sábado, maio 24, 2025
VISITE NOSSA LOJA

Compartilhe:

Primeiro dia do Bangers Open Air 2025 reúne lendas do rock e novas apostas

Sob o céu nublado de um início de fevereiro atípico, o Bangers Open Air 2025 abriu suas portas em grande estilo, reafirmando seu posto como o maior festival de heavy metal da América Latina. O primeiro dia do evento foi marcado por uma variedade impressionante de estilos e emoções, indo do brilho nostálgico do hard rock oitentista à força emocional de ícones veteranos que continuam a carregar a tocha do gênero com dignidade e paixão.

Em meio a uma multidão eufórica, o festival deu seu pontapé inicial com o enérgico show do Kissin’ Dynamite, que trouxe pela primeira vez ao Brasil seu hard rock contagiante, centrado no álbum “Back With a Bang!” — uma estreia que mesclou vigor juvenil e reverência às raízes do estilo.

Na sequência, os palcos secundários ganharam vida com apresentações contrastantes e surpreendentes, como o Dogma, que mesmo enfrentando problemas técnicos no Hot Stage, mostrou ousadia ao combinar metal com tango, jazz e sensualidade teatral. Já o Ice Stage recebeu o clássico Armored Saint, que surpreendeu até os fãs mais experientes com seu heavy metal direto, energético e liderado pela performance carismática de John Bush.

Mas foi no início da noite que a emoção atingiu seu auge: Pretty Maids finalmente pisou em solo brasileiro após mais de 40 anos de carreira, protagonizando um show catártico onde o vocalista Ronnie Atkins transformou limitações físicas em pura entrega emocional.

E como se não bastasse, Doro incendiou o Ice Stage com sua energia inesgotável, antes de Glenn Hughes encerrar a noite com um set nostálgico e potente, focado na era Deep Purple – talvez uma despedida silenciosa, mas profundamente respeitosa, ao seu legado. Confira abaixo em cada detalhe!

Texto (Pretty Maids, Doro e Glenn Hughes) e Fotos por Bellan / Texto (Kissin’ Dynamite, Dogma e Armored Saint) e Vídeos por Renatão 


Kissin’ Dynamite estreia no Brasil com hard rock enérgico e hits do novo álbum

Parece que tornou-se uma tradição que o hard rock oitentista abra as portas do maior festival de metal da América Latina! Não foi diferente com o Bangers Open Air 2025, que teve seu pontapé inicial forte com o Kissin’ Dynamite. Originária da Alemanha, a banda já possui uma discografia relativamente extensa, mas comparece em terras brasileiras pela primeira vez com um show focado no seu trabalho mais atual, o disco “Back With a Bang!”, de 2024, que atingiu o topo das paradas alemãs no ano passado.

bangers-25-dia-1 kyssin dynamite
Kyssin’ Dynamite (Crédito: @brunobellan / @sucodm)

Como não poderia deixar de ser, o som atual inspirado no hard rock dos anos 80 levantou a galera, e o carisma do vocalista Hannes Braun, que nos lembrou um Steve do Stranger Things se ele estivesse no Motley Crue, contagiou a todos. A explosiva “Back With a Bang” introduziu a banda ao público brasileiro, e a partir daí eles exploraram um pouco sua discografia, com hits como “DNA”, “No One Dies a Virgin” (uma das minhas favoritas), e “I’ve Got the Fire”. Todas botaram a galera pra pular.

O destaque do show ficou mais pela metade, quando eles voltaram ao novo disco e nos mostraram os singles que o propulsionaram à estratosfera, com performances animadas de “My Monster” e “The Devil is a Woman”. Apelando um pouco ao emocional do pessoal, três letras mais introspectivas fecharam o show com chave de ouro, garantindo uma recepção acalorada do evento e uma esperança de que o Kissin’ Dynamite retorne ao país mais vezes.

Setlist: Kissin’ Dynamite no Bangers Open Air 2025

  1. Back With a Bang
  2. DNA
  3. No One Dies a Virgin
  4. I’ve Got the Fire
  5. My Monster
  6. The Devil is a Woman
  7. Not the End of the Road
  8. You’re Not Alone
  9. Raise Your Glass

Dogma leva mistério e ousadia ao Bangers com metal provocativo e cover de Madonna

Para abrir os trabalhos do Hot Stage, o Bangers Open Air apostou numa novidade bem recente. A gente já teve a oportunidade de ver um show do Dogma (ou, como eu gosto de chamar, a banda das “freiras safadas”), e quem quiser saber um pouco mais sobre a estética e ideia da banda, pode ler a minha impressão sobre o show AQUI. Fico feliz em informar que o show ainda mantém a pegada misteriosa, ainda que tenha sofrido um pouco com problemas técnicos no palco do Bangers.

bangers-25-dia-1 dogma
Dogma (Crédito: @brunobellan / @sucodm)

Na ocasião em que pude ver a banda em Limeira, elas tinham apenas um trabalho, o disco homônimo de 2023, e por isso o álbum foi executado na íntegra. Desta vez, algumas mudanças rolaram: desde então, o single mais novo, chamado “Banned”, foi executado, com uma pegada bem diferente, fazendo uma mistura de metal com tango com jazz com letras safadas. Logo na sequência, um cover heavy metal de “Like a Prayer” da Madonna, o que eu acho que coube PERFEITAMENTE com a proposta da banda.

O restante do show foi recheado dos hits que o primeiro álbum nos proporcionou, mas pude perceber, infelizmente, que o público do Bangers ainda não está familiarizado com o Dogma. Digo, percebi pois estava só eu lá no meio da galera cantando as letras de “My First Peak” e “Father I Have Sinned” em plenos pulmões, e o resto do povo me olhando com cara de estranhamento. Mas não faz mal, pois as próprias meninas do Dogma ainda fizeram sessões de autógrafo e apareceram no final do show do Glenn Hughes, entrando em evidência. Quem sabe a partir daqui a gente não vê a carreira delas decolando em festivais na Europa?

Setlist: Dogma no Bangers Open Air 2025

  1. Forbidden Zone
  2. My First Peak
  3. Made Her Mine
  4. Banned
  5. Like a Prayer (Madonna cover)
  6. Bare to the Bones
  7. Make Us Proud
  8. Pleasure From Pain
  9. Father I Have Sinned
  10. The Dark Messiah

Armored Saint surpreende com show enérgico e carisma de John Bus

A terceira banda a agraciar o Bangers Open Air, o Armored Saint, tem uma história curiosa. Apesar de ser uma banda menos conhecida, eles surgiram em Los Angeles mais ou menos na mesma época do New Wave of British Heavy Metal, aquele de onde vêm o Iron Maiden e o Saxon. O primeiro álbum da banda, March of the Saint, saiu em 1982, e eles atingiram seu sucesso lá na década de 80, mas acabaram fora do estrelato por um período no qual o seu vocalista deixou a banda. Como é o nome dele mesmo? Peraí… (Google um pouquinho)

bangers-25-dia-1 armored saint
Armored Saint (Crédito: @brunobellan / @sucodm)

Puxa vida, é isso mesmo! Esse cara é o John Bush, que substituiu o Joey Belladonna no Anthrax por meia discografia! E olha, vou te falar, eu gosto bastante dos álbuns do Anthrax com ele, e fiquei surpreso por não conhecer a “outra” banda dele antes! O Armored Saint me surpreendeu com seu heavy metal tradicional de responsa, sem firula, e não deixando nada a desejar aos grandes nomes do gênero.

O início do set, com a música “March of the Saint”, sofreu com um som um pouco anêmico, com a guitarra encoberta pelos outros instrumentos. No entanto, com mais algumas músicas, os técnicos de som ajeitaram tudo e pudemos ouvir a guitarra de Phil Sandoval claramente. O setlist transitou por toda a discografia da banda, com momentos de retorno às raízes dos anos 80, onde a banda tocava um “proto-power metal” visível em “Raising Fear” e “The Pillar”, e momentos onde exploraram o retorno à atividade após a saída de Bush do Anthrax, com destaque para as grudentas “Left Hook from Right Field” e “Win Hands Down”. John Bush, ao final do show, esbanjou carisma, colando com a galera no chão para cantar “Can U Deliver”, passando até mesmo por toda a pista do Lounge e colando no fosso da pista comum, pra delírio dos fãs. Espero contar com a presença dessa careca lustrosa no nosso país mais vezes!

Setlist: Armored Saint no Bangers Open Air 2025

  1. March of the Saint
  2. End of the Attention Span
  3. Raising Fear
  4. Long Before I Die
  5. The Pillar
  6. Last Train Home
  7. Left Hook from Right Field
  8. Standing on the Shoulders of Giants
  9. Win Hands Down
  10. Can U Deliver
  11. Reign of Fire

A estreia aguardada: Pretty Maids emociona público brasileiro em show histórico

Após mais de quatro décadas de espera, os dinamarqueses do Pretty Maids finalmente concretizaram o sonho dos fãs brasileiros com uma apresentação emocionante e carregada de significado no Bangers Open Air 2025. O vocalista Ronnie Atkins, que desde 2019 trava uma batalha contra um câncer de pulmão em estágio avançado (quatro), demonstrou admirável força e carisma, transformando limitações vocais em pura emoção durante clássicos como “Future World”, “Rodeo”, “Red, Hot and Heavy”, “I.N.V.U.” e a balada “Little Drops of Heaven”.

bangers-25-dia-1 pretty maids
Pretty Maids (Crédito: @brunobellan / @sucodm)

O momento mais emocionante da noite veio com a interpretação de “Please Don’t Leave Me”, cover originalmente composto por Phil Lynott e John Sykes (guitarrista do Whitesnake falecido em dezembro de 2024), que assumiu dimensões quase autobiográficas na voz rouca mas determinada de Atkins.

O repertório equilibrado, extraído de diferentes fases da carreira, foi recebido com entusiasmo pelo público que cantou cada verso como quem celebra não apenas uma banda, mas um reencontro longamente adiado. Para os fãs brasileiros – que conheceram a banda por caminhos diversos, seja pelo único vinil lançado oficialmente no país ou pelas participações de Atkins no projeto Avantasia (meu caso) – o show transcendeu a simples apresentação musical para tornar-se uma celebração da resiliência e do poder transformador do rock, deixando o desejo genuíno por um retorno em breve.

Setlist: Pretty Maids no Bangers Open Air 2025

  1. Mother of all lies
  2. Kingmaker
  3. Rodeo
  4. Back to back
  5. Red hot and heavy
  6. Pandemonium
  7. I.N.V.U
  8. Little drops of heaven
  9. Please dont leave me
  10. Future World
  11. Love games

Doro conquista o Bangers Open Air com energia contagiante e hinos eternos do metal

A rainha alemã do metal transformou o palco Ice Stage em seu reino particular na abertura do Bangers Open Air 2025, com uma apresentação que combinou energia inesgotável e nostalgia em doses perfeitas. Em sua quinta passagem pelo Brasil – apenas dois anos após abrir o Monsters of Rock no Allianz Parque e mais de 20 anos depois que a vi no Live ‘n Louder – Doro Pesch demonstrou por que segue sendo uma das personalidades mais queridas do heavy metal mundial, irradiando um carisma genuíno e uma alegria contagiante aos 60 anos de idade.

O show começou em alta voltagem oitentista com um bombardeio de clássicos do Warlock que estabeleceram instantaneamente a conexão com os fãs: “I Rule the Ruins”, “Earthshaker Rock”, “Burning the Witches” e “Hellbound” fizeram o público sair do estado de bem-intencionado para completamente rendido, com cabeças balançando e “guitarras imaginárias” surgindo por toda parte. Acompanhada por uma banda impecável formada por Bas Maas (guitarra e ex-After Forever que também vi no Live ‘n Louder), Nick Douglas (baixo), Danny Piselli (bateria) e o brasileiro Bill Hudson (guitarra), Doro não economizou na interação com o público, conversando em português durante toda a apresentação e demonstrando genuíno carinho pelos fãs brasileiros.

bangers-25-dia-1 bill hudson
Bill Hudson(Crédito: @brunobellan / @sucodm)

Um dos momentos mais emocionantes da noite veio com a interpretação da balada “Für Immer”, quando a cantora, enrolada na bandeira brasileira, conduziu os coros da plateia enquanto Hudson assumia os teclados para que Maas pudesse brilhar no solo de guitarra – uma pausa sensível no meio da intensa performance. Mesmo com o repertório repleto de clássicos dos anos 80, Doro mostrou que segue criativa ao apresentar duas faixas de seu álbum mais recente, “Conqueress – Forever Strong and Proud” (2023): “Time for Justice” e “Fire in the Sky”, esta última coescrita com Bill Hudson.

O público veio abaixo com “Breaking the Law” do Judas Priest, em uma versão que fez com UDO, que serviu como trampolim para o gran finale com “All We Are”, quando o Ice Stage explodiu em coros uníssonos de “All We Are / All We Are / We Are / We Are All / All We Need”.

Setlist: Doro no Bangers Open Airr 2025

  1. I rule the ruins
  2. Earthshaker rock
  3. Burning the Witches
  4. Hellbound
  5. Fight for rock
  6. Time for justice
  7. Raise your fist in the air
  8. Metal racer
  9. Fur Immer
  10. Fire in the sky
  11. Breaking the law
  12. All we are

A voz do rock em crepúsculo: Glenn Hughes encerra capítulo Purple no Bangers Open Air

No encerramento do primeiro dia do Bangers Open Air 2025, Glenn Hughes, aos 73 anos, ofereceu ao público paulistano um espetáculo que parecia marcar não apenas o fim de uma turnê, mas possivelmente o encerramento de um significativo capítulo em sua lendária carreira. Com o foco exclusivo no material gravado durante sua passagem pelo Deep Purple (1973-1976), “The Voice of Rock” demonstrou que sua potência vocal permanece extraordinária – um instrumento que desafia o tempo e a lógica biológica – porém a apresentação como um todo carregava uma aura de despedida e de certa contenção emocional que contrastava com suas eletrizantes passagens anteriores pelo Brasil.

bangers-25-dia-1 glenn hughes
Glenn Hughes (Crédito: @brunobellan / @sucodm)

Acompanhado por músicos tecnicamente impecáveis – Søren Andersen (EXCELENTE guitarrista), Bob Fridzema (teclados) e o impressionante e fumante Ash Sheehan (bateria) – Hughes navegou através dos clássicos dos álbuns “Burn”, “Stormbringer” e “Come Taste the Band” com homenagens ao show no California Jam, de 1974.

O próprio visual adotado pelo músico parecia simbolizar esta transição: abandonando as tradicionais roupas coloridas e psicodélicas por um figurino mais sóbrio em preto e cinza (tirando algumas cores em suas unhas), com os cabelos na altura dos ombros – uma imagem que contrastava diretamente com o telão exibindo sua juventude em cores vibrantes. Se esta foi realmente a última vez que o Brasil testemunhou Hughes interpretando exclusivamente o material do Deep Purple, ao menos foi uma despedida digna – como convém a uma lenda que sabe reconhecer o momento certo de virar a página.

Setlist: Glenn Hughes no Bangers Open Air 2025

  1. Stormbringer
  2. Might just take your life
  3. Sail Away
  4. You fool no one / Solo de guitarra / Blues / High ball shooter / You fool no one / Solo de bateria /
  5. You fool no one
  6. Mistreated
  7. Gettin Tighter
  8. You keep on moving
  9. Burn
BELLAN
BELLAN
O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.

Leia mais

PUBLICIDADE

Suco no YouTube

Em destaque