O mundo dos mangás esportivos geralmente giram em torno do futebol e basquete, dois esportes populares no Japão e com histórias de muito sucesso — como Super Campeões e Slam Dunk. No entanto, há espaço para outras modalidades e uma delas é o poker.
Quando o assunto é poker e mangá, não há referência maior do que Poker King. Lançado em 1986, foi criado por Miyazaki Masaru, desenhado por Ishigaki Yuuki e dividido em oito capítulos diferentes.
Poker King é um mangá com ares originais e criativos. Na década de 1980, o poker não tinha tanta popularidade como hoje e ainda era um esporte que estava se consolidando para além dos Estados Unidos. Mesmo assim, Masaru confiou em uma narrativa com esse esporte e atrelada com personagens carismáticos ele conseguiu criar um mangá bem atrativo.
Esse mangá tem Nikaidou Hiroshi como protagonista. Ele conta a história de Hiroshi e seus dois irmãos que são incentivados pelo pai a investir 100 milhões de yen cada. Quem conseguir administrar esse dinheiro melhor se tornará o sucessor do clã.
Com essa narrativa interessante e competitiva, a história é centrada em Hiroshi e ele decide investir o dinheiro financiado pelo pai nas mesas de poker. Para tal, o jovem japonês vai até Las Vegas, a capital mundial das cartas, para se tornar um rei das cartas.
Hiroshi é acompanhado pelo ancião da família na aventura nos Estados Unidos. Ao longo da trajetória, o jovem precisa aperfeiçoar as nuances do poker, aplicar as melhores estratégias e evoluir constantemente nas mesas para se tornar um verdadeiro campeão.
Como não pode faltar em um bom e tradicional mangá esportivo, a história de Poker King também apresenta vilões e personagens que se tornam um obstáculo na caminhada de Hiroshi.
Várias batalhas no poker são travadas no lado psicológico, com a possibilidade do blefe e a leitura dos adversários. Nesse ponto, Poker King consegue passar muito bem o realismo da tensão e estratégia de uma rodada equilibrada nas mesas.
Também é interessante perceber a narrativa do poker em Las Vegas, local onde é passado boa parte do mangá, pois a história retrata a importância que essa cidade tem para as cartas.
Uma rodada de poker, especialmente na fase final de algum torneio, é pautada por muita emoção e expectativa. Com uma ilustração em preto e branco e foco nas expressões dos personagens, o desenhista Yuuki fez um excelente trabalho em retratar toda tensão dos atletas nessa história.
É recomendado ter pelo menos uma noção básica do que acontece nas mesas para acompanhar o mangá, no entanto, é possível entender perfeitamente a trama principal sem ser um especialista em poker.
Esse mangá também tem um lado humorístico afiado e se baseia em muitas relações pessoais entre os personagens — principalmente nas interações entre Hiroshi e o ancião da família Nikaidou. Portanto, não é uma história focada exclusivamente em poker e o desenrolar dos capítulos capta muito bem o lado humano por trás da caminhada de Hiroshi.
O final não é imprevisível, mas Poker King não deixa de proporcionar doses relevantes de emoção e expectativa ao longo da história. Um enredo bem trabalhado, mas que não houve muita continuação após o seu lançamento original — talvez pelo fato de que o poker na década de 1980 ainda não era tão popular no extremo asiático.
Poker King não está entre os mangás mais conhecidos e Masaru, o autor da história, é mais famoso por outros trabalhos — como Doraemon. No entanto, é um mangá imperdível para quem gosta de poker ou para aqueles que querem conhecer o que torna essa modalidade tão especial para os seus milhões de praticantes ao redor do globo.