquanto icônica atriz malaia Michelle Yeoh é Ying Nan, a tia de Shang-Chi.
Simu Liu destacou a importância da representatividade asiática no filme e mostrou-se orgulhoso com o projeto: “Este é o primeiro super-herói asiático-americano do MCU. Este é um marco importante para nós. Esperamos muito tempo por um momento como este, vendo-nos retratados desta forma na tela. Muitos de nós, filhos de imigrantes, nunca pudemos nos ver autenticamente nas telas. Vimos caricaturas e estereótipos. Estou animado para ver o que tem acontecido nos últimos dois anos e acredito que esse filme vai ser uma parte importante dessa conversa”.
Awkwafina também acrescentou a importância que o filme terá, também, a longo prazo: “Será muito importante para aquele menino e aquela menina que não veem muitas pessoas de origem asiática, ou outras minorias, na tela. Quando você vê um super-herói, você vê a si mesmo. Acho que esta é a grande importância de filmes como este. Eles permitem que meninos e meninas sintam essa possibilidade. Seguindo essa ideia, tomara que abra as portas para mais filmes como este”.
Um time escolhido a dedo
Como já comentamos, não apenas o elenco de Shang-Chi é composto por atores e atrizes asiáticos como, também, sua equipe de produção segue a mesma proposta. Desde antes de ter nomes definidos, a Marvel já estava atrás de diretores asiático-americanos para moldar esse projeto. Quando soube disso, Destin Cretton se animou bastante. Afinal, o próprio Cretton, nascido no Havaí, contou uma história que o motivou ainda mais a colocar suas mãos no projeto: “Na minha infância, meus amigos eram filipinos, chineses e japoneses. No Havaí, se você é asiático, faz parte da maioria. Quando viajei para o território continental dos Estados Unidos, foi a primeira vez que me senti deslocado. Foi a primeira vez que alguém em um bar veio até mim e me chamou de Bruce Lee. Foi aí que percebi e pensei: ‘Ah, sim, aqui sou diferente”.
Do mesmo modo, essa história do diretor é bem similar ao que acontece com Shang-Chi, ao deixar suas raízes rumo aos Estados Unidos. Sob o mesmo ponto de vista, os produtores da Marvel se animaram com a possibilidade também, tal qual não demorou para convocarem Cretton para o cargo. A partir daí, o DNA asiático dentro da equipe responsável para dar vida à história de Shang-Chi foi tomando forma.
Em seguida, o estúdio contratou, por exemplo Dave Challaham, roteirista sino-americano, Sue Chan, designer de descendência chinesa, e Harry Yoon, de origem coreana, para a equipe de edição.
Esses são apenas alguns exemplos dos esforços para tornar o projeto mais autêntico e representativo possível. Nos cinemas, o público terá uma experiência genuína e cheia de essência e autenticidade do começo ao fim, ao mesmo tempo que presencia um grande passo no universo cinematográfico da Marvel.