Se havia alguma credibilidade a recuperar após 13 anos de ausência, o Queensrÿche o fez da maneira mais ousada possível: abrindo mão de seus dois maiores sucessos comerciais e apostando em um show puramente metálico no Monsters of Rock 2025.
A banda de Seattle, que não visitava o Brasil desde o polêmico show de 2012 – marcado pela tensão entre o ex-vocalista Geoff Tate e os demais músicos – retornou ao mesmo palco onde fez sua estreia paulistana em 1997. O sistema de som executando “The Mob Rules” do Black Sabbath antes da entrada da banda já indicava o que estava por vir: uma apresentação focada nas origens.

Formação madura
Com Todd La Torre nos vocais há mais de uma década, o Queensrÿche abriu seu set com “Queen of the Reich”, faixa do EP homônimo de 1983. A escolha não poderia ser mais acertada para apresentar La Torre ao público brasileiro, demonstrando sua impressionante capacidade de alcançar as notas altíssimas que marcaram a era Tate, sem soar como mera imitação.
A formação atual – completada por Michael Wilton e Mike Stone nas guitarras, Eddie Jackson no baixo e Casey Grillo na bateria – focou em clássicos e raridades da fase inicial da carreira. O repertório privilegiou os álbuns “Operation: Mindcrime” (1988), com cinco faixas, além do EP de estreia e “The Warning” (1984).

Sem os maiores hits: uma boa decisão?
A decisão de ignorar completamente “Silent Lucidity” e “Jet City Woman”, seus maiores hits do disco “Empire” (1990), foi arriscada mas eficaz. Apenas a faixa-título deste álbum foi executada, momento em que La Torre aproveitou para apresentar os companheiros de banda, em vez de utilizar a gravação original da narração feita por Tate.
Uma das maiores surpresas da apresentação foi a execução de “Screaming in Digital”, complexa composição do álbum “Rage for Order” (1986), considerado um dos precursores do metal progressivo. A hora de show foi encerrada com a épica “Eyes of a Stranger”, para delírio dos fãs de longa data, enquanto deixava uma expressão de curiosidade no resto do público que começava a lotar o Allianz Parque.

Qualidade técnica em alto nível
Entre os destaques da performance estava o guitarrista Michael Wilton, um dos fundadores que mantém a banda em alto nível técnico. Casey Grillo, apesar de não comprometer, ficou um pouco aquém nas partes originalmente executadas por Scott Rockenfield, enquanto La Torre demonstrou toda a confiança de quem já ocupa o posto há mais de dez anos.
O Queensrÿche de 2025 prova que pode existir vida após uma separação conturbada. Ao ignorar os hits mais suaves e focar no metal mais pesado e técnico de sua carreira, o grupo não apenas recuperou a credibilidade com seus fãs mais antigos, mas também demonstrou que segue como uma das mais relevantes bandas de metal progressivo da história.

Setlist: Queensrÿche no Monsters of Rock 2025
- Queen of the Reich
- Operation: Mindcrime
- Walk in the Shadows
- I Don’t Believe in Love
- Warning
- The Needle Lies
- The Mission
- Nightrider
- Take Hold of the Flame
- Empire
- Screaming in Digital
- Eyes of a Stranger
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